O governo Bolsonaro é a realização de todas as fantasias da direita sobre o PT executadas pela própria direita. Na corrupção, no patrimonialismo, autoritarismo, doutrinação e ideologização.
Nunca houve uma demonstração mais cabal do conceito freudiano de “projeção” que nas críticas da direita brasileira à esquerda. Ela está todo tempo criticando a si mesma quando crítica o PT.
O aparelhamento bolsonarista é o pior pesadelo da direita sobre o PT. O patrimonialismo é escancarado e admitiu até a queda do maior ídolo, Moro. A ideologização atingiu até a política de saúde na pandemia. O projeto autoritário de poder é explícito e passa pelo nepotismo.
Nunca houve tanta doutrinação. Basicamente, o bolsonarista é um mico amestrado pronto a repetir todos os memes que o líder produz. As críticas à incompetência justificada pela ideologia do PT encontram sua potência mil nos trapalhões bolsonaristas, especialmente o mandatário.
Como acontece na projeção, a vida do bolsonarista é o ricochete e a cara de pau.
O tratamento dado ao caso Queiroz, que é relativamente pequeno em termos quantitativos, mostra o que o governo fará com a questão de corrupção. Destrói todas as instâncias de controle, demite os investigadores, censura à imprensa e convence o gado que nada está acontecendo.
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A ideia de compor uma grande frente para enfrentar o bolsonarismo na eleição da Câmara era uma simples decisão tática. Diante do fascismo explícito, seria preciso neutralizar com todas as armas possíveis. A mais efetiva seria juntando todo mundo que fosse possível.
A decisão do PSOL de lançar Erundina nunca foi realmente relevante (nem comentei, que eu lembre), pelo tamanho do partido. Foi apenas relevante para definir que papel o partido quer cumprir: marcar posição ou fazer parte de decisões negociadas efetivas?
Alguém pode dizer: mas a esquerda teria ficado em segundo lugar (o que duvido por traições, rixas etc). Beleza. Mas nunca poderia ter vencido. A única chance de vencer era compor uma frente parlamentar com um acordo em torno a pontos mínimos contra os interesses do Planalto.
Acho muito louco que fazemos dezenas de horas de discussão com nossos pares, mas na hora de publicar paper é só referência grande, muito geral e EUA/Europa. Como se as ideias tivessem mesmo vindo todas de lá.
Me incluo nessa, embora em comparação com muitos amigos acho que faço um esforço bem maior pra documentar nossos debates. Tem algumas coisas que fico bem chocado de ver, é um apagamento total do processo de construção do material.
Chego a duvidar se vale a pena mesmo debater.
Não sou nada purista com nada, inclusive com ficar marcando quem é citado e tal. Mas é bizarro isso que fazemos com nós mesmos. Pessoa participa de n GTs e afins e só consegue citer gente de fora e os autores principais, sem referir ninguém q ajudou a construir.