Hoje teremos um fio comemorativo, não vamos explicar uma facção da machosfera
Vamos analisar um mito fundante da "filosofia red pill" dessa machosfera para você, que vai ter que entrar numa reunião de zoom com um primo estranho que usa linguagem incel, rir disso
Alfas x Betas
Se você frequenta um pouco a internet, certamente já viu alguém usando as categorias "alfas" e "betas" para se referir a homens, ou o termo "betar" para designar um comportamento masculino, principalmente um comportamento masculino em relação a mulheres
A ideia de homens alfas (mais fortes, viris e com mais sucesso na vida amorosa) e homens betas (submissos, mais fracos e com menos sucesso na vida amorosa) é recorrente em todas as facções da machosfera. Alguns acreditam q é genético, outros comportamental, mas todos acreditam
Já se perguntou da onde vem isso?
Bom, não vem de nenhum estudo sobre comportamento humano da psicologia, ou de relações sociais da sociologia, nem é fruto de uma análise histórica.
É baseado em um livro sobre comportamento de lobos
O livro, da década de 70, "The Wolf: Ecology and Behavior of an Endangered Species" foi escrito pelo biólogo David Mech e discute o comportamento de lobos em matilhas, observando a existência de machos dominantes.
Mas existe uma questão quanto a metodologia desse livro
O livro foi baseado em lobos em cativeiro, não lobos livres, o que alterou seu comportamento.
Segundo o próprio Mech, o conceito de Alpha é errado porque foram analisados lobos em cativeiro. A posição hierárquica dentro de uma matilha de lobos livres é geralmente estabelecida por questões reprodutivas, não são alfas da matilha, mas sim os pais da matilha.
Estudos clássicos sobre divisão sexual do trabalho, como "Sexo e Temperamento" de 1935 escrito pela antropóloga Margaret Mead, já colocava em questão os conceitos tradicionais de papeis "masculinos" e "femininos" que essa teoria alfa x beta reforça
Mas isso só demonstra o carácter raso e extremamente biologizante dessa teoria alfaxbeta. Porém, a questão, para eles, não é se de fato existe uma hierarquia social, se fosse o caso o estudo de lobos seria descartado, mas sim estabelecer o lugar da mulher na base dessa hierarquia
Então é a hora de falar da célula do KKK brasileira, aquela que apareceu colocando propagandas em Niterói em 2015
O primeiro indício de células da KKK no Brasil nos anos 2000 ocorreu em 2003, quando o dono do site “Imperial Klans do Brasil” foi detido. O site foi fechado e grande quantidade de material supremacista branco foi apreendido na casa do dono do site.
Ele alegava representar o Klan no Brasil, junto com outras três pessoas. Além disso, também contava com membros e apoiadores em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/f…
Bora falar então dos seguidores de Evola contemporâneos e acabar com essa bad trip que é o Tradicionalismo
Os evolitas brasileiros contemporâneos pesquisados geralmente se aproximaram do pensamento do autor a partir de interesses no que chamam de “ocultismo”, com interesses que variam entre budismo, hinduísmo, maçonaria e outros “conhecimento milenares”, como chamam.
Eles compartilham da ideia do autor de que a “nossa era é uma era de decadência” e os pontos positivos de Evola, para eles, seria a retomada positiva de uma ortodoxia do budismo.
Então vamos continuar falando sobre o Evola e seu pensamento. Vamos explorar a questão dos yugas e das castas do pensamento antiliberal, anticomunista e fascista do autor italiano
Evola advoga pela existência de um "mundo metafísico superior", isso junto com uma grande valorização de hierarquias e cultura hindu, levou Evola a apoiar sistemas de castas. Inclusive uma concepção do tempo como dividida em castas, ou Yugas
O primeiro Yuga é a Era de Ouro, Satya Yuga, governada pela "casta superior" de sacerdotes. A partir da “degenerações”, como chama Evola, a Era de Ouro dá lugar a outras Yugas.
Então hoje vamos falar de um dos principais autores que a galera próxima do tradicionalismo gosta de ler: Julius Evola
Evola já apareceu aqui outras vezes, ele é bastante lido por diversos grupos de extrema direita, de integralistas a neonazistas revisionistas.
Julius Evola foi um autor e filósofo esotérico italiano do século XX, grande admirador de Mussolini e, ao mesmo tempo, crítico do regime fascista por este “não ser de direita o suficiente”
Bora falar então dos três porquinhos do Tradicionalismo: Bannon, Dugin e Olavo de Carvalho.
Vamos ver da onde surgiu as ideias desse guru do Bolsonaro e seus colegas
Bannon, ex-estrategista de campanha de Donald Trump, concedeu entrevistas a Teitelbaum. Nelas, ao abordar o Tradicionalismo, Bannon contou como descobriu o Tradicionalismo numa viagem para o Oriente e demonstrou bastante conhecimento sobre pensamentos de Guénon e Evola.
Apesar de não podermos chamar Bannon de tradicionalista, pelas ideias conflitantes entre Tradicionalismo e políticas populistas de extrema direita, é notório que essas ideias influenciaram o estrategista