A História a seguir é absolutamente real e como me mudei de lá, a maioria dos nomes são originais.

O BANANAL - HISTÓRIA COMPLETA.

Celinha Boca Moleera uma das moradoras mais queridas da Rua Barbosa Rodrigues, a Rua do meio do esquecido bairro de Engenheiro Leal.
Morava a umas cinco casas depois da minha, quase em frente ao casarão da família da Angela Bismark (sim, moravam lá, Angela e seus trocentos irmãos que rendem uma outra história pitoresca. Oremos).
Celinha boca mole tinha esse apelido porque no final dos anos 80, deu de cara com a porta de vidro de uma loja que achou que estivesse aberta, perdeu os dentes da frente e, por conta de lábios imensos, que ficaram inchados por dias, ficou com a boca bem peculiar e com a mobilidade tremilicante das gelatinas royal.
Era tão querida que fizemos um mutirão na rua e reorganizamos seu sorriso com um implante dentário. No final dos anos 80 ainda não havia as modernidades odontológicas de hoje e Celinha ganhou 6 dentes novos que pareciam seis lápides brancas colocadas lado a lado. Ela sorria e parecia o cemitério dos soldados desconhecidos.
A boca ja nao era tão mole. O apelido permanecera.

Celinha era linda e toda sensual , mas tambem era, inexplicavelmente, uma solteirona convicta. Trabalhava como professora do CIEP da vizinhança e como explicadora à noite. Também organizava grandes festas na rua durante o ano pra angariar fundos e donativos para o maior evento de todos que era o Natal, de Cavalcanti, época em que ela beneficiava alguns orfanatos e distribuía presentes pras crianças das áreas próximas. Não tinha tempo para os idílios conjugais dos mundanos. Era quase casta.
Celinha era muito amada por todos nós, seus vizinhos. Isso não pode ser esquecido.
Celinha tinha um irmão gay, o Sandro, que estava morando na Suiça trabalhando com comércio (do próprio corpo) e sendo muito bem sucedido.
Celinha era amada por todos, mas principalmente pelas bichaa da rua. Guarde essa informação.

Lá pelo fim de 1993 Celinha finalmente nos apresentou um namorado e todos ficamos de queixo caído.

Continua...

(ou não) O tal namorado, se não fosse tão antipático, seria até bonito. Bem bonito. Bonito para cacete. Todo parrudo. Cara de quem come a geladeira toda e não engorda, sabe?Conhecemos o moço na grande festa de natal de 1993 e, já nesse dia ele resolveu fazer, entre dentes, uma piada homofobica pra Kakaí, nossa bicha boneca de Cosme e Damião (era cabeçudo e meio duro que nem aquelas bonecas que distribuiam no dia dos santos, daí o apelido. Mas sempre foi belíssimo. Kakaí era um gatinho disputado quando servia o exército e um belo dia resolveu mudar e virou nossa musa maior). O clima meio que esquentou com a piadinha escrota, mas alguém apaziguador falou:

- "Vamos esquecer isso, o cara bebeu e ta cansado ( Edson - era o nome da peça - trabalhava em algo que lhe exigia turnos de embarcado um mês e dez dias em casa). Relevem."

Relevamos, mas atentos.
O ano de 1994 começou e as beex@$ rainhas da rua se organizavam pra desfilar com pompa e circunstância no bucólico ARRASTÃO DE CASCADURA. Um desses ensaios de rua coincidiu com uma folga de Edson. Celinha vendia cerveja nos ensaios, grana extra. Celinha era pau pra toda obda. As gueix tinham conta com ela, compravam no pendura e depois pagavam certinho. Freguesas de anos. Edson olhou o movimento do consumo e percebeu que não estava rolando grana ao vivo e soltou um: NÃO TRABALHO NO ZOOLÓGICO PRA SUSTENTAR VE@DO (infelizmente não estava presente e tudo isso nos foi contado por PRETA, outra vizinha nossa e porta voz de todas as fofocas das adjacências).

Contenda!

KAKAÍ, MARCELLE RAVACHE, XUXA PRETA, RONDINELLY - cabelereiro da Sidónio Paes e Sandro ( o Cunhado que voltara da Europa pra passar o Carnaval e agora se chamava Lucienne Etoille ) ouviram, congelaram com a grosseria, mas evitaram um confronto por amor a Celinha, que estava prestes a sumir dentro de si e só teve forças pra um: "Não fala assim Edson". Edson fez cara de nojo.
Começava oficialmente o concílio das Bees Bruxas e Edson, a partir daquele dia, só seria chamado, por todos da rua (sem ele saber, lógico) de torresmo de Urubu. Não lembro mais o "porquê" do apelido, mas quis citá-lo.

Uma relação de odio se iniciava. Mas ninguem imaginava o que viria a acontecer nos meses seguintes.

Mas agora eu tenho uma dica MACUMBÍSTICA muito simples e muito poderosa. Uma dica que envolve o dia de amanhã que é dia de São Sebastião que aqui no Rio de Janeiro é concretizado com Oxossi.
Querem saber? Então!
Essa macumba é maravilhosa porque envolve troca de energia imediata.
Oxossi é o Senhor que coloca o alimento na mesa. É o Orixá da fartura, do Prover, da Tenacidade, da Paciência estratégica e da Generosidade e abundância.
O que você pode fazer para ativar esse Axé?

Existem milhares de banhos de ervas e especiarias, mas algumas pessoas não podem colocar certas folhas ou especiarias em seu corpo. Esse banho que vou recomendar é universal. Banho que rezadeira passa. Minha vovó era rezadeira.
Abre Caminho
Vence Demanda
Desata Nó
Elevante Você pode ferver um panelão de água e deixar as ervas em infusão. Depois joga os bagaços no lixo e toma o banho (eu tomo incluindo a cabeça), mas eu prefiro macerar as ervas na água fria. Esfrego bem na água, o sumo se mistura e você toma aquele banho que parece o coração da mata

A virada do ano será com lua minguante.
Então vamos fazer as coisas com cuidado.
Mas não vale desespera porque banho você pode fazer em qualquer lua.
São alguns banhos.
O primeiro é de sal grosso. Mas observa: SAL GROSSo LIMPA TUDO. É preciso que se tome alguns cuidados. Antes de preparar seu banho de sal grosso já deixe seu banho doce preparado. Tem que tomar um e tomar o outro logo em seguida.
Como é o banho doce?
Enche um balde de água e coloca um punhadinho de açúcar. Pode virar uma garrafa pequena de guaraná normal também.

Com a diáspora alguns orixás cujos cultos chegaram ao Brasil passaram por ressignificações. Iemanjá em África é uma deusa de águas doces, mais especificamente do Rio Ogum na Nigeria.
Aqui no Brasil (e em alguns poucos outros lugares) ela virou deusa do mar, Rainha do Mar. Cujos cultos cujos cultos cujos cultos cujos cultos cujos cultos cujos cultos cujos cultos cujos cultos cujos cultos
Hahahahahaa

Que coisa engraçada

Hahahahahahha
Enfim, foco

Cujos cultos ahahahaa

Voltando

Vamos organizar os pedidos pra Iansã/Oyá?
Iansã está associada aos fenômenos naturais meteorológicos: vento, tempestade, furacão...
Aí associam a grande Yabá a pessoas descontroladas, de personalidades fortes e às vezes até desagradáveis.
Mas Iansã é justamente o contrário. Ela domina essas forças, não está submetida a elas. Ela é a mão que segura as rédeas do poder da natureza.
Iansã é um guerreira poderosa e tudo que um guerreiro não pode ser é descontrolado.
Para essa Mãe peça força e espírito combativo.

Essas princesas Disney são muito sobrecarregadas, né? Que vida! Tudo é uma crise, um revertério, uns encostos cantores... Que desassossego, meu Deus.
Tá a outra na Globo brigando com iceberg, mas ela que faz os icebergs... E tem medo que não pode confiar e Tem intuição...Coitada. E a rede de apoio é toda disfuncional. É boneco de neve bom fogo no rabo, é cunhado querendo casar com a irmã no meio do caos, é rena com TDAH...
SOCORRO.
A melhorzinha é a irmã, mas está exausta também com tanto narcisista.

Lembram da história da minha tia que fazia bico de demônio? Então. Essa profissão tem um nome: caidor. O caidor tanto pode se fazer de endemoniado quanto dizer que está curado de alguma enfermidade. Também pode dar depoimentos de que a vida ficou próspera e etc. Mas o mais bem pago é o que faz demônio. Quanto melhor o demônio melhor o cachê. Quanto mais comum for a pessoa e quando mais ela ficar diferente mudando um cabelo e roupa, melhor.

Minha tia fazia bico de demônio. Nos anos 70 e 80. Rodava pelas igrejas fingindo que incorporava diversos tipos de seres em troca de um dinheirinho pra comprar pizza e cigarro. Tinha toda uma logística porque a cara dela não podia ficar marcada. D Uma vez o "agente" dela disse que estavam precisando de um Pombagira bem debochada em uma igreja na Abolição. Minha tia estava durinha e aceitou. Nesse dia ela estava tomando conta de mim para meus pais trabalharem. Eu tinha uns sete anos

Sempre tem um discurso equivocado. Até de não saber das realidades das ruas fui acusado. Ah gente! Tô desempregado há quatro anos, ganho um dinheiro vendendo livros pras pessoas que maravilhosas que me apoiam. Eu sei que tem gente quase santa aqui no Brasil.
Mas... ...mas também sei que fui ameaçado de morte, que me disseram que eu ia chorar de medo de passar fome num governo sem mamata (trabalho desde os quatorze anos), que toda pauta identiitária é submetida a deboche, achincalhe... E esses ataques vem das altas, médias e baixas esferas.

O Brasil é um país de gente engraçada. O Brasil não é um país de gente boa. Temos pessoas boníssimas aqui? Temos. Muitas.Mas nosso povo não pode ser chamado de bom. Há várias causas pra isso? Milhares. Mas o fato é: Não somos um povo "boa gente". Chega de Romantizar o brasileiro Falo isso sem o menor ressentimento eleitoral é ciente dos milhões de brasileiros maravilhosos que existem. Mas não somos um povo legal. E é essa informação impregnada no inconsciente coletivo que nos faz ficar indignados com nossa realidade.

Uma vez também fui a uma missa e o Padre disse que decidiu ser padre depois que um sino caiu em cima da mãe dele e deixou ela surda. Gente. Eu saí de mim. Ele falou com uma voz cadavérica. Todo mundo emocionado. Eu ri e antes de gargalhar tive tipo um espasmo e meio que lati. Nessa missa tinha uma tia minha que tava meio surda por causa de um acúmulo de cera de ouvido e ficava repetindo as coisas: "Caiu um sino? Um sino mesmo? Ele disse que caiu um sino? Cruz credo." E minha mãe, irmã dela, ficava: "Cala a boca Aída. Sossega." Precisei sair da igreja