bea almeida 🦀 Profile picture
oie (: sou prof de biologia, especialista em biologia marinha e mestranda em ciências ambientais 🌊 | 📩 contato.ohcrab@gmail.com

Oct 2, 2020, 12 tweets

Em parceria com o Laboratório de Biologia de Crustáceos - UFPE e o Laboratório de Carcinologia da UFRGS, venho apresentar o camarãozinho que está muito famoso na internet devido a homenagem ao Chico Science: 𝘊𝘩𝘪𝘤𝘰𝘴𝘤𝘪𝘦𝘯𝘤𝘦𝘢 𝘱𝘦𝘳𝘯𝘢𝘮𝘣𝘶𝘤𝘦𝘯𝘤𝘪𝘴.

Segue o fio 👇

Este trabalho faz parte do projeto de pós-doutorado do Dr. Gabriel Bochini (UFPE) sob supervisão do Prof. Alexandre Almeida (UFPE), o objetivo foi fazer um levantamento das espécies de camarões em Pernambuco entre 2017 e 2019.

Foram feitas amostragens em 2 áreas, uma delas impactada pela presença do porto de Suape e uma área de preservação ambiental, a Praia de Carneiros. Foram utilizados substratos artificiais que ficavam submersos por 3 meses, estes eram colocados e retirados com mergulho autônomo.

Durante a coleta, o novo camarão chamou atenção por conta do seu padrão de coloração, e após a análise de sua morfologia no laboratório ficou claro que se tratava de algo diferente dos demais gêneros de camarões da infraordem Stenopodidea já conhecidos na literatura.

A Dra. Andressa Cunha (UFPE), na época doutoranda, participou das coletas e ajudou neste processo de descoberta, colaborando na análise dos espécimes, descrição morfológica e ilustrações.

Surgiu então o questionamento sobre o posicionamento filogenético deste novo gênero em relação aos demais representantes da infraordem, e então a Profa. Mariana Terossi (UFRGS), que trabalha com dados moleculares no estudo da taxonomia, foi convidada a fazer parte desta equipe.

Com o uso dos dados moleculares foi possível confirmar que se tratava de um gênero novo por meio de comparação com dados já disponíveis das espécies ao redor do mundo, além de permitir a discussão sobre o posicionamento filogenético do novo gênero

Chicosciencea foi incluído na família Macromaxillocarididae, cuja ressurreição foi proposta neste estudo a partir de dados morfológicos, moleculares e ecológicos. Os gêneros que incluímos nesta família são de águas rasas, sendo que outros gêneros podem ocorrer em águas profundas.

A alusão a Chico Science para o nome do gênero foi sugerida por um dos autores (Alexandre) como homenagem a uma importante figura da cultura pernambucana, e o nome foi aceito instantaneamente por todos. O nome específico se refere à localidade-tipo (Pernambuco).

A espécie é rara (nos três anos foram amostrados apenas 7 indivíduos), assim como muitos Stenopodidea, e sua localidade-tipo foi bastante afetada pelo derramamento de petróleo que ocorreu na costa brasileira em 2019.

Esse é um trabalho importante, não só pela descoberta de um novo gênero e espécie para o Brasil, mas por contribuir com conhecimento da fauna marinha, constantemente ameaçada por impactos ambientais.

Além disso, com essa descoberta a espécie pode receber a devida atenção e proteção por parte dos órgãos ambientais, contribuindo para a conservação da mesma. Também é fornecido um checklist com as 92 espécies válidas da infraordem. Esta pesquisa foi financiada pelo CNPq e FACEPE.

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