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🇧🇷🇧🇴 plurinacional • jornalista andina, boliviana y potiguar • conteúdo sobre migrações e folklore y culturas andinas! # @quipuspodcast •

May 7, 2021, 11 tweets

Nem porquinho nem veio da Índia! Conhecido no Brasil como “porquinho da Índia”, e como “cuy” em países andinos, na verdade esse bichinho é um roedor originário da América do sul!

Tudo indica que o "cuy" foi domesticado há mais de 6.000 anos nos Andes, pelos povos originários.

O nome "porquinho da Índia" tem uma possível explicação: No final do séc XV, navegantes europeus procuravam novas rotas marítimas para chegar ao mercado de especiarias da Índia.

Ao desembarcarem na América do Sul, pensaram estar na Índia. E assim, o nome dos roedores se originou

A primeira evidência do uso humano desses roedores data de cerca de 9000 anos atrás por comunidades andinas e serviam de alimento, mas foram domesticados já em 5.000 AEC, nos andes equatorianos-colombianos, devido à diversos achados arqueológicos na área em contextos culturais.

Por volta de 2500 AEC, em sítios como Kotosh e Chavín de Huantar, ossadas de cuyes foram associados a contextos rituais.

Efígies foram feitas, particularmente, pela cultura Moche por volta de 500-1000 EC, e restos mumificados foram recuperados em sítios da civilização Nazca.

Uma recente e rara descoberta em Tambo Viejo, no Peru, revelou 100 porquinhos-da-índia sacrificados ritualmente no império Inca no séc 16, e que foram decorados com brincos e colares feitos de barbante colorido, alguns também estavam embrulhados em pequenas cobertas de algodão.

De 1200 até a colonização espanhola em 1532, a reprodução seletiva resultou em muitas variedades domésticas, que formam a base para as raças modernas.

Comerciantes europeus os levaram para o continente, onde rapidamente se tornaram populares como animais de estimação exóticos.

Ao chegarem à Espanha, os porquinhos-da-índia tornaram-se moda, vindo a espalhar-se por toda a Europa como animais de estimação.

Na Europa, esses pequenos roedores passaram a ter fama entre a classe nobre, chegando, inclusive, a ser adotado pela Rainha Elisabete I da Inglaterra

Eles também desempenham até hoje um papel em rituais de cura e divinação por curanderos andinos, que usam os animais para diagnosticar enfermidades.

Os cuyes são esfregados contra o corpo dos pacientes e, por vezes, suas entranhas eram também examinadas para determinar a cura.

Uma curiosidade: Na cidade peruana de Huacho, existe um concurso anual de cuys, onde os criadores desfilam seus animaizinhos enfeitados para disputar quem é o mais rápido, o maior, o mais bonito.

Existe até uma versão peruana do quadro "Ultima Ceia" do Leonardo da Vinci, feita por Marcos Zapata, em que é possível ver um cuy no centro da mesa!

Sequencia feita com a ajuda do @arqueoespirito. Perfil de divulgação de arqueologia, antropologia e etnobotânica em geral, com foco nas Américas Pré-Colombianas. Cuydate!

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