Genealogia dos Panelaços, o “frigideira-power”:
Os primeiros “cacerolazos” (“panelaços” em espanhol, derivado de “cacerola”, que significa “panela”) surgiram no Chile para protestar contra o presidente socialista Salvador Allende em 1971.
No entanto, em 1982, 1983, 1986 e 1989 os panelaços chilenos foram direcionados contra o ditador de extrema direita, o general Augusto Pinochet, demonstrando que os panelaços não possuem exclusividade ideológica...
...e que podem ser uma modalidade de protesto por parte de críticos da esquerda, direita ou centro.
E, não, ao contrário de alguns delirantes, não existem panelaços "a favor"...os panelaços sempre são contra.
Em 1996 a modalidade dos panelaços atravessou a Cordilheira dos Andes, sendo adotada pelos argentinos.
Naquele ano, em Buenos Aires e as principais cidades da Argentina vastos setores das população recorreram a panelaços para protestar contra a política neoliberal do peronista presidente Carlos Menem.
Em 2001 e 2002 essa modalidade de protesto teve seu apogeu de forma quase diária contra o presidente Fernando De La Rua, da União Cívica Radical, e os peronistas Adolfo Rodríguez Sáa e Eduardo Duhalde.
Na época, na imprensa internacional, a imagem de ruas e avenidas entupidas de pessoas batendo panelas associou o “panelaço” à Argentina.
Em 2008, 2009, 2010 e 2013 houve panelaços contra o governo da peronista presidente Cristina Kirchner. O último panelaço significativo, de 2013, reuniu 700 mil pessoas em Buenos Aires.
A cidade (o distrito federal) tinha 2,7 milhões naquele ano. Isto é, 25% da cidade bateu panelas. Na capital argentina, se um panelaço não atinge a faixa de 20% da população, não é levado em conta como relevante.
Um panelaço é uma modalidade de protesto que consiste em bater utensílios de cozinha metálicos para gerar um barulho que pretende ser interpretado como o som da ‘irritação popular’”.
No entanto, o mundo do panelaço no Cone Sul é flexível: não é condição sine qua non o uso das panelas e frigideiras:
nos últimos panelaços portenhos foi utilizada de forma intensa a garrafa de plástico, que produz um som seco também adequado para expressar irritação.
Os “panelaceiros” heterodoxos portenhos argumentam que a vantagem das garrafas é que não estraga as panelas de casa, além de serem mais leves.
Na contra-mão, os “panelaceiros” ortodoxos sustentam que nada substitui a sonoridade metálica das frigideiras e panelas.
Historiadores franceses argumentam que os primeiros “casserolades” (panelaços) surgiram em Paris em 1830 para protestar contra o rei Louis-Phillipe.
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