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Jul 20, 2021, 136 tweets

A abertura das Olimpíadas acontece só na sexta mas, por questões de calendário e formato de disputa, os primeiros esportes já começam a ser disputados amanhã mesmo. Nos próximos dias, vamos trazer, neste fio, algumas histórias dos latino-americanos nos jogos. #Tokyo2020

Vamos começar pelo quadro de medalhas latino-americano em todos os tempos?

Top-5 é este, encabeçado por Cuba

1º 🇨🇺 - 78🥇 68🥈 80🥉 (226 total)
2º 🇧🇷 - 30🥇 36🥈 63🥉 (129 total)
3º 🇦🇷 - 21🥇 25🥈 28🥉 (74 total)
4º 🇲🇽 - 13🥇 24🥈 32🥉 (69 total)
5º 🇨🇴 - 5🥇 9🥈 15🥉 (29 total)

6º 🇻🇪 - 3🥇 4🥈 10🥉 (17 total)
7º 🇩🇴 - 3🥇 2🥈 2🥉 (7 total)
8º 🇨🇱 - 2🥇 7🥈 4🥉 (13 total)
9º 🇺🇾 - 2🥇 2🥈 6🥉 (10 total)
10º 🇵🇪 - 1🥇 3🥈 0🥉 (4 total)
11º 🇵🇷 - 1🥇 2🥈 6🥉 (9 total)
12º 🇨🇷 - 1🥇 1🥈 2🥉 (4 total)
13º 🇪🇨 - 1🥇 1🥈 0🥉 (2 total)
14º 🇵🇦 - 1🥇 0🥈 2🥉 (3 total)

15º 🇭🇹 - 0🥇 1🥈 1🥉 (2 total)
16º 🇬🇹 - 0🥇 1🥈 0🥉 (1 total)
16º 🇵🇾 - 0🥇 1🥈 0🥉 (1 total)

Sem medalhas: 🇧🇴 🇸🇻 🇭🇳 🇳🇮

Deixemos o Brasil um pouco de lado, como já fazemos na newsletter, para mergulhar um pouco mais a fundo nos outros 19 países + Porto Rico (que não é país, mas nas Olimpíadas compete por conta própria). Vamos em ordem alfabética, como de costume.

🇦🇷 ARGENTINA

O país foi uma das primeiras grandes potências latino-americanas nos Jogos: se a Argentina tem hoje 21 ouros na história, vale ter em mente que nada menos que 13 deles vieram até as Olimpíadas de 1952. Após isso, aliás, seriam 52 anos sem voltar ao topo do pódio...

🇦🇷 ... em 2004, por fim, a Argentina voltou a ganhar um ouro. Não só um, dois: por força dos esportes coletivos, a longa espera foi rompida com conquistas no futebol e no basquete.

🇦🇷 A conquista do basquete em 2004, aliás, é uma das vitórias mais famosas de qualquer esporte no século, derrotando os EUA nas semifinais. Desde 1992, quando profissionais da NBA passaram a jogar, foi a única vez que os EUA não ganharam ouro no basquete.

🇦🇷 Apesar do longo vazio de ouros entre 1952 e 2004, a Argentina voltou a se acostumar a subir ao topo do pódio olímpico: sempre teve pelo menos um ouro em cada edição dos Jogos de 2004 para cá. Em 2016, foram três: no judô (Paula Pareto, foto), na vela e no hóquei sobre a grama.

🇦🇷 Na história, porém, a modalidade que mais laureou argentinos nas Olimpíadas é o boxe, responsável por 24 das 74 medalhas que o país tem até hoje. Boxeadores argentinos, porém, não sobem ao pódio desde o bronze de Pablo Chacón em 1996.

🇦🇷 Em "2020" (os Jogos mantiveram o ano na marca embora já estejamos mais perto de 2022 do que de 2020), a Argentina manda a Tóquio 174 atletas que competirão em 26 modalidades, incluindo os sempre poderosos times de basquete e futebol masculino.

🇧🇴 BOLÍVIA

Se a Argentina tem medalhas e atletas aos montes, o mesmo não se aplica aos vizinhos andinos. A Bolívia é o único país da América do Sul (e um dos quatro latino-americanos, ao lado de El Salvador, Honduras e Nicarágua) que nunca conquistou qualquer medalha.

🇧🇴 Em geral, as delegações bolivianas são diminutas, e alguns atletas entram nas Olimpíadas através de convites, sem nem mesmo fazer o índice necessário de classificação. O recorde de competidores bolivianos foi em Barcelona/92, quando o país contou com 13 representantes.

🇧🇴 Em #Tokyo2020, a Bolívia manda 5 (cabe num tuíte):

Atletismo:
Bruno Rojas nos 100 metros rasos (M)
Angela Castro na marcha atlética de 20 km (F)

Natação:
Gabriel Castillo nos 100 metros costas (M)
Karen Torrez nos 50 metros livres (F)

Tênis:
Hugo Dellien no simples (M)

🇨🇱 CHILE

Aqui estamos diante daquela que garante ser a nação latino-americana (e, de fato, ibero-americana) com a história olímpica mais antiga de todas: embora não haja registro oficial da organização dos Jogos, o Chile é o único que teria contado com representante em 1896.

(a foto acima, no caso, é de 1912)

🇨🇱 O chileno primordial, de acordo com o Comitê Olímpico do país, seria Luis Subercaseaux (na foto, já mais velho, à esquerda), que teria competido nas provas de 100, 400 e 800 metros do atletismo. Os registros contemporâneos daquelas Olimpíadas infelizmente não o citam.

🇨🇱 De Subercaseaux (que não subiu ao pódio) para cá, o Chile conseguiu somar 13 medalhas ao longo dos tempos. Quase um terço (4) delas veio no tênis, que também é o esporte responsável pelos seus dois únicos ouros.

🇨🇱 Todos os ouros do Chile vieram no tênis, todos eles aconteceram em Atenas/2004 e todos eles envolveram Nicolás Massú, que naquele ano foi campeão individual e em dupla com Fernando González.

🇨🇱 Fernando González, que além do ouro compartilhado com Massú nas duplas também foi bronze no simples em 2004, voltou ao pódio quatro anos mais tarde, desta vez sendo prata individual.

E esta, também, foi a última medalha olímpica do país até agora.

🇨🇱 O Chile levará ao Japão 58 atletas em 24 modalidades, incluindo uma participação em esporte coletivo (o futebol feminino).

🇨🇴 COLÔMBIA

Continuamos pelo alfabeto e nos deparamos com um dos países da América Latina que mais vêm incrementando sua história olímpica em tempos recentes. Nada menos que 17 das 29 medalhas (e 4 dos 5 ouros) colombianos aconteceram nas últimas duas edições dos Jogos.

🇨🇴 Mesmo o primeiro dos ouros é relativamente recente: veio apenas em Syndey/2000, por meio da levantadora de peso María Isabel urrutia. Ouro era algo tão fora do horizonte dos possíveis para a Colômbia que os narradores ficam chocados e extasiados.

🇨🇴 Por sinal, o levantamento de peso é um carro-chefe do sucesso olímpico colombiano: 8 das 29 medalhas do país até hoje vieram por aí. Em #Tokyo2020, um dos representantes na modalidade já tem até medalha no currículo: Luis Javier Mosquera, bronze no Rio/2016.

🇨🇴 Outro esporte em que a Colômbia tem demonstrado força é o ciclismo. E o país conta com a atual bicampeã olímpica do BMX feminino, que está de volta para defender os ouros de 2012 e 2016 nos Jogos: Mariana Pajón, também a primeira colombiana com dois ouros na história.

🇨🇴 Ao todo, são 71 representantes da Colômbia em #Tokyo2020, disputando 18 modalidades. Nos tradicionais esportes coletivos, o país estará representado no futebol masculino e feminino e no rugby feminino.

Amanhã seguimos, neste mesmo fio.

🇨🇷 COSTA RICA

Não são lá muitas medalhas, é bem verdade, mas a Costa Rica (que estreou nos jogos em Berlim/1936, mas só participa continuamente, mesmo, desde Tóquio/1964) ainda é a nação centro-americana mais laureada da história dos jogos: 4 medalhas, sendo 1 de ouro.

🇨🇷 Se na América Latina é comum que algumas famílias concentrem grande parte das riquezas de um país, no caso da Costa Rica há um monopólio familiar quando o assunto são medalhas olímpicas: todas foram vencidas pelas irmãs Poll, fenômenos da natação, entre 1988 e 2000.

🇨🇷 A pioneira foi a irmã mais velha, Sylvia Poll, prata nos 200 metros livres em Seul/88, a primeira medalha do país. Em 1996, a hermanita Claudia Poll foi mais longe, na mesma prova: ouro nos 200 livres em Atlanta. Aqui, você pode ver esse momento:

🇨🇷 Claudia Poll ainda ganhou outras duas medalhas, ambas de bronze, em Sydney/2000. E essas permanecem como as últimas vezes que a Costa Rica subiu ao pódio olímpico.

🇨🇷 Em #Tokyo2020, a Costa Rica conta com 12 atletas em 6 modalidades. O país terá uma representante nos 200 metros livre da natação, a prova que tanto lhe deu alegrias no passado: Beatriz Padrón. Diferente das irmãs Poll, porém, ela entra por convite e não deve disputar medalha.

🇨🇺 CUBA

Chegamos à maior potência latino-americana da história das Olimpíadas. Só de ouros (78), Cuba tem mais medalhas que qualquer outro país da região tem no total, com exceção do Brasil. No total de medalhas (226), Cuba ganha de longe de todos os vizinhos (o Brasil tem 129).

🇨🇺 Não custa nada lembrar que esse é o ranking de medalhas olímpicas latino-americanas.

Em um ranking do mundo inteiro, Cuba ficaria em 18º lugar (o Brasil, o seguinte da região, viria em 35º, e a Argentina em 41º).

🇨🇺 Cuba já trazia um sucesso atípico para os padrões latino-americanos pré-59. Embora a maior parte do seu sucesso venha após a Revolução, o país já somava 12 medalhas olímpicas antes dela - só em 1904, foram 9, todas na esgrima, com destaque para Ramón Fonst (à esquerda).

🇨🇺 Pós-revolução, porém, Cuba já acumula 214 medalhas - o segundo latino-americano com mais pódios, o Brasil, tem 129 em toda a história. Por classificação geral, a melhor participação neste período foi em Moscou/1980, um 4º lugar em meio aos vários boicotes puxados pelos EUA.

🇨🇺 Mas, por total de medalhas, a melhor Olimpíada cubana foi a de Barcelona/1992, um ano após sediar os Jogos Pan-Americanos em Havana: apesar do 5º lugar geral, foram 31 medalhas ao todo, sendo 14 de ouro (no 4º lugar em 1980, foram 20 medalhas, 8 de ouro).

🇨🇺 O investimento pesado no esporte, uma constante no bloco socialista durante a Guerra Fria, ajudou a converter Cuba na nação latino-americana mais laureada das Olimpíadas. E isso a despeito de duas ausências notáveis e relativamente recentes: Cuba boicotou os Jogos de 84 e 88.

🇨🇺 O boxe lidera de longe o quadro de medalhas cubano, com 73 medalhas (sendo 37 de ouro), mas o país também é poderoso no atletismo e no judô, além de ser o mais vencedor da história do beisebol olímpico (3 ouros e 2 pratas em 5 edições nas quais o esporte foi incluído).

🇨🇺 Apesar do sucesso histórico e de ainda ser muito forte para os padrões latinos, Cuba vem numa gradual descendente desde o fim da Guerra Fria. Em 2016, foram 11 medalhas, seu menor número desde 1972. Para 2020, pela 1ª vez sequer classificou seu time de beisebol aos Jogos.

🇨🇺 Cuba leva a #Tokyo2020 uma delegação com 68 atletas em 15 modalidades. É o menor número de representantes cubanos (e a primeira vez que envia menos de 100 atletas) desde Tóquio/1964.

🇸🇻 EL SALVADOR

Novamente, a ordem alfabética nos faz seguir um país com muitas medalhas com outro que jamais subiu ao pódio. Geralmente são delegações pequenas: em 11 edições disputadas antes da atual, somadas, El Salvador enviou só 142 atletas para os diferentes Jogos.

🇸🇻 As primeiras Olimpíadas com participação salvadorenha foram as de 1968, na Cidade do México, e já ali o país "gastou" quase metade de seus participantes até hoje: foram 60 representantes, a maior delegação de todas por muito longe, incluindo um time de futebol.

🇸🇻 Sem pódios, o melhor resultado salvadorenho em Jogos Olímpicos até hoje foi o quinto lugar de Maureen Kaila Vergara, na corrida por pontos do ciclismo de estrada, em Atlanta/96.

🇸🇻 Em #Tokyo2020, serão apenas 5 atletas em 4 esportes:

Atletismo:
José Andrés Salazar - 200 m (M)

Boxe:
Yamileth Solórzano - peso pena (F)

Natação:
Celina Márquez - 100 e 200m costas (F)
Marcelo Acosta - 800 e 1.500m livre (M)

Vela:
Enrique Arathoon - laser (M)

🇪🇨 EQUADOR

Ainda são poucas medalhas, é verdade, mas o Equador está crescendo. Com apenas 1 ouro e 1 prata (vencidos pelo mesmo atleta) até hoje, o esporte equatoriano chega a Tóquio com sua maior delegação da história. Se em Sydney/2000 foram apenas 10, desta vez já são 41.

🇪🇨 Todo o sucesso equatoriano até hoje, em termos de pódios, veio com Jefferson Pérez, na marcha atlética de 20 km. Em Atlanta/1996, no que foi a primeira medalha do país em todos os tempos, ele ganhou logo um ouro. Veja com direito a narração emocionada:

🇪🇨 Doze anos depois, em Pequim/2008, Jefferson Pérez voltou a subir no pódio para sua 2ª medalha e a 2ª do país como um todo. Daquela vez, ele ficou com a prata, atrás do russo Valeriy Borchin (mais tarde pego num escândalo de doping em 2012, Borchin manteve a medalha de 2008).

🇪🇨 Dos latino-americanos com poucas medalhas na história, o Equador é um dos que tem as maiores esperanças de aumentar sua contagem em #Tokyo2020, pois conta com um talento geracional no ciclismo: Richard Carapaz, campeão do Giro d'Italia 2019, vice da Vuelta a España 2020...

🇪🇨 ... e 3º colocado no Tour de France 2021, encerrado no último domingo.

Carapaz vai competir na prova de ciclismo de estrada, uma única corrida de 234 km no dia 24. Atual 5º colocado no ranking mundial, é o homem para quem os olhos e sonhos do Equador se voltam nestes Jogos.

🇪🇨 Em #Tokyo2020, o Equador conta com sua maior delegação, como dito mais acima, e sem enviar equipes de esportes coletivos, que costumam inflar esse número. Os 41 atletas competirão em 13 modalidades, a maioria (14) no atletismo.

Amanhã este fio continua com mais quatro países.

Giro Latino avisa: Estáis avisados.

Hoje teremos duas anedotas deliciosas na sequência: o país com mais Prêmios Nobel que medalhas olímpicas e o país que fez outro MUDAR DE BANDEIRA após as Olimpíadas. Fiquem atentos.

🇬🇹 GUATEMALA

É o país latino-americano que mais recentemente se juntou à lista de medalhados: a Guatemala só subiu ao pódio pela primeira (e, por enquanto, única) vez em Londres/2012.

🇬🇹 E, assim como o Equador aí em cima, a medalha guatemalteca veio na marcha atlética de 20 km. A glória de Erick Barrondo e a inspiração que ele representou para o país são contadas nesse minidocumentário olímpico.

🇬🇹 Mas há outro fato curioso envolvendo a Guatemala nessa história: o país é o único latino-americano que tem mais PRÊMIOS NOBEL do que medalhas Olímpicas (2 Nobel, 1 medalha)

A Guatemala levou Literatura com Miguel Ángel Asturias (1967) e Paz com Rigoberta Menchú (1992).

🇬🇹 Única na América Latina, no mundo a Guatemala compartilha essa condição de mais-prêmios-nobel-do-que-medalhas-olímpicas com Bangladesh, Iêmen, Israel, Mianmar, Santa Lúcia e Timor Leste.

🇬🇹 Aliás, para saber mais sobre Prêmios Nobel latino-americanos, ouça esse episódio do nosso podcast! anchor.fm/giro-latino/ep…

🇬🇹 Para #Tokyo2020, a Guatemala envia 24 atletas em 10 modalidades.

🇭🇹 HAITI

Há países da região que nunca subiram ao pódio. E há, também, aqueles que até o fizeram, mas poucas vezes e anos atrás. Dos latino-americanos que já medalharam na história, nenhum está há mais tempo sem subir ao pódio do que o Haiti: desde Amsterdã/1928.

🇭🇹 A primeira medalha haitiana veio quatro anos antes, um bronze no tiro por equipes em Paris/1924, com um time formados por membros da polícia do país.

🇭🇹 Já em 1928, o que veio para o Haiti foi uma prata, sua única medalha individual: Sylvio Cator foi o 2º colocado no salto em distância. Dois meses depois, já fora das Olimpíadas, Cator ainda se tornou o recordista mundial da modalidade à época, com um salto de 7,93 metros.

🇭🇹 O recorde de Cator seria superado três anos mais tarde pelo japonês Chuhei Nambu. Desde então, a marca foi sendo aumentada outras onze vezes, mais recentemente em 1991, pelo estadunidense Mike Powell, que saltou para 8,95 metros.

🇭🇹 Herói olímpico haitiano, Sylvio Cator depois entrou na política: em 1946, elegeu-se prefeito da capital Porto Príncipe e, mais adiante, virou deputado, até falecer prematuramente em 1952, aos 51 anos. Ele dá nome ao principal estádio do país.

🇭🇹 Foi no Sylvio Cator, por sinal, que o Brasil enfrentou o Haiti no "Jogo da Paz" em 2004, primeiro aceno brasileiro em meio à crise haitiana após a derrubada do presidente Jean-Bertrand Aristide, que culminaria com a desastrosa intervenção da Minustah.

🇭🇹 Outra curiosidade envolvendo a história olímpica haitiana é que o país é responsável pela mudança na bandeira de Liechtenstein: nos Jogos de 1936, os europeus se deram conta que seus estandartes eram IDÊNTICOS, e no ano seguinte adicionaram uma coroa ao seu desenho.

🇭🇹 O Haiti já tinha o brasão na bandeira, mas na época era incomum que o utilizasse em contextos civis (como as Olimpíadas), diferentemente de hoje. Então, as duas ficaram iguais na parada olímpica da época. Atualmente, não há mais muita confusão entre Haiti e Liechtenstein.

🇭🇹 Em #Tokyo2020, o Haiti terá só 6 atletas em 5 esportes, e viajou para o Japão com ajuda da vizinha República Dominicana, em meio à crise que se segue após o assassinato do presidente Jovenel Moïse, há duas semanas.

🇭🇳 HONDURAS

É mais um dos latino-americanos que nunca subiu ao pódio. Os hondurenhos estrearam nos Jogos no México/68 e, desde então, só estiveram ausentes em 1972 e 1980 (quando aderiram ao boicote puxado pelos EUA). Costuma ter poucos participantes, mas...

🇭🇳 ... o esporte hondurenho vem conseguindo manter uma representação constante em uma das modalidades que mais atrai olhares nesta parte do mundo: a do futebol. De 2000 para cá, Honduras só não enviou uma equipe de futebol masculino às Olimpíadas em 2004.

🇭🇳 E foi do futebol, também, que veio o melhor resultado hondurenho até hoje: no Rio/2016, os centro-americanos deixaram para trás Argentina, Argélia e Coreia do Sul antes de cair na semifinal para o anfitrião Brasil. Ficaram em 4º lugar, ao perder o bronze para a Nigéria.

🇭🇳 Para #Tokyo2020, Honduras envia 26 atletas em 4 modalidades - 22 deles são a equipe de futebol masculino, que começa sua trajetória em um grupo que conta com Romênia, Nova Zelândia e Coreia do Sul. Os outros são do atletismo (2), judô e taekwondo.

🇲🇽 MÉXICO

Um dos maiores países da América Latina e também um dos mais medalhados, o México acumula 69 subidas ao pódio na história, sendo 13 medalhas de ouro. No Rio/2016, porém, o México não chegou a fazer um campeão, ficando com 5 medalhas sem ouro - 3 pratas, 2 bronzes.

🇲🇽 O México também tem a distinção de ser o primeiro país latino-americano (e por muito tempo único, até o Rio/2016 juntar o Brasil à lista) a receber uma edição das Olimpíadas. Foi em 1968, quando a capital do país sediou os Jogos.

🇲🇽 As Olimpíadas de 1968 também foram marcadas por ocorrerem em um período de forte repressição aos movimentos que vinham protestando contra o governo. Em 2 de outubro, dez dias antes dos Jogos, ocorreu o infame Massacre de Tlatelolco, quando mais de 300 estudantes foram mortos.

🇲🇽 No esporte propriamente dito, 1968 permanece como a melhor Olimpíada mexicana tanto em termos de total de medalhas (9) quanto de ouros (3) em uma única edição, marcas que nunca mais foram superadas pelo país desde então.

🇲🇽 Sem um primeiro lugar em 2016, o último ouro do México continua sendo o do futebol masculino em Londres/2012, uma conquista marcante por ter vindo sobre o Brasil, que na época tentava seu primeiro ouro na história da modalidade (ele enfim veio em 2016).

🇲🇽 Em #Tokyo2020, o México contará com 164 atletas em 27 esportes, incluindo equipes de beisebol, softbol e futebol masculino.

Continuamos amanhã.

Não continuamos ontem, mas hoje seguimos e vamos até o fim - afinal de contas, amanhã tem newsletter e hoje os #JogosOlimpicos já tiveram sua abertura oficial.

Falando nisso, assine a newsletter: girolatino.substack.com

🇳🇮 NICARÁGUA

Na ordem alfabética, a Nicarágua é o último país latino-americano que nunca medalhou. Como outros da América Central, o esporte nicaraguense fez sua estreia em #JogosOlimpicos no México/68.

🇳🇮 A Nicarágua também é (ao lado de Cuba) o país latino-americano que se ausentou das Olimpíadas mais recentemente - em um contexto de guerra civil e crise interna, deixou de comparecer a Seul/88. Na época, o país negou que fosse em solidariedade política à aliada Coreia do Norte

🇳🇮 Apesar de nunca ter subido ao pódio, o país já ficou bem perto dele: sua campanha mais orgulhosa é um 4º lugar no beisebol em 1996. olympics.com/tokyo-2020/es/…

🇳🇮 Em #Tokyo2020, serão 8 atletas em 6 modalidades.

🇵🇦 PANAMÁ

Nas primeiras três Olimpíadas que disputou (1928, 1948 e 1952), o Panamá só mandou um atleta por vez. Mas isso bastou para que ganhasse, logo de início, duas das três medalhas que venceu até hoje...

🇵🇦 Em Londres/1948, Lloyd LaBeach se tornou o primeiro medalhista olímpico panamenho, o único bi-medalhista do país, e ainda hoje o responsável por 2/3 dos pódios do Panamá. Filho de imigrantes jamaicanos que vieram para a construção do Canal, foi bronze nos 100 e 200 m rasos.

🇵🇦 Seriam necessários 60 anos para que o Panamá voltasse a aparecer num pódio dos #JogosOlimpicos. Mas, quando o fez, foi para abocanhar um ouro: em Pequim/2008, Irving Saladino foi mais longe que todo mundo no salto em distância.

🇵🇦 Em #Tokyo2020, o Panamá terá 10 competidores em 5 esportes.

🇵🇾 PARAGUAI

Último da parcela latina da América do Sul a estrear em Olimpíadas, o Paraguai fez sua participação inaugural apenas em 1968. Desde lá, não obteve muito sucesso, mas conseguiu subir ao pódio uma vez.

🇵🇾 A glória paraguaia veio naquele que é o esporte mais popular do país, e a fonte de grandes esperanças para muitos latino-americanos: o futebol, em Atenas/2004. Uma campanha pela qual passou por Japão, Itália, Gana, Coreia do Sul e Iraque, antes de parar na Argentina.

🇵🇾 Como a final daquele torneio de futebol foi 1x0 para os argentinos, ficam aqui os gols da semifinal, que garantiu a primeira (e ainda única) medalha paraguaia, ao assegurar um lugar na decisão.

🇵🇾 Aquela prata também teve um simbolismo especial para o país por vir em um momento de profunda dor: no mesmo mês de agosto de 2004, o Paraguai havia chorado a perda de mais de 300 vidas no incêndio do Supermercado Ycuá Bolaños, considerada sua maior tragédia em tempos de paz.

🇵🇾 Em #Tokyo2020, o Paraguai conta com 8 representantes em 6 modalidades.

🇵🇪 PERU

Com 4 medalhas na história, incluindo uma de ouro, o Peru teve seu primeiro participante em 1900, com Carlos González de Cándamo na esgrima - nascido em Londres, filho de um embaixador. Oficialmente, porém, o país compete mesmo desde 1936.

🇵🇪 E foi justamente em 1936 que veio a história olímpica mais instigante envolvendo o Peru - e também uma mostra de como a política entrou em campo para prejudicar uma equipe latino-americana. Eram, afinal, as Olimpíadas de Hitler, em Berlim, às vésperas da Segunda Guerra.

🇵🇪 Em 7 de agosto, o time de futebol alemão decepcionou o führer e foi prontamente eliminado nas quartas-de-final do torneio, levando 2x0 da Noruega.

Mas, no dia seguinte, ainda havia um jogo da sua Áustria natal (que logo em seguida seria anexada)... contra o Peru.

🇵🇪 Aquele foi um jogo que até hoje enche de orgulho os peruanos: a Áustria foi para o intervalo vencendo por 2x0, mas no segundo tempo o Peru buscou o empate. E, com dois gols nos últimos três minutos da prorrogação, venceu por 4x2 e se classificou para as semifinais.

🇵🇪 Ou se classificaria. Imediatamente, os austríacos protestaram, alegando que torcedores peruanos teriam invadido o campo e os ameaçado. O Comitê Olímpico não tardou em exigir que a partida fosse JOGADA NOVAMENTE e não ouviu os argumentos da delegação peruana em relação ao tema.

🇵🇪 Ainda hoje, não há clareza sobre o que aconteceu exatamente nos corredores do poder em Berlim, mas em Lima não há qualquer dúvida que Hitler mexeu os pauzinhos para anular um resultado olímpico e dar uma nova chance aos seus.

🇵🇪 O Peru se recusou a jogar e foi embora da Alemanha. A Colômbia acompanhou seu protesto, e o país recebeu solidariedade de outros latinos presentes naquelas Olimpíadas - Argentina, Chile e México se posicionaram contra o absurdo.

🇵🇪 Dentro do Peru, a reação foi furiosa: há relatos de que a Embaixada da Alemanha foi apedrejada em Lima, que bandeiras olímpicas foram rasgadas pela cidade, e que os trabalhadores das docas em Callao se negaram a desembarcar mercadorias vindas da Alemanha.

🇵🇪 (a Áustria acabaria derrotada na final pela Itália; contra Mussolini era um pouco mais difícil fazer a mesma artimanha e Hitler teve que se contentar com a prata)

🇵🇪 Mais além do caso notável do futebol em 1936, o Peru ganharia seu único ouro até hoje nos #JogosOlimpicos seguintes, que só ocorreram em 1948 por conta da guerra. Foi de Edwin Vásquez, no tiro.

🇵🇪 O Peru voltaria ao pódio outros três vezes, sempre com a medalha de prata, e quase sempre atirando: Francisco Boza em 1984 e Juan Giha em 1992 (esta, também, a última medalha do país até hoje); a outra prata foi com o poderoso time de vôlei feminino, em 1988.

🇵🇪 Aliás, o vôlei feminino peruano é um caso à parte: um time consistentemente finalista de coisas grandes por duas décadas, mas que jamais venceu sequer uma dessas finais. Além da prata olímpica de 88, foram cinco vezes prata no Pan (67, 71, 75, 79 e 87) e no Mundial (82).

🇵🇪 O vôlei feminino peruano, porém, há muito deixou de ser o que era, e o país não compete nas Olimpíadas desde 2000. Em #Tokyo2020, o Peru terá 35 atletas em 17 modalidades, sem nenhuma equipe dos tradicionais esportes coletivos com bola.

🇵🇷 PORTO RICO

Você que segue o Giro já cansou de ver a ressalva de que Porto Rico não é país, mas pela proximidade cultural com a região acaba sendo incluído na newsletter. Pois bem: nos #JogosOlimpicos, Porto Rico compete como se fosse país sim, com sua própria delegação.

🇵🇷 Para saber mais sobre o status de Porto Rico (que não é país e nem está lutando para se tornar um, mas sobretudo quer virar o 51º estado dos EUA), escute esse episódio do nosso podcast! anchor.fm/giro-latino/ep…

🇵🇷 Os resultados de Porto Rico são expressivos para os padrões latino-americanos: 9 medalhas em 18 Olimpíadas nas quais marcou presença. Tudo começou com um bronze em Londres/1948, com o boxeador Juan Venegas.

🇵🇷 Desde então, Porto Rico ganhou outros cinco bronzes ao longo dos tempos (4 deles no próprio boxe), além de 2 medalhas de prata e um ouro.

O único ouro, tão aguardado, veio justamente nas últimas Olimpíadas, obra da tenista Mónica Puig.

🇵🇷 E se Porto Rico não é país, qual hino tocam quando alguém leva o ouro? Bom, há um hino de Porto Rico chamado La Borinqueña, de 1867, época em que se buscava a liberdade em relação à Espanha (mais tarde, a letra foi "pacificada", mas a música tá aí).

🇵🇷 Em #Tokyo2020, Porto Rico conta com 37 atletas em 15 esportes, incluindo o time feminino de basquete.

🇩🇴 REPÚBLICA DOMINICANA

Outro país com um número saudável de medalhas, a República Dominicana se tornou uma presença frequente em pódios: em todos os #JogosOlimpicos deste século, ganhou ao menos uma medalha.

🇩🇴 Antes disso, o país só contava com um bronze, do boxeador Pedro Julio Nolasco, em Los Angeles/84.

🇩🇴 Mas, após sediar os Jogos Pan-Americanos em 2003, a República Dominicana passou a vivenciar um renascimento esportivo. Já em 2004, veio o primeiro ouro do país, com Félix Sánchez nos 400 metros com barreiras - prova na qual ele também fora campeão em Santo Domingo.

🇩🇴 Em 2008, os dominicanos ganhariam uma prata no taekwondo e um ouro no boxe, com Manuel Felix Díaz, e em 2012 o próprio Félix Sánchez voltaria a vencer o ouro na sua prova preferida - e viria ainda mais uma prata, com Luguelín Santos, nos 400 metros.

🇩🇴 Aqui a prova que valeu o ouro de Félix Sánchez em 2004, o primeiro do país.

🇩🇴 A medalha dominicana mais recente foi o bronze de Luisito Pié, do taekwondo, no Rio/2016.

🇩🇴 Em #Tokyo2020, a República Dominicana conta com a maior delegação da sua história olímpica: 62 atletas em 11 esportes, número impulsionado por duas equipes dos esportes coletivos: no beisebol e no vôlei feminino.

🇺🇾 URUGUAI

Apesar do tamanho diminuto, o Uruguai já acumulou dez pódios ao longo de sua história olímpica: são 2 ouros, 2 pratas e 6 bronzes.

🇺🇾 Curiosamente, as 2 primeiras medalhas do Uruguai são, também, seus 2 únicos ouros na história: trata-se do bicampeonato olímpico do time de futebol, conquistado em Paris/1924 e Amsterdã/1928.

🇺🇾 Aquela sequência de conquistas foi extremamente significativa para o mundo do futebol. Em primeiro lugar, foi o nascimento formal da América do Sul como uma força capaz de bater de frente com a Europa, onde o esporte havia surgido.

🇺🇾 Também, na época, havia uma promessa da FIFA, a entidade máxima do futebol, de considerar os campeões olímpicos como autênticos campeões do mundo. É por isso que, até hoje, o Uruguai utiliza 4 estrelas na camiseta do time de futebol, embora só tenha vencido duas Copas do Mundo

🇺🇾 No título olímpico de 1924, o Uruguai celebrou de uma maneira que se tornou marcante: deu uma volta ao redor do estádio para saudar os torcedores presentes. Nascia a "volta olímpica", hoje um festejo tradicional de campeões no futebol.

🇺🇾 A própria Seleção Uruguaia passou a ser conhecida como Celeste Olímpica, pela cor do uniforme e seu sucesso nos Jogos, e o Estádio Centenário - o principal do país - tem setores que homenageiam as conquistas: a Tribuna Olímpica, a Colombes (por 1924) e a Amsterdã (por 1928).

🇺🇾 Por sinal, foi em função do domínio nos #JogosOlimpicos de 1924 e 1928 que o Uruguai acabou escolhido para receber a primeira Copa do Mundo de futebol propriamente dita, em 1930. Mas essa é outra história.

🇺🇾 Depois do bicampeonato do futebol, o Uruguai nunca mais levou ouro olímpico, mas seguiu medalhando. Pelo menos, em Olimpíadas mais antigas: das 10 medalhas do país até hoje, NOVE vieram até 1964, a maioria (4) no remo, além de dois bronzes no basquete e um no boxe.

🇺🇾 Após 1964, seriam necessários outros 36 anos para o Uruguai voltar ao pódio olímpico: foi com a prata de Milton Wynants na corrida por pontos do ciclismo, em Sydney/2000. Desde então, nunca mais.

🇺🇾 Em #Tokyo2020, sem futebol nem ciclismo, o Uruguai chega com 11 atletas em 5 esportes (3 no atletismo, 1 no judô, 2 no remo, 3 na vela e 2 na natação).

🇻🇪 VENEZUELA

Dependendo da lista que você encontrar, a Venezuela aparecerá com 15 ou 17 medalhas na história dos #JogosOlimpicos, sendo 2 ou 3 de ouro. Essa confusão tem a ver com um reconhecimento ocorrido muito a posteriori de dois pódios obtidos em 1992.

🇻🇪 Ocorre que, em Barcelona/92, a Venezuela teve um ouro e um bronze no taekwondo, à época considerado um esporte de exibição. Só que, em 2018, o Comitê Olímpico Internacional passou a reconhecer essas medalhas como oficiais, revisando a contagem. elnacional.com/deportes/coi-r…

🇻🇪 Antes desse reconhecimento tardio, a história contava que a Venezuela havia passado 44 anos sem subir ao topo do pódio, entre o ouro de Francisco "Morochito" Rodríguez no boxe em 1968 e o de Rubén Limardo na esgrima em 2012.

🇻🇪 No meio do caminho, mas só reconhecido em 2018, aparece agora o ouro de Arlindo Gouveia em 1992.

🇻🇪 No Rio/2016, a Venezuela subiu 3 vezes ao pódio, igualando Los Angeles/84 como os Jogos com mais medalhas de sua história. Nenhuma foi de ouro, mas obteve a prata no salto triplo (F) e no boxe (M), e um bronze no ciclismo (F).

🇻🇪 A Venezuela, que chegou a ter 110 atletas em Pequim/2008, chega a #Tokyo2020 com sua delegação mais enxuta neste século: são 44 representantes em 14 esportes, incluindo a equipe de vôlei masculino.

E sobre o passado era isso. Agora, aguardamos para ver que histórias os latino-americanos irão escrever nos #JogosOlimpicos de #Tokyo2020.

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