Paola De Orte Profile picture
Correspondente no Oriente Médio para @TVGlobo, @GloboNews e @JornalOGlobo.

Sep 15, 2021, 10 tweets

🎖 Um herói que nos representa! 👨🏼‍🦳

Já me disseram que o israelense é um cidadão que não leva desaforo pra casa.

Pois hoje eu pude conhecê-lo de perto e quero que todos conheçam também a história deste herói que lutou em nome de todos nós contra a opressão do sistema. Vem 🧶

Fui ao banco para resolver um problema (não resolvi). Depois de me debater em vão, desisti, como fazem os que são vencidos pelo cansaço.

Quando fui sair da agência, qual não é minha surpresa quando me deparo com a porta artesanalmente trancada por fora com uma cadeira de palha.

Vou chamar atenção para este ponto aqui, porque a foto que fiz infelizmente está poluída e não dá para ver direito.

Vejam: são dois trincos em formato de gancho sobre os quais foi encaixada uma cadeira impedindo a porta de ser aberta.

O responsável por esta barricada, como se estivéssemos em uma refilmagem de Missão Impossível, era um senhor que calculo ter algo entre 80 e 90 anos, sentado tranquilamente do lado de fora.

Olha a perninha cruzada dele aqui.

Ele é o nosso herói.

O que ele queria? O caixa automático engoliu seu cartão. O pessoal do banco se recusou a resolver. Pois ele tomou para si a solução.

Fez todo mundo dentro do banco de refém.

Quando precisei sair, o povo do banco revoltou. Disse que ele tinha que deixar (eles queriam se livrar de mim também, lembremos).

Ele concedeu em me libertar.

Mas, assim que saí, tacou-lhe a cadeira colada na porta e o pezinho impedindo que os funcionários saíssem.

Eu resolvi anonimizá-lo, porque sei que nem todo herói gosta de revelar sua identidade. Mas adianto que ele lembrava muito Clint Eastwood.

A negociação continuou.

Ele cedeu em desbloquear a porta, mas montou acampamento na mesa em frente e, sentado cuidando de uma caixa de tomatinho cereja batendo papo com um amigo de chapéu cowboy, avisava os transeuntes sobre os perigos de tentar usar a máquina que engole cartão.

Finalmente um funcionário do banco saiu e conversaram. Deram risada. Ele desarmou.

Enquanto se preparava para ir embora, perguntei se o problema tinha sido resolvido.

“Sim, tudo certo, me pediram para voltar na semana que vem!”.

E assim, o Clint Eastwood de Israel se vingou de todo o ódio que nós, a humanidade, já passamos no banco na vida.

Fim.

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