#ICBB #Bioacústica #Aves
Influência das relações filogenéticas sobre os traços do canto de aves suboscines (Passeriformes: Tyrannidae)
Bianca D. Silva, et al.
O canto é um meio de comunicação intraespecífica utilizado na maioria das espécies de aves e tem influência direta no sucesso reprodutivo destas. Ele pode ser fruto das relações filogenéticas e/ou moldado por processos ecológicos, como a competição pelo espaço acústico,
filtro ambiental ou por processos estocásticos. Este trabalho teve por objetivo testar a importância relativa dos quatro fatores citados sobre os padrões dos traços acústicos de um grupo monofilético de aves, ao longo de um gradiente de fragmentação de habitats florestais.
Analisamos 25 espécies de Tyrannidae em 22 paisagens ecológicas distribuídas no sudeste da Mata Atlântica, em três ambientes: pasto, brejo e mata. Medimos nove parâmetros acústicos em 2500 minutos de gravações de monitoramento passivo, coletadas entre Outubro/2015 e Janeiro/2016.
Estimamos a estrutura filogenética da taxocenose de cada paisagem e analisamos o sinal filogenético dos traços, para testar a premissa de que espécies próximas têm traços mais parecidos. Utilizamos GLMM para testar estatisticamente a influência relativa dos fatores analisados.
A nível de comunidade, os resultados não apresentaram efeito de nenhuma das variáveis analisadas sobre os traços acústicos dos cantos das aves. Isto reforça a hipótese dos processos aleatórios, possivelmente por não estarem ainda perfeitamente adaptados às alterações ambientais.
Nas análises por espécie, apenas Myiodynastes maculatus apresentou variações populacionais sobre o parâmetro conservado média da frequência máxima das notas principais (HFMN). O parâmetro aumentou com a proximidade filogenética das espécies na comunidade. Em nossas análises,
descartamos a modulação do traço em resposta específica à espécie-irmã. Corroborando a teoria de que espécies próximas possuem traços acústicos mais semelhantes, encontramos uma forte influência da média de distância filogenética sobre a média de sobreposição de nicho da espécie.
Contrário às nossas expectativas, as variações nos traços acústicos não corroboram nossa hipótese de filtro ambiental, portanto, a perda de habitat não gerou respostas adaptativas claras nos traços acústicos dos Tyrannidae. Em nível de comunidade, não houve influência
dos processos analisados sobre a modulação dos traços acústicos, logo, nossos resultados reforçam a hipótese nula. Já em nível populacional, uma espécie apresentou modulação no parâmetro acústico conservado HFMN, tendo influência das espécies que coocorrem na comunidade.
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