Paleo Espinhaço Profile picture
Projeto de divulgação científica sobre o Pleistoceno da Cordilheira do Espinhaço, a única cadeia de montanhas do Brasil Pix: pedrotunes00@gmail.com

Mar 25, 2022, 23 tweets

Todo mundo está acostumado com preguiças no topo das árvores ou já ouviu falar das preguiças gigantes extintas.

Mas você sabia que já existiram preguiças aquáticas, inclusive nos rios do Brasil?

Siga esse fio para conhecer as preguiças que viviam em rios, lagos e até no mar!

Começando pela mais antiga (e menos conhecida), Eionaletherium tanycnemius foi uma preguiça da família Mylodontidae que viveu entre 15 e 5 milhões de anos atrás, descrita por @ascaniodr em 2015 na Venezuela, na chamada formação #Urumaco.

Arte por @JuliotheArtist

Era um animal que vivia associado à água, mas que não era capaz de nadar rapidamente ou de mergulhar, o que sabemos por sua fraca musculatura nos membros e pela ausência de ossos densos, que facilitariam seus mergulhos.

Pesavam mais de uma tonelada quando adultas. Provavelmente, se alimentavam de plantas aquáticas e utilizavam a água para sua proteção e a proteção de seus filhotes (na imagem abaixo) contra predadores terrestres, movimentando-se no leito como alces ou hipopótamos.

A segunda linhagem que vamos explorar é a mais ligada ao ambiente aquático dentre todas as preguiças.
Pertencentes à família Megatheriidae, a mesma das maiores preguiças conhecidas, o gênero Thalassocnus é o mais famoso

Arte por @mr__langlois

O gênero continha cinco espécies marinhas de preguiças que, ao longo de 4 milhões de anos, se tornaram cada vez mais dependentes do ambiente aquático.
Artes por @JoschuaKnuppe

Andavam no fundo do oceano em zonas costeiras, onde se alimentavam de plantas marinhas e algas.
Apresentavam paquiostose (ossos densos, que auxiliam no mergulho) e dividiam os oceanos da costa Sul Americana do Pacífico com diversos grandes animais
Artes 2 e 3 por @SerpenIllus

A espécie mais antiga, Thalassocnus antiquus, era pequena e provavelmente se alimentava em mergulhos rápidos, passando grande parte do tempo em terra firme
Artes por @RomanUchytel

A segunda espécie (e a mais famosa), Thalassocnus natans, possuía 2,5 metros de comprimento. Já era mais adaptada para passar longos períodos de tempo na água e consumia plantas aquáticas com a ajuda de seus membros anteriores.

Arte por WSnyder (Deviantart)

Diversos fósseis dessa espécie foram encontrados com dentes danificados, o que indica abrasão por areia. Provavelmente, ainda dependiam da chegada de algas mortas na praia, ocasionalmente consumidas com areia, uma vez que não conseguiam nadar até zonas mais distantes nos oceanos.

Thalassocnus littoralis possuía um rosto e braços longos, que auxiliavam no consumo de uma maior variedade de algas. Eram excelentes nadadoras e, provavelmente, passavam a maior parte do tempo na água.

Artes por @BranArtworks e @SerpenIllus

A quarta espécie, T. carolomartini, tinha, entre várias características marcantes, dimorfismo sexual extremo! Os machos eram maiores do que as fêmeas e, assim como a última espécie do gênero, apresentavam uma tromba, semelhante à dos elefantes-marinhos.

É possível teorizar que esses animais realizavam disputas por fêmeas e disputavam territórios, características comuns em espécies com dimorfismo extremo.

Arte de @HodariNundu
Agradecimento especial ao @adi_fatalis

Arte de @OliverDemuth mostrando o corpo e estrutura craniana de uma Thalassocnus carolomartini

Por fim, Thalassocnus yuacensis foi a maior espécie do gênero e, infelizmente, a última
Há cerca de 3 milhões de anos, a passagem marítima entre as Américas do Norte e do Sul se fechou onde atualmente se encontra o Panamá. Além do grande intercâmbio de fauna entre os continentes+

Isso colapsou os ambientes marinhos megadiversos do Leste do Pacífico Sul, que dependiam da corrente rica que fluía entre o Pacífico e o Atlântico.
Se não fosse esse acontecimento, quem sabe poderíamos ter preguiças-marinhas em nossos aquários...
Arte por @HJ_arts02

As preguiças que vimos até aqui viveram em um passado relativamente distante.
A última da lista, entretanto, viveu na Cordilheira do Espinhaço e conviveu, inclusive, com a nossa espécie!
Venha conhecer a Ahytherium aureum, a preguiça-de-ouro!
(Preguiça Australonyx ao fundo)

Denominada Ahytherium aureum e descrita com base no esqueleto de um indivíduo jovem, é a única preguiça conhecida que vivia em rios. Possuía uma cauda grossa, que auxiliava na natação nas águas geladas dos rios da região.
Arte por @Triloboii

Pouquíssimo se sabe da nossa Ahytherium aureum, cujo nome significa“preguiça de ouro”, em homenagem aos 50 anos da PUC Minas, uma das maiores instituições de pesquisas de mamífernos pleistocênicos do país.
Arte por WSnyder (Deviantart)

Descoberta no Poço Azul da Chapada Diamantina (BA), na porção norte do Espinhaço, pode ter sido uma espécie endêmica dos rios da região.
Arte por @JoschuaKnuppe

Essa espécie é um lembrete da diversidade dos rios do Brasil que, nessa época, também eram habitados pelo pato gigante Neochen pugil
Na imagem, os animais são observados por um tubarão-cabeça-chata (Carcharhinus leucas), que, acredite, também pode ser visto em rios no nosso país!

Última arte por Olmagon (Deviantart), um novo parceiro do nosso projeto!
deviantart.com/olmagon/gallery

Um agradecimento especial ao @HodariNundu @JuliotheArtist @SerpenIllus @adi_fatalis @BranArtworks @HJ_arts02 @JoschuaKnuppe pela inspiração em fazer essa thread hoje!

Esperamos que tenham gostado! Não se esqueçam de compartilhar e marcar amigos, de nos seguir no instagram.com/paleoespinhaço e, quem puder, nos apoiem financeiramente!
PIX: pedrotunes00@gmail.com

E lembrem-se: As preguiças de hoje são ótimas nadadoras!

Share this Scrolly Tale with your friends.

A Scrolly Tale is a new way to read Twitter threads with a more visually immersive experience.
Discover more beautiful Scrolly Tales like this.

Keep scrolling