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May 17, 2022, 15 tweets

Aproveitando o hype da possível presença do #Austroposeidon 🦕no documentário #PrehistoricPlanet da AppleTv, vou falar um pouco sobre essa incrível espécie de titanossauro que foi descrita por mim e colegas durante o meu mestrado, entre 2013-2015.

(Austroposeidon by G. Gehr)

Tudo começou lá em 1953, quando o paleontólogo gaúcho Llewellyn Ivor Price resgatou os fósseis desse animal em Presidente Prudente (SP). Infelizmente, parte do material foi perdido devido as explosões causaudas para a expansão de uma rodovia.

O #Austroposeidon foi então devidamente levado ao Museu de Ciências da Terra (MCTer), por sua vez, ligado ao antigo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) no Rio de Janeiro (hoje ANM). Porém nunca fora identificado nada além de "ossos de um grande dinossauro".

Algumas novas informações sobre o #Austroposeidon 🦕surgiram num inventário do DNPM sobre os afloramentos fossilíferos de São Paulo em 1978, onde houve um pequeno avanço - indicando que se tratava de um saurópode, e que seria então o maior dinossauro encontrado no País.

Sob o registro MCT 1628-R no MCTer, o #Austroposeidon 🦕possui parte das vértebras cervicais (pescoço), dorsais, costelas e alguns outros elementos não identificados. Mas pesquisas só começaram a avançar lá pra 2010, quando o material foi emprestado ao Museu Nacional/UFRJ.

O #Austroposeidon 🦕permaneceu em preparação no Museu Nacional/UFRJ até 2013, quando eu finalmente ingressei no mestrado e pude liderar a pesquisa, identificando novas estruturas, descrevendo a anatomia e o posicionamento sistemático dessa espécie.

Dentre as características mais marcantes estão na décima terceira vértebra cervical, que apresenta lâminas centropostzigapofisárias colunares, e sua lâmina centrodiapofisária posterior se divide em dois ramos (pcdl, imagem abaixo).

Outra característica única do #Austroposeidon 🦕está na sua vértebra dorsal, onde as lâminas centrodiapofisárias anteriores e as centroparapofisárias posteriores (acdl e pcpl na imagem) se curvam para baixo e para fora.

Essas lâminas ósseas são importantes estruturas anatômicas tanto para a ancoragem de músculos quanto também para o suporte de sacos áereos (ou divertículos), onde os divertículos estão ligados intimamente com a respiração e termorregulação (imagem: Schwarz-Wings & Frey, 2008).

Mais evidências sobre a invasão dos sacos aéreos no #Austroposeidon 🦕foram mostradas por Brum et al (2022) [@7BrumAS ], onde há um tecido pneumático típico (chamado pneumósteo, imagem B) no osso endosteal do Austroposeidon, indicando que a costela dorsal estava pneumatizada. (+)

Além, em #Austroposeidon 🦕, segundo Brum et al. (2022), a ausência de marcas de crescimento extensivas como em outros titanossauros br indica que o Austro seria um possível juvenil (!!). Ou seja, ainda que inicialmente estimado em 25m, poderia crescer ainda mais😅😂

O #Austroposeidon 🦕 é evolutivamente relacionado ao clado Lognkosauria, reconhecido como um grupo de titanossauros gigantes, como o Mendozasaurus e o Patagotitan. Porém, as espécies argentinas viveram cerca de 18 milhões de anos antes do Austroposeidon...

Quais fatores permitiram a sobrevivência do linhagem do #Austroposeidon 🦕por+ 18 milhões de anos além dos seus "hermanos" ainda são um mistério...

Interessantemente, na unidade geológica onde o #Austroposeidon 🦕foi encontrado, também há o Gondwanatitan 🦕e o Brasilotitan🦕, ambos com menos de 8m de comprimento. Mais um mistério é o porquê do Austro ter tamanho tão díspare em relação aos seus conterrâneos...

Estudos sobre o #Austroposeidon 🦕são:
1) Descrição/sistemática (2016): tinyurl.com/38pv5te8

2) Análise histológica (Brum et al., 2022): tinyurl.com/jdkb2955

Bônus: minha foto com o Austro já q tem pesquisador que tira os meus créditos do meu próprio estudo (!!)

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