O Brasil fechou acordo com a China permitindo transações sem conversão ao dólar. Muito semelhante aos Marcos de Compensação (ASKI Mark) negociados com a Alemanha Nazista em 1934, que permitiram a superação dos impactos da crise iniciada em 1929 e a retomada do crescimento. 1/11
No início do governo Vargas, os ministros da Fazenda (José Maria Whitaker, depois Osvaldo Aranha) adotaram diversas fórmulas cambiais para tentar reerguer a economia. Anualmente, peregrinavam aos EUA buscando em vão renegociar a dívida externa e realizar acordos comerciais. 2/11
Mas, mesmo em meio à Grande Depressão, os EUA se apegavam religiosamente à ortodoxia econômica. Galbraith lembra o desespero dos jovens keynesianos tentando convencer os gestores econômicos a “salvar o capitalismo de si mesmo”. Só foram ouvidos quando a guerra começou. 3/11
Já os nazistas jogaram a ortodoxia no lixo junto com o Tratado de Versalhes. O acordo proposto ao Brasil pelo ministro Hjalmar Schacht visava assegurar insumos para a reindustrialização, associada à nova política expansionista em gestação. 4/11
Mas a nova política econômica tinha mais relação com contexto do que com ideologia. Polanyi apontou que enquanto após a Primeira Guerra Mundial até o governo bolchevique tentou restaurar o padrão-ouro, entre 1933 e 1934, EUA, URSS, Inglaterra e Alemanha se livraram dele. 5/11
Os financistas de Wall Street e seus representantes políticos em Washington rechaçavam cooperar com um vizinho latino-americano que não “fazia o dever de casa”. Em 1936, eles foram surpreendidos quando a Alemanha se tornou o maior parceiro comercial do Brasil. 6/11
Após Pearl Harbor os EUA, temendo frentes simultâneas no Pacífico e no Atlântico se os alemães cruzassem a linha Dacar-Natal começaram a discutir as demandas brasileiras. Para Galbratih, Hitler gerou o pleno emprego nos EUA. Então, Hiroíto levou a Boa Vizinhança à economia. 7/11
E o que o Brasil queria dos EUA? Tudo que os alemães tinham dado, mas numa escala muito maior: renegociação da dívida, cotas de exportação de commodities, armamento para as FFAA e apoio para criar uma siderúrgica nacional. Os Acordo de Washington trataram disso tudo. 8/11
Foi uma situação de transição de hegemonia no sistema internacional que levou duas grandes potências mundiais a adotarem políticas heterodoxas para dentro e para fora quando se lançavam de corpo e alma na confrontação global que custou dezenas de milhões de vidas. 9/11
O Brasil avançou seu projeto de desenvolvimento explorando a competição entre as grandes potências e o valor que a guerra agregava a seus recursos naturais e ao seu espaço geopolítico. Mas esse desenvolvimento foi severamente limitado quando a nova hegemonia se consolidou. 10/11
O “Aski Yuan” sinaliza que a nova disputa de hegemonia do século XXI abre espaço para uma perspectiva nacionalista pragmática que busque reverter os retrocessos impostos à nossa economia. Como dizia Deng, “Não importa se o gato é branco ou preto, desde que ele cace ratos” 11/11
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