"Se você pudesse ver toda a sua vida do início ao fim... mudaria alguma coisa?
- Eu talvez diria o que eu sinto com mais frequência."
"A Chegada", Nietzsche e 'Amor Fati': segue o fio! 🧶
(Antes de cursar Cinema minha opção era filosofia, e sempre quis tentar um quadro juntando esses dois temas. A Chegada é um filme completamente arrebatador e vai de encontro a algumas correntes interessantes nesse sentido, talvez seja bom pra começar. Espero que curtam!)
"Apesar de conhecer a jornada e onde ela leva… eu a acolho. E saúdo cada momento dela". É difícil se imaginar dizendo isso logo após descobrir todos os acontecimentos que virão na sua vida, mas é o que nos leva diretamente ao conceito do "Amor Fati" - o amor ao destino.
Nietzsche, filósofo do século XIX, encorajava a aceitação e o amor por cada aspecto da existência, incluindo dor e o sofrimento. Ele afirmava que cada momento, bom ou ruim, é parte integrante de quem somos e nos molda ao que somos agora - questão essencial na trama de A Chegada.
[SPOILER] Essa perspectiva é espelhada no filme quando Louise, mesmo ciente de que terá uma filha e a verá morrer de maneira precoce, não desiste de viver esse amor... e essa dor. Ela não apenas aceita seu destino, mas o abraça totalmente, amando-o pelo que ele representa.
Claro, é sempre muito fácil dizer "ame seu destino" quando você não passou por abusos, traumas, e mais algumas questões, mas não é essa positividade tóxica que se tenta alcançar aqui. Na minha visão, é muito mais sobre não tentar evitar sentir e viver por medo de sofrer.
E quanto ao diálogo do primeiro tweet, acho que ele é o que melhor centraliza isso tudo. Eu sou fascinado na ideia de que ao poder mudar qualquer coisa na sua vida inteira, o personagem escolhe apenas dizer mais o que sente - não tentar alterar qualquer evento ou circunstância.
Sua única mudança desejada seria expressar seus sentimentos com mais frequência, e acho que podemos tirar muito disso. Não optar por querer alterar o curso dos eventos, mas sim intensificar ainda mais a experiência ligada a eles, de mergulhar mais profundamente nos acontecimentos
Claro que o filme vai muito mais além dessa única temática, explorando também a comunicação como algo plural. A Chegada é uma obra brilhante, sensível, e eu sempre sinto que os atores entenderam seus personagens, especialmente a Amy Adams que foi ASSALTADA no Oscar, mas enfim
Não quero que isso tudo soe como um chamado para passividade ou conformismo, mas pro acolhimento da dor (lembrei aqui que Divertidamente também fala disso): o sofrimento, assim como a alegria, não é algo a ser evitado, mas sim aceito como parte inalienável da experiência humana.
"Eu já não tenho tanta certeza se acredito em começos e fins. Existem dias que definem sua história além da sua vida. Assim foi o dia em que eles chegaram. Então, Hannah, sua história começa no dia que eles partiram. Apesar de conhecer a jornada, e aonde ela leva... eu a abraço"
Versão em vídeo: "A Chegada", Nietzsche e 'Amor Fati'
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