Thread by @EuSouLivres

#MaisMédicos Cuba anunciou saída do programa Mais Médicos. Entrando no programa humanitário, profissionais cubanos optavam por sair de seu país. Os médicos de Cuba deveriam ser livres para decidir permanecer ou não no Brasil. A escolha deve ser deles, não do governo. /1

Em 2013, os primeiros médicos cubanos do programa chegaram ao Brasil, que não pagava diretamente aos profissionais. O salário, de 10 mil/mês, ia para o governo cubano. O governo Dilma, na época, afirmou não saber quanto, de fato, era pago aos médicos. /2
g1.globo.com/jornal-naciona…

Enquanto portugueses, argentinos, espanhóis puderam inscrever-se individualmente no programa, cubanos vieram num "pacote de serviços" vendido pelo governo de Cuba ao Ministério da Saúde sob intermediação da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde). /3 bbc.com/portuguese/not…

Médicos cubanos dispensados do programa que não voltaram imediatamente à ilha afirmam não poder mais entrar no país natal. Hoje, não conseguem exercer a medicina e têm dificuldade para trabalhar. /4
g1.globo.com/pr/parana/noti…

"Se voltássemos, teríamos de ficar 5 anos sem sair de Cuba. Temos o direito de trabalhar sem o intermédio do governo, não? Para onde vai esse dinheiro que tiram da gente?", afirmou ao G1 Yanelis Herrera, médica cubana dispensada pelo regime por reinvidicar salário integral. /5

Yanelis está desempregada desde julho de 2017, quando foi dispensada do programa. Casada com brasileiro, tem um filho de 8 anos. Em 2016, foi diagnosticada com trombose venosa cerebral, que torna vôos longos, como o que a levaria a Cuba, um risco à vida. Foto: Giuliano Gomes/G1

Fora do Mais Médicos, estrangeiros não podem trabalhar sem registro do Conselho Regional de Medicina (CRM), que exige a aprovação no Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeira (Revalida). /6

Aprovação no Revalida permitiria que médicos cubanos exilados pelo regime, como Yanelis, voltassem a exercer a profissão aqui. Eles relatam dificuldade na contratação em empregos formais, fazendo bicos, vendendo quentinhas e cosméticos para sobreviver: g1.globo.com/pr/parana/noti…

A brecha no Mais Médicos, que abre exceção para vinda dos cubanos para o Brasil sem o Revalida, foi aberta pelo próprio governo brasileiro, em 2013, causando um mal-estar jurídico que anos depois tirou dos médicos exilados o direito de exercer a profissão. /8

Em 2017, o jornal americano The New York Times publicou sobre o problema humanitário e a exploração dos médicos cubanos, que afirmavam estar cansados de "serem escravos": nytimes.com/2017/09/29/wor…

Hoje, o regime cubano anunciou a saída do programa Mais Médicos, apontando como razão declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro. Em agosto, num pronunciamento de campanha, ele disse que iria "expulsar com o Revalida os cubanos do Brasil". Só que a história não acaba aí /10

Eleito, Bolsonaro mudou o discurso, dizendo que uma vez empossado continuaria o vínculo com os médicos cubanos, desde que o regime concordasse em pagar os salários integralmente e permitisse avaliação dos profissionais com o Revalida. /11

As ameaças absurdas de Bolsonaro durante a campanha, no entanto, já tinham dado a base para a intransigência do regime cubano, que declarou "preocupação" com os médicos, já explorados pela ditadura Castro, e agora vai tirar os 11 mil profissionais do Brasil. /12

Resta a pergunta: como tapar deficiência de milhares de profissionais, que atendiam áreas historicamente mal-abastecidas e de difícil acesso? É hora dos médicos brasileiros engajarem-se no programa, tomando para si a responsabilidade sobre quem mais precisa. /13