Thread by @_fmorgenstern

Quando li que a TV Escola seria extinta, minha primeira reação foi o óbvio “mas só agora? não deveria ter acabado quando inventaram o Playstation 1?”. Bastou investigar um pouco para descobrir que o contrato da TV Escola com o MEC termina, mas a lei continuará exigindo os gastos.

Quem fala que “acabou a boquinha” ou em “carguinhos”, então, mal sabe que de uma instituição terceirizada, com CLT, com mandatos de diretoria de 2 anos (que este ano elegeu uma diretoria totalmente conservadora)

será trocada por gastos com funcionários concursados, indemitíveis, quase certamente da EBC, a não ser que o ministro faça algo (toda a pressão é necessária), não apenas dando “cargões” para a turma que Lula entupiu na estatal, como aumentando seu poder de lobby.

O que está sendo comemorado como “ministro mitador extingue cabidão de empregos que ninguém assiste”, por complicações burocráticas, terá o efeito INVERSO do que estão esperando. O MEC cortou os gastos da TV Escola de 70 milhões para cerca de 42.

Será difícil repetir a dose com a EBC ou outra estatal agora. Por mim, como já disse no meu texto, a TV Escola nem existiria, ou seria totalmente privatizada. Mas não foi isso que o ministro mitador fez.

Educação, como não é averiguada em 6 meses, mas em uma geração, precisa de demonstrações imediatas. É o que sempre foi feito com a TV Escola: quase um tubo de ensaio do que acaba virando política de educação.

Infelizmente muitos consideram que o MEC está indo às mil maravilhas sem nem saber o que é BNCC, o que é IAS, o que é Kroton, o que é CNE, o que é Fundeb. Ou o que iria fazer exatamente a “Lava Java da educação”, projeto hoje engavetado.

O MEC ainda não apresentou nada contra o desastre educacional: não apresentou substituto à BNCC, nem fez nenhum começo de limpa nos acordos com as instituições globalistas –

pelo contrário, como noticiou O Antagonista, Abraham Weintraub contratou advogada do grupo Anhanguera Kathleen Ferrabotti Matos, para diretora de Supervisão da Educação Superior da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior.

A Anhanguera pertence ao grupo Kroton (rebatizada Cogna Educacional), maior empresa de ensino superior do mundo no país das Uniesquinas, fundada por Walfrido dos Mares Guia, ex-ministro de Lula (leia mais más notícias aqui: bsbmagazine.com.br/sergio-cabral-… )

Os “méritos” alardeados de Abraham Weintraub, como as escolas militares, não são seu plano – já eram falados por Jair Bolsonaro ainda em campanha. Quem mais fazia pela educação foi realocado, nenhum PL foi proposto, nada de sequer apresentar um projeto de grande mudança+

que precise do aval do presidente (lembra-se da Tábata fazendo sucesso por calar Vélez?).

Arthur Weintraub, irmão do ministro, defendeu a contratação de Kathleen comparando ao cabeleiro de Jair Bolsonaro, que é o mesmo de Dilma.

Sim: comparar um cabeleireiro com a contratação de uma advogada do grupo das Uniesquinas para supervisionar o ensino superior do país. Enquanto isso, Abraham Weintraub, além de escrever “antessessores” (sic),+

acusou Bruna Luiza de “estar no MEC quando a BNCC foi assinada”, e ele não (com a diferença de que Bruna era apenas assessora internacional, enquanto Abraham é... ministro).

Já Arthur preferiu nos acusar de ter perdido “contratos” (será que ele é capaz de provar a acusação?).

A maior parte das poucas pessoas que faziam algo DE FATO pela educação, além de umas mitadas do ministro contra Zeca Dirceu (muito boas, diga-se) e vídeos com erros de português (muito ruins, diga-se),+

foram tiradas justamente dos cargos de diretores que tinham, de projetos dentro da TV Escola ou de outras áreas do MEC que depois poderiam ser utilizados para mudança na BNCC. Isso sem falar na Lava Jato da Educação ou no homeschooling.

Claro, tudo isso permitiu que Weintraub ganhasse carisma – o ministro que chegou ao ministério dizendo que faria uma gestão puramente “técnica”, e depois percebeu que teria de jogar o jogo “ideológico”, +

usar palavras shibboleth como “globalista”, e a mídia passou a tratar o ex-apaniguado do DEM como “olavista”, mesmo tendo, justamente, mirado nos olavistas do MEC em seus expurgos.

Então, aviso: sou CONTRA qualquer substituição de Weintraub, pelo simples fato de que Weintraub saindo, estaremos numa situação PIOR, e provavelmente com ainda mais lobby dos Kroton e Lemanns da vida, ao contrário do dizem jornalistas analfabetos ou pilantras por aí.

Mas só posso falar para quem LEU o que escrevi, não para quem acusou sem ler (curiosamente, 100% das críticas feitas são refutadas pelo próprio texto).

Infelizmente, Weintraub ataca justamente as pessoas do MEC que mantiveram sua popularidade alta, enquanto pouco fez para alguma mudança. Para isso, será preciso de mais do que achar que uma mudança virá apenas com mitadas no Twitter.

E quanto aos xingamentos, nós não somos assessoria de imprensa, como alguns sonham em ser. Escolhi o nome “Senso Incomum” justamente porque a verdade, muitas vezes, está escondida por trás do que parece ser o seu contrário.

Quem contar os gastos que o governo terá com TVs educativas no próximo ano poderá lembrar aos Felipes Mouras, Rodrigos Constantinos e outros que falam em “carguinhos” e “boquinhas” sobre como defenderam algo que AUMENTA gastos estatais.

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