Amanhã, dia histórico em Washington: a Câmara dos Deputados vota o impeachment do Trump. Levantamentos extraoficiais indicam que os democratas têm os votos para “indiciar” Trump - terceira vez na história que isso acontece com um presidente americano #ImpeachmentEve
O Nixon foi alvo do processo, mas o plenário da Câmara nem chegou a votar. Ele renunciou antes. Em setembro, escrevi uma matéria sobre o histórico do impeachment nos EUA no Estadão.
Engana-se quem pensa que impeachment é sobre tirar Trump da presidência. Trata-se, na verdade, de uma guerra pela opinião pública. O vencedor nós conheceremos em novembro de 2020.
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Trump e seus apoiadores têm repetido por aí que têm provas de que as eleições foram fraudadas. Mas uma rápida olhada nos processos judiciais abertos pela campanha revela que, sob juramento e risco de perjúrio, as “evidências” simplesmente desaparecem. Vamos aos fatos 🧶 👇🏾
1) Apesar das declarações públicas do presidente, advogados têm deixado claro que não estão acusando ninguém de fraude. Na Pensilvânia, um deles chegou a dizer que “acusar alguém de fraude é um passo muito grande que não estou pronto para dar”
2) Em pelo menos dois estados, a campanha desistiu de processos judiciais que havia iniciado. No Arizona, a reclamação era por conta de 200 votos que supostamente seriam irregulares. Em Nevada, o pleito era para parar a contagem dos votos, mas perceberam que não havia mérito.
Eu acho que as pessoas estão se enganando quando dizem que o fortalecimento do Trump entre hispânicos é um fenômeno reduzido ao eleitorado cubano. E trago esse dado do Texas que ajuda a comprovar que isso é uma tendência mais generalizada.
Mais um exemplo: Pensilvânia. Observem o ganho do Trump entre latinos. Repito: o desempenho republicano entre hispânicos não está contido em cubanos de Miami-Dade. É nacional.
A atenção dada ao segmento cubano na Flórida é compreensível porque foi o único lugar em que o derretimento democrata entre esse grupo afundou o partido (levando em conta que Texas nunca foi competitivo, como eu considero - desculpem!).
Eu estou tentando ignorar esse teatro jurídico da campanha do Trump porque, muito francamente, estou cansado de eleições dos EUA. Mas a curiosidade falou mais alto e fui dar uma bisbilhotada em alguns processos. O GOP não teve uma vitória sequer. O placar está literalmente 12 x 0
Apesar do estardalhaço que Trump e aliados têm feito nas redes sociais, os processos não apresentam evidência nenhuma de fraude. São, no máximo, reclamação de que observadores não acompanharam a contagem. Mas nada que sugira irregularidades disseminadas.
Eu vi algumas pessoas nesta rede social depositando as esperanças por um triunfo do Trump na Suprema Corte. Só que o tribunal não tem nada para analisar. As ações nem chegam ao nível mais alto. Não basta bater na porta da SC e simplesmente chorar. Não é assim que funciona.
Eu sou o primeiro a dizer que há algumas maneiras pelas quais as próximas duas semanas podem dar errado para os democratas e o Trump acabar vencendo. Mas é preciso deixar claro que 2020 não é 2016. São inúmeras as diferenças.
1) Em 2016, toda vez que a Hillary abriu vantagem grande nas pesquisas (de até 7 pontos), foi de forma artificial e temporária. A regra durante toda a campanha foi uma corrida apertada. Em 2020, Biden lidera com folga desde o início.
2) Em 2016, os democratas eram liderados pela candidata mais impopular da história - atrás apenas do Trump, e não por muito. Em 2020, pesquisas mostram que o eleitorado tende a ver o Biden com simpatia.
A disputa presidencial concentra todas as atenções na campanha nos EUA. Mas igualmente importante será a batalha pelo Senado. Para conquistá-lo, democratas precisam roubar 3 ou 4 assentos republicanos - sem perder nenhum.
Aqui os Estados onde acho isso possível 🧶 👇🏾
- A lista segue a ordem do mais fácil ao mais difícil para os democratas
- Porque “3 ou 4”? Se Biden vencer, Kamala Harris se torna presidente do Senado - e, portanto, voto de desempate. Se Trump vencer, Pence segue no posto.
1) Arizona
A republicana Martha McSally perdeu a eleição ao Senado há dois anos, mas foi nomeada pelo governador para a vaga aberta após morte de John McCain. Agora, luta para preservar o assento com o austronauta Mark Kelly. Ainda não vi uma única pesquisa com ela na liderança