Tivemos recentemente um histórico título de melhor filme (e outros três prêmios) ao longa sul-coreano Parasita, e vou aproveitar o gancho para falar um pouco do complexo e variado mundo dos parasitas no grupo dos artrópodes!
Morar no corpo de um hospedeiro, se alimentar dos seus nutrientes e se desenvolver à fase adulta sem muita exposição aos perigos da natureza é uma estratégia tão boa que foi adotada por diversos grupos de animais!
Mas de todos os parasitas, vamos focar nas vespas hoje (:
Vespas fazem parte da ordem Hymenoptera, junto com abelhas e formigas. É um grupo megadiverso que apresenta uma variedade bizarra de comportamentos e o parasitismo é um deles.
O comportamento parasitoide de algumas vespas é digno de grandes filmes de suspense!
Um dos mais bem descritos é o que vespas como as do gênero Ampulex apresentam. Elas caçam baratas e as atingem com seu ferrão munido de um veneno ‘zumbificante’.
O veneno atordoa a barata o suficiente para que seja facilmente carregada pela vespa até sua toca.
Em seu covil, a vespa deposita um ovo no corpo da barata. Do ovo sai uma larva que entra no corpo da barata e a devora por dentro, tomando o cuidado de mantê-la viva o máximo de tempo possível. A larva então vira uma pupa e depois deixa o corpo da barata na forma adulta.
Creepy.
Um comportamento muito semelhante é observado em vespas cavalinho-do-cão, do gênero Pepsis.
A diferença aqui é que o hospedeiro, invés de baratas, são tarântulas e algumas outras aranhas grandes!!
Outras vespas podem também parasitar larvas de besouro, lagartas de mariposa/borboleta, ootecas (saco de ovos) de louva-a-deus... A lista é ENORME! Inclusive existem relações muito intrínsecas, onde certas espécies de vespa parasitam exclusivamente certas espécies de outro bicho.
Pra finalizar, E QUEM PARASITA O PARASITA???
Nem as próprias vespas parasitoides estão livres de serem parasitadas.
Algumas vespas são especialistas em parasitar larvas/pupas de vespas parasitoides ENQUANTO essas estão parasitando outro animal. Essas são as Hiperparasitoides!
Aproveito a oportunidade para agradecer à @Insetologia e @juloooa pela contribuição com as imagens dos últimos tweets da thread ♥
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Quem vê esse rostinho lindo nem imagina o seu passado sombrio. Quando mais jovem, esse bicho tocava o terror em um dos mais temidos animais do mundo micro: as formigas!
Eu sei que vocês se AMARRAM quando a gente diz se o inseto/aracnídeo da foto que você mandou para a #trupenaturalista analisar é um macho ou uma fêmea.
Mas como a gente sabe dizer a diferença?
Vamo que vamo!
Para começar, a gente só é capaz de dizer o sexo desses animais por foto quando eles apresentam um Dimorfismo Sexual perceptível.
Dimorfismo Sexual é um nome chique pra dizer que algumas características do corpo deles são diferentes quando comparamos machos e fêmeas da espécie!
O grau desse dimorfismo pode variar bastante. Mas nós que somos mais chegados nesses bichinhos conseguimos notar alguns padrões que se repetem com bastante frequência, e isso facilita demais pra gente!
São insetos da ordem Ephemeroptera, identificados pelo par de asa triangular que não se dobra sobre o corpo, e os três cercos (fios) alongados no final do corpo.
Como o nome indica, sua forma adulta tem uma vida curtíssima!
Mas antes de tratar da forma adulta, deixa eu apresentar vocês à sua larva (chamada Náiade).
Ela é aquática e vive em rios de águas extremamente limpas. Ou seja, sua presença é um bioindicador de qualidade de água!
Geralmente são detritívoras, filtradoras ou raspadoras.
Após se tornarem adultos, começa a curta e dramática corrida reprodutiva das efêmeras.
Os machos podem viver de um a dois dias, já as fêmeas raramente ultrapassam as 24h de vida adulta. Em algumas espécies a fêmea vive apenas poucos minutos!