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RECADOS DE MANDETTA A BOLSONARO NO ANÚNCIO DO 'FICO'

Após indefinição, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse na segunda (6) que continuaria à frente da pasta. Ele fez um discurso cheio de recados a Jair Bolsonaro.

Siga o fio e veja trechos comentados da fala.
Crédito da foto acima: Sergio Lima/ AFP

"Gostamos da crítica construtiva. O que nós temos muita dificuldade é quando, em determinadas situações, por determinadas impressões, as críticas não vêm no sentido de construir, mas vem para trazer dificuldade no ambiente de trabalho."
A mensagem foi lida pela equipe do ministério como recado direto às interferências do Planalto. No último dia 2, Bolsonaro disse que havia descompasso entre ele e Mandetta. Em entrevista à rádio Jovem Pan, afirmou que "faltava humildade" ao ministro.

📷 Pedro Ladeira/Folhapress
"Isso eu não preciso traduzir, vocês todos sabem que tem sido uma constante. O Ministério da Saúde determinar uma determinada linha, adotar uma determinada situação e termos, muitas vezes, que voltar, fazer determinados contrapontos, para podermos reorganizar a equipe."
Outra mensagem direcionada ao Planalto. Enquanto o presidente defendia a volta à normalidade, o ministro pedia que as pessoas evitassem aglomerações. O contraponto incomodou Bolsonaro, que encarou o tom do ministro como provocador de "histeria".

📷Pedro Ladeira/Folhapress
"Enquanto não tivermos as condições de mudarmos as recomendações, nós reforçamos que devem ser seguidas as orientações dos senhores governadores de estado."
Mandetta reforça seu apoio aos governadores, que em sua maioria adotaram políticas de isolamento e contrariam Bolsonaro. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM),por exemplo, teceu críticas ao presidente e disse que não respeitaria suas decisões sobre saúde.

📷Sergio Lima/AFP
"A sociedade precisa entender que a movimentação social é tudo o que esse vírus quer. Essa movimentação vai levar o vírus para as camadas mais frágeis da sociedade e mais numerosas, para os moradores de rua, comunidades, favelas, vai levar para as grandes concentrações urbanas."
O trecho contraria tudo o que Bolsonaro tem falado até aqui sobre a pandemia. Até mesmo uma campanha que pede a volta ao trabalho foi elaborada pelo governo, mas terminou barrada pelo Supremo Tribunal Federal.

📷Pedro Ladeira/Folhapress
"Nós não estamos preparados. Nós não estamos prontos para uma escalada de casos nas nossas grandes metrópoles. Ainda temos muito o que fazer."
Mandetta tem elevado o tom quando o assunto é o possível impacto da pandemia sobre o sistema de saúde, que pode colapsar. Quando o ministro mencionou essa possibilidade em abril, foi repreendido por Bolsonaro.

📷Pedro Ladeira/Folhapress
"Este final de semana foi um final de semana de muita reflexão para todos. (...) Eu fui ler O Mito da Caverna, que é um dos diálogos de Platão que eu tinha lido aos 14 anos pela primeira vez e já li umas 20 vezes até e até hoje não consigo entender. Continuei sem entender."
Mandetta escolheu citar um texto frequentemente usado para ilustrar o conflito entre a ignorância e o conhecimento. O diálogo entre Sócrates e Glauco está no livro "A República", escrito por Platão no século 4º a.C.

📷Pedro Ladeira/Folhapress
"Cada um voltou no domingo à noite com as suas baterias todas focadas para essa semana de trabalho. Infelizmente começamos com mais um solavanco a semana de trabalho. Esperamos que a gente possa ter paz para poder conduzir."
Ao dizer que continuaria no ministério, Mandetta afirmou que a inconstância estaria atrapalhando o trabalho.“Hoje foi um dia que rendeu muito pouco o trabalho do ministério. Teve gente limpando gaveta, pegando as coisas. Até as minhas gavetas", disse.

📷Pedro Ladeira/Folhapress
"Depois da reunião me levaram numa sala com dois médicos que queriam fazer um protocolo de hidroxicloroquina por decreto. Eu disse para eles que é super bem-vinda (...) Há indícios? A tese é boa? É boa. Mas primeiro convença os pares técnicos. E aí vamos fazer pela ciência"
Bolsonaro tem defendido que a hidroxicloroquina seja ofertada a mais pacientes da Covid-19, mas o Ministério da Saúde criou protocolo só para uso em pacientes com quadros críticos. Mandetta tem reforçado que evidências da eficácia do remédio são frágeis.

📷 Isac Nóbrega/PR
"Vamos continuar, porque continuamos a enfrentar o nosso inimigo, que tem nome e sobrenome, a Covid-19. Temos uma sociedade para lutar e proteger, médico não abandona paciente e não vou abandonar."
O ministro retoma uma expressão que vem usando nos últimos dias na qual compara o Brasil a um paciente seu. Uma eventual saída do cargo, e seu ônus em meio à pandemia, seria inteiramente de Bolsonaro.

📷Pedro Ladeira/Folhapress
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