Thread by @manwblueguitar

A VIDA NA CIDADE GRANDE

1/8 O assassino Caim fundou a 1ª cidade e nos legou sua maldição: a vida em sociedade gera tensões e necessidades insolúveis que só são mitigadas esporadicamente com o derramamento de sangue de um dos lados do relacionamento: governantes ou governados.

2/8 Essa é apenas uma das instâncias em que constatamos a verdade inescapável de que 𝘢 𝘷𝘪𝘥𝘢 𝘴𝘦 𝘢𝘭𝘪𝘮𝘦𝘯𝘵𝘢 𝘥𝘦 𝘷𝘪𝘥𝘢. quanto sofrimento (animal e humano) foi necessário para usufruirmos de remédios e procedimentos médicos, quantas mortes para o avanço da ciência?

3/8 Quanta arte de que usufruímos nasceu da exploração de fatos dolorosos da vida do artista e de pessoas próximas a ele? Não se trata de justificar o mal, mas do sempre urgente e necessário processo de anamnese: é preciso lembrar disso sempre, pois o Diabo quer que esqueçamos.

4/8 𝘈 𝘷𝘪𝘥𝘢 𝘴𝘦 𝘢𝘭𝘪𝘮𝘦𝘯𝘵𝘢 𝘥𝘦 𝘷𝘪𝘥𝘢. Daí eu não levar a sério dentes-de-leite e marmanjos fracassados que aparecem afetando ultraje humanitário pelo modo como me refiro à violência (sempre de forma geral e abstrata, nunca específica sobre alguém de carne e osso):

5/8 Se sincera, a perspectiva deles é ingênua: parte do pressuposto de que a violência é um mal absoluto a ser evitado a todo custo de qualquer forma (já constatei isso ao cometer a sandice de trocar DM com um deles). Ora, a ingenuidade é um luxo a que adultos não podem se dar.

6/8 Quer ser levado a sério? Comece aceitando que a sociedade é por natureza uma máquina de triturar gente (do canibalismo e sacrifício ritual do início da civilização aos “mil soldados” que Napoleão custava por dia), e que não serão cartas de intenção da ONU que mudarão isso.

7/8 Aí poderemos conversar – inclusive sobre como o cristão fica nesse esquema (não à toa em sua morte Cristo desvelou de forma definitiva o mecanismo sangrento que agora progressistas e gente burra em geral ignora ou tenta ignorar para poder acusar os outros de “ódio”, [+]

8/8 a partir de uma posição de superioridade moral tão falsa quanto burra, pois só há moral onde há escolha, e uma escolha entre o mal puro e o bem puro e perfeito não seria escolha moral nenhuma, já que não exigiria nada da sensibilidade moral, mas apenas mero bom senso).