Então gente, resolvi fazer essa thredding para explicar a importância de ocupar todos os espaços na industria do entretenimento e isso inclui estar atrás das câmeras. Muita gente indignada com a Edição branqueada no ensaio da @thelminha_assis 
queria registrar que até na fotografia, e falo tecnicamente, o racismo deixou marcas ceveras. Infelizmente a mudança aconteceu não por que nós mudamos mas por que um outro setor da indústria reivindicou isso. Segue o fio.
Quando surgiram os filmes coloridos, eles foram pensados para pele clara, o que surpreende um total de ZERO pessoas. Com filmes P&B algumas coisas eram super fáceis de se resolver na hora da revelação. Dá para explicar isso com trabalhos de profissonais do passado e do presente.
Ansel Adams era um super mago da pós produção, Seu trabalho é marcado por paisagens incríveis, exposições luminosas perfeitas e impossíveis de serem captadas somente num click
Pois bem, nessa época os papeis fotográficos eram feitos com Sal de prata, material que é fotossensível. Quando o Sal é exposto a luminosidade ele escurece, dependendo da quantidade de luz nele direcionada, o que forma uma escala de cinza. Quanto mais luz mais preto, menos luz...
A mágica acontece na hora de ampliar a foto e fixá-la no papel. As pessoas faziam isso, alguns profissionais ainda fazem nesse trabolho aqui. Chama-se ampliador. O negativo é colocado lá no alto e o papel fotossensível em baixo. Sim tudo isso na Luz vermelha
Se cabe ao fotógrafo captar o melhor ângulo e nos presentear com cenas inusitadas é papel do laboratorista, o cara ou a mana que opera o ampliador, valorizar o click ainda mais. Agora eu vou recorrer a um monstro brasileiro chamado Sebastião Salgado.
Ele é conhecido por registro documentais em P&B no mundo todo. Suas expedições levam entre cinco e dez anos. Tipo uma vida inteira para lançar UM LIVRO que todo mundo se estapeia pra ter. Sim são bem caros.
Voltando ao ampliador, vejam essa foto. Claro é só um recorte, mas eu tenho a sensação de que eles estão num lugar coberto e cachorro está do lado de fora. Reparem com a tez escura da pele está bem foto metrada. lá fora dá pra ver o doguinho numa boa e um pouco da paisagem.
Na prática, conseguir esse registro, somente no click, é uma luta. aGente precisa escolher se vai fotografar usando a luz de dentro da casa, na sombra, mostrando bem os personagens, ou lá fora, onde tem MUITA LUZ. Para ele interessa o que tá dentro da casa certo? Pois bem,
Certamente, Sebastião escolheu fotometrar nas pessoas mas não quis perder a informação que tava lá fora. Coube ao laboratorista trabalhar em cima da ampliação para mostrar o que estava do lado de fora. O doguinho e os coqueiros.
Severas* tava empolgada escrevendo e não revisei
Geralmente a gente faz um teste de exposição no ampliador para saber quanto tempo o papel precisa ficar exposto a luz pra saber qual o contraste que queremos, e em quais regiões.
Fica mais ou menos assim
Certamente essa foto precisou ser menos exposta a Luz na região do Doguinho e dos coqueiros, já tem muita luz ali então é possível que o laboratorista tenha mascarado com um anteparo essa região menos iluminada pra que as informações nela aparecessem mais na hora da ampliação.
Tudo isso que tô falando é bem a grosso modo tá? As vezes uma revelação só é mascarada mais de uma vez em regiões diferenstes até com ajuda de filtros para aumentar o contraste
O mesmo acontece aqui nessa família de pastores. Local aberto, chão de terra batida refletindo a luz do sol e a tez escura da pele deles. Assim tudo o que está em cena aparecem bem sem muito prejuízo. Essas exposições levam segundos ou minutos, depende do resultado pretendido
Mas aí chegam os filmes coloridos. E o privégio meus amores, é pra quem é branco.
Os tipos de químicos que revestem esse filme não eram adequados para capturar a variedade de tons de pele mais escuros. Dá pra acreditar que até nisso a gente se ferrou? Pois bem... Se preparem que agora é só ladeira abaixo.
Os laboratórios de fotografia nas décadas de 1940 e 1950 usaram a imagem de mana branca, chamando esse setup de SHIRLEY CARD, para equalizar as cores da impressão. Nosso tom de pele não era normal.
Isso só mudou depois que a INDÚSTRIA DO CHOCOLATE, reivindicou um registro mais adequado aos variados tons de produtos que eles tinham para vender. Sim não teve o dedo do movimento negro nisso.
A professora Lorna Roth da universidade de Concordia escreveu uma pesquisa falando sobre a distorção de pessoas negras na fotografia colorida. As imagens faciais eram sem o contraste adequado entre a cor da pele dos olhos e dos dentes.
cjc-online.ca/index.php/jour…
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Esse vídeo explica bem
Agora vamos falar do que aconteceu com a nossa rainha @thelminha_assis em seu ensaio...
Faltou bater o branco. Calma, não foi o fotógrafo, mas equalizar a temperatura de cor para que a a pele dela não parecesse clareada. Pode ter sido uma escolha estética da fotógrafa? Sim. Mas diante desse histórico eu confesso que me incomodou bastante.
Eu acredito que a solução para esse tipo de coisa é a gente ocupar TODOS os espaços possíveis. Amo fotografia, mudei de cidade para estudar mais a respeito e foi a melhor decisão que tomei na vida. Tudo que aprendi muda a cabeça de qualquer profissional
É isso. Espero que tenham gostado pq deu o maior trabalho! Me sigam no instagram! #Ubuntu instagram.com/janribeiro/
