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Asma al-Assad é casada com o presidente da Síria, Bashar al-Assad, desde 2000, ano em que ele assumiu a presidência do país. Ela ficou muito conhecida pelas suas aparições como socialite, mas vem tendo um papel maior do que se imagina na política do país.

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O presidente sírio, Bashar al-Assad, é filho de Hafez al-Assad e de Anisa Makhlouf, ambos pertencentes a famílias alauítas de Latakia.

Os Assad representam o poder no país desde que Hafez chegou ao poder, em 1971.

Os Makhlouf são uma das famílias mais ricas do país.
O casamento Assad-Makhlouf é a junção da fome com a vontade de comer: a família mais poderosa do país passou a ser financiada por uma das mais ricas.

O resultado é que os Assad estão no poder há quase 40 anos e os Makhlouf controlam cerca de 60% da economia do país.
Apesar de discreta, Anisa Makhlouf era influente tanto no governo de seu marido, Hafez, quanto no de seu filho, Bashar.

Ela convenceu Bashar al-Assad a usar força máxima para esmagar as manifestações de 2011, para que ele não fosse mais um presidente vítima da Primavera Árabe.
Já Asma al-Assad não faz parte desse grupo.

Ela vem de uma rica família sunita de Homs, ressentida com o domínio das famílias alauítas de Latakia (Assad e Makhlouf) sobre a política e a economia do país.
Ela nasceu e foi criada em Londres, onde estudou em algumas das melhores instituições de ensino e conheceu Bashar al-Assad, que estudava oftalmologia.

Casaram-se em 2000, poucos meses depois de ele se tornar presidente, com a morte de Hafez.
Asma se tornou uma internacionalmente reconhecida, a ponto de ser chamada de “Rosa do Deserto”, e ter publicado um perfil na Vogue, mesmo depois do início da grave guerra civil, em 2011.

(Depois, foi revelado que a matéria foi comprada, como forma de melhorar a imagem dos Assad)
Desde que ela se tornou primeira-dama, construiu uma intensa rivalidade com Rami Makhlouf, primo de primeiro grau de Bashar, detentor de uma fortuna estimada em US$ 6 bilhões e chefe de uma importante máfia, tradicionalmente protegida pelos Assad.
Famílias sunitas, como a de Asma, sempre enxergaram a relação entre os Makhlouf e os Assad como espúrias, pouco transparentes e responsáveis pela dificuldade de acesso a contratos públicos.
Um ponto de virada para Asma Al-Assad foi a crescente presença da Rússia na Síria, durante a guerra civil.

A Rússia salvou o governo de Assad, mas influenciou a Síria de formas vistas como ameaçadoras pela primeira-dama:
1) Limitou a influência do Irã, que é menos poderoso que a Rússia, mas mais comprometido com o poder de Assad.

Há rumores de que Putin sacrificaria o governo de Assad se a estabilidade síria dependesse disso. O Irã não parece inclinado a cogitar essa possibilidade.
2) A Rússia direcionou os seus negócios no país para a família Makhlouf.

Houve momentos em que a Rússia cobrou enormes dívidas do governo sírio e, sabendo que não havia dinheiro, encorajou Assad a contrair um empréstimo com o primo, Rami Makhlouf.
O clima entre os Assad e os Makhlouf começou a azedar com essa dependência, e a família do presidente reagiu.

Um doce pra quem adivinhar quem é a chefe da comissão anti-lavagem de dinheiro da Síria: Asma
Rami foi condenado por evasão fiscal e funcionários seus foram presos.

Paralelamente, Asma vem trabalhando pela construção de alternativas estatais ao império dos Makhlouf, como na criação de uma operadora de telefones celulares e no confisco de bens da família.
O último golpe veio do Ministério de Comunicações da Síria, que ordenou que Rami Makhlouf pagasse US$185 milhões, por irregularidades nas licenças de funcionamento das telecoms da família.
Mas a saga não para aí: enquanto Asma tenta conquistar os sírios com seu trabalho de caridade e combate à corrupção, Makhlouf divulgou informações embaraçosas sobre a primeira-dama, como a compra de um quadro de US$30 milhões, enquanto 83% da população vivem na pobreza.
O embate entre as duas famílias mais importantes da Síria é vista pela Rússia e pelo Irã como um tempo oportuno para que se recuperem da crise do coronavírus, que atinge ambos pesadamente.

Mas a Síria ainda está longe do fim da sua crise.
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