THREAD: Nos dias que se seguiram ao assassinato de George Floyd nos EUA, a pauta da luta antirracista trouxe ao centro da discussão uma antiga pauta do movimento #VidasNegrasImportam : a retirada de estátuas que homenageiam figuras históricas escravagistas. 
No dia 7 de junho de 2019, na cidade de Bristol, na Inglaterra, manifestantes derrubaram uma estátua (construída em 1895) de Edward Colston, proeminente membro da "Royal African Company" durante o século XVII.
Apenas no período em que Colston esteve vivo, foram 84,000 pessoas
Apenas no período em que Colston esteve vivo, foram 84,000 pessoas
escravizadas e subsequentemente transportadas através do Atlântico pela companhia.
Pedidos pela remoção da estátua de Colston na cidade de Bristol existiam desde a década de 1990, com petições em favor chegando à 11 mil assinaturas.
Pedidos pela remoção da estátua de Colston na cidade de Bristol existiam desde a década de 1990, com petições em favor chegando à 11 mil assinaturas.
No Brasil, a discussão toma fôlego, e no centro dela, a estátua do bandeirante Borba Gato, no coração do bairro de Santo Amaro, na cidade de São Paulo.
Construída no final da década de 1950, a estátua de 12 metros homenageia o bandeirante que viveu entre os séculos XVII e XVIII.
Construída no final da década de 1950, a estátua de 12 metros homenageia o bandeirante que viveu entre os séculos XVII e XVIII.
É importante compreender como a estátua de Gato, é construída em um contexto mais amplo da construção da memória dos bandeirantes no estado de São Paulo.
Desde o final do século XIX, se intensificando ao longo do século XX, há um esforço intelectual por+
pt.wikipedia.org/wiki/Bandeiran…
Desde o final do século XIX, se intensificando ao longo do século XX, há um esforço intelectual por+
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parte das elites paulistas em construir o imaginário dos Bandeirantes como heróis-fundadores do estado de São Paulo.
Para além de estudos genealógicos que buscavam ligar as ricas famílias paulistas aos grandes bandeirantes, também são construídos memoriais em homenagem a eles.
Para além de estudos genealógicos que buscavam ligar as ricas famílias paulistas aos grandes bandeirantes, também são construídos memoriais em homenagem a eles.
Esse processo de mitificação, que passa pela própria sede do governo do estado (o "Palácio dos Bandeirantes"), afasta do público a percepção da realidade das fontes históricas, que mostram a brutalidade dos bandeirantes e+
pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1…
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o seu papel-chave no extermínio e escravização de centenas de indígenas e na destruição de quilombos (o Quilombo de Palmares, por exemplo, foi destruído sobre a liderança de Domingos Jorge Velho) e captura de escravos que conseguiam escapar das fazendas onde eram mantidos.
Nesse sentido, os monumentos e estátuas que homenageiam os bandeirantes e os comerciantes de escravos britânicos não representam a história da escravidão: a distorcem, glorificando os escravistas como heróis, símbolos estaduais, municipais e mesmo nacionais.
Recomendações de leitura:
-@analuciaraujo_, pesquisadora sobre a história e a memória pública da escravidão no mundo atlântico.
-Artigo "Os bandeirantes ainda estão entre nós" (doi.org/10.4000/pontou…)
-Episódio do Last Week Tonight sobre os Confederados:
-@analuciaraujo_, pesquisadora sobre a história e a memória pública da escravidão no mundo atlântico.
-Artigo "Os bandeirantes ainda estão entre nós" (doi.org/10.4000/pontou…)
-Episódio do Last Week Tonight sobre os Confederados:
-Dissertação "Lugares de memória do bairro de Santo Amaro: a estátua de Borba Gato" (dspace.unisa.br/handle/1234567…)
-Matéria da BBC sobre estátuas sendo contestadas ao redor do mundo nessas últimas semanas: bbc.com/news/world-529…
-Matéria da BBC sobre estátuas sendo contestadas ao redor do mundo nessas últimas semanas: bbc.com/news/world-529…
