A @agenciapublica em parceria com o @TheInterceptBr publicou 5 reportagens investigativas sobre a relação entre a Lava-Jato e o Departamento de Justiça Americano (DOJ). Essa thread resume e organiza as principais descobertas 👀
1) Desde pelo menos 2015 já havia comunicações entre o DOJ e Deltan Dallagnol. Em fevereiro, Rodrigo Janot foi aos EUA acompanhado de Dallagnol e outros procuradores para apresentar as investigações e discutir um acordo de cooperação judicial. g1.globo.com/politica/opera…
Por sua vez, o então chefe da Unidade de Corrupção Internacional do FBI, George “Ren” McEchern diz que desde 2014 o FBI estava buscando países que “poderiam convidar agentes do FBI até o país para analisar investigações de corrupção que tivessem um nexo com os Estados Unidos”.
Em outubro de 2015, Deltan e cia. organizaram uma visita de procuradores do DOJ e agentes do FBI e fizeram um excelente briefing sobre as delações. De quebra, apresentaram-nos para os advogados dos delatores da Odebrecht e Petrobras. apublica.org/2020/03/como-a…
A Lava-Jato escondeu dessa visita do governo federal. Então ministro da Justiça, Eduardo Cardozo contou à Pública que tomou um susto. “Eu fui avisado pela PF de que havia uma equipe norte-americana em Curitiba estabelecendo um diálogo com autoridades"
"a PF me perguntou se isso havia sido autorizado por nós. Eu não tinha a menor ciência disso.” Cardozo disse que interpelou Rodrigo Janot, que assegurou que se tratava de “uma atividade exclusivamente não funcional”, de “alguma finalidade acadêmica”.
5) A visita, sem autorização do MJ, é ilegal. No entanto, quando interpelados pelo MJ os procuradores garantiram que não se tratava de uma “diligência” e ainda esconderam os nomes dos agentes do FBI que estavam na comitiva “para não causar ruído” com o governo americano.
6) Documentos obtidos pelo @TheInterceptBr mostram que os agentes americanos iam a Curitiba p/ “levantar evidências adicionais sobre o caso” da Petrobras e “conversar com os advogados sobre cooperação de seus clientes com a investigação em curso nos EUA”. theintercept.com/2020/03/12/lav…
7) Depois da visita procuradores sugeriram maneiras dos EUA contornarem o STF p/ interrogar brasileiros.“Agora nós temos + uma maneira de convencer empresas e indivíduos a revelar fatos: ameaçar informar ‘as autoridades Americanas’ sobre corrupção e delitos internacionais(risos)”
8) A seguir, a PGR toma um susto quando percebe que os americanos já estavam ouvindo testemunhas do caso nos Estados Unidos. Deltan diz que é tarde demais para voltar atrás: “ EUA estão com a faca e o queijo na mão para ouvirem”
9) No ano seguinte, os procuradores do DOJ e agentes do FBI voltaram ao Brasil para interrogar os primeiros delatores da Lava-Jato. Dessa vez vieram com um acordo de colaboração judicial (MLAT) assinado. No RJ, ouviram Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa durante 9 horas cada um.
10) Nesta visita, passaram também por Curitiba, onde ouviram o doleiro Alexandre Yousseff durante seis horas, assim como Agosthilde Mônaco de Carvalho, ex-assessor de Cerveró que atuou na compra da refinaria de Pasadena, no Texas. apublica.org/2020/03/como-a…
11) Desde outubro de 2015, representantes do governo americano já avisavam em reuniões fechadas que pensavam em impor à Petrobras uma multa de 1,6 bilhão de dólares.
12) Naquela mesma visita, Delta já recebia um agrado: “Ontem falamos com eles sobre ‘assets sharing’ da multa e perdimento associados à ação deles contra a Petro, e em parte desses valores há alguma perspectiva positiva”. ‘Asset sharing’ é o termo elegante p/ divisão da grana.
13) Desde então, os procuradores brasileiros discutiam a possibilidade de receber uma parcela dessa multa e criar uma fundação para gerir o valor bilionário, na qual teriam óbvia influência e que apoiaria projetos e treinamentos de combate à corrupção. apublica.org/2020/03/desde-…
14) Ao mesmo tempo, Deltan e Roberson Pozzobom discutiam abrir uma empresa para atuar no mesmo ramo: “Vamos organizar congressos e eventos e lucrar, ok?”, escreveu Dallagnol para sua esposa. theintercept.com/2019/07/14/dal…
15) A proximidade levou os procuradores a usar a parceria como modo de arrecadar mais. Chegaram a buscar ligações de uma empresa de Singapura que investigavam com os EUA, pois assim podiam envolver o DOJ e “ampliar o valor”, nas palavras de Deltan. apublica.org/2020/03/desde-…
16) Durante a apuração, pesquisei bastante o papel de Leslie Backschies, que hoje coordena a Unidade de Corrupção Internacional do FBI. Fluente em Português e seu nome do meio é “Rodrigues”. O primeiro registro dela é de 2012, quando ela veio para treinar PMs para a Copa.
17) Leslie Baskschies veio na reunião de 2015 e não voltou em 2016. Mas é conhecida dos procuradores: Thame a Deltan falam com proximidade sobre ela.
18) Segundo Ren McEchern falou em um evento em São Paulo em 2019, Leslie foi enviada em 2014 para ajudar nas investigações da Lava Jato. Leslie foi, em outra palestra, referida pelo ex-chefe como “um trabalho tremendo” e “crítico para o FBI”. web.archive.org/save/https:/ww…
19) Leslie cresceu no FBI após ter atuado nos casos da Lava-Jato: virou em chefe das 4 unidades do FBI que investigam corrupção internacional e disse à AP: “Nós vimos muita atividade na América do Sul — Odebrecht, Petrobras. Temos tido muito trabalho ali” apnews.com/9eaa9b8a120545…
20) Outros agentes do FBI também valem ser lembrados. Patrick Kramer, por exemplo, atuou na Guerra do Golfo e passou seis meses no Consulado São Paulo atuando em “casos de corrupção” em 2016. Tudo indica que era a ligação com procuradores da Lava-Jato. apublica.org/2020/07/quem-s…
21) Um dos diálogos que mais provocou polemica foi uma troca talvez a mais incisiva, entre Vladimir Aras, da PGR, e Deltan Dallagnol.Aras é especialista em cooperação internacional e avisou Deltan que não adiantava se comunicar diretamente com o governo americano.
22) Por que essa relação é problemática? Primeiro, é importante entender que, nos casos das leis de FCPA, quem faz a investigação é o Departamento de Justiça Americano. Não existe, nesse caso, separação nos EUA entre os procuradores de Justiça e o Executivo.
23) Segundo a reportagem do Associated Press, feita com base em entrevista com Leslie Baskschies, os procuradores e o FBI se reúnem a cada 15 dias para falar de consequências políticas e econômicas das investigações.
24) Leslie explica: “Quando você está olhando para oficiais estrangeiros em outros governos — quer dizer, veja, na Malásia, o presidente não foi reeleito. Nós vimos presidentes derrubados no Brasil. Esses são os resultados de casos como esses". apublica.org/2020/07/o-fbi-…
25) Não se trata, portanto, de, como colocou o ex-juiz Sergio Moro na semana passada, se é culpa do DOJ ou da CIA se um político é flagrado pagando propina.
26) A questão é mais de fundo: pode um governo de outro país ser convidado para investigar propinas que ocorreram entre empresas brasileiras e cidadãos brasileiros, para puni-las em seu país? E o pior, sem questionamento das autoridades ou da imprensa?
27) Essas perguntas são fundamentais para qualquer país refletir sobre o seu papel no mundo. E qualquer jornalista que se preze não pode ignorar as questões geopolíticas que tocam, transformam e moldam a história e o destino do seu povo.
28) Vale lembrar que, no Ministério da Justiça, Sergio Moro escancarou as portas para o FBI, com acesso a um posto de vigilância na tríplice fronteira, ponto estratégico para os EUA a pretexto de combater o terrorismo internacional. apublica.org/2020/05/no-min…
⚡️Notícia Importante: Conselho Nacional do Ministério Público abre investigação dos procuradores da Lava-Jato por relacionamento com FBI.
No último mês, o homem mais rico do mundo abraçou com tanto entusiasmo a campanha do republicano que acabou garantindo um empurrão final – e dando uma enorme lição sobre como funciona a corrupção à americana. (+)
O cenário é escandaloso. Tendo obtido uma promessa de um cargo poderoso num futuro governo, Musk prometeu doar pelo menos 500 milhões de dólares para a campanha, segundo o próprio Trump. (+)
Fez mais. Organizou jantares para convencer outros milionários a doar, como ele, “em grandes números”, garantindo que seria um investimento seguro. (+)
@agenciapublica A narrativa de Alexandre como "censor" foi sempre mencionada nos principais sites/blogs da ultradireita americana, porque reforça a própria tese deles de que houve sim fraude nos EUA (e no Brasil) (+)
Depois da derrora eleitoral, Bannon e sua turma insuflaram brasileiros e americanos a apoiar os movimentos golpistas por aqui. STF e Moraes foram usados como arguento (+) apublica.org/sentinela/2023…
O que disse o Comandante do Exército, General Tomás sobre as eleições.
"Não dá para falar com certeza que houve qualquer tipo de irregularidade [na eleição]. Infelizmente, foi o resultado que, para a maioria de nós, foi indesejado, mas aconteceu". (+)
"A diferença nunca foi tão pequena, mas o cara fala assim: ‘General, teve fraude’. Nós participamos de todo o processo de fiscalização, fizemos relatório, fizemos tudo. Constatou-se fraude? Não. Eu estou falando para vocês, pode acreditar. A gente constatou fraude? Não." (+)
"Este processo eleitoral que elegeu o atual presidente e que não elegeu o ex-presidente foi o mesmo processo eleitoral que elegeu majoritariamente um Congresso conservador. Elegeu majoritariamente governadores conservadores" (+)
⚠️Proposta do PT acaba com as GLOs. Vem que eu explico. 👇
A PEC a ser porposta pelo Deputado Carlos Zarattini é direta e curta nas mudanças constituicionais que propõe. Ela muda em essência o Artigo 142, tão usado pelos golpistas Bolsonaristas para propor que as Forças Armadas teriam o "poder mediador" e poderiam enquadrar o STF (+)
Substitui dois termos ambíguos do Artigo 142: Primeiro, que as Forças Armadas se dedicam à "garantia dos poderes constitucionais" e
"por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem" (+)
A fábrica de fazer dinheiro de Steve Bannon e Cia usando os golpistas americanos (+)
Esse email chegou hoje pra quem é inscrito na newsletter do Steve Bannon. É um pedido de "doações" pra um advogado que promete tirar da cadeia todos os golpistas que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021 (+)
Muitos já foram condenados e estão enfrentando o sistema prisonal americano que, como aqui no Brasil, é lamentável. Mas o mais relevante é que esse é só mais um dos esquemas vendidos por Bannon para capitalizar com o extremismo americano (+)