Há um ano eu estava na audiência de conciliação mais engraçada que participei. Ação de alimentos.
Juiz designou a conciliação, porém havia um mandado de prisão em aberto contra o réu numa execução movida por outro filho. Se ele fosse à audiência iriam cumprir o mandado.
Juiz designou a conciliação, porém havia um mandado de prisão em aberto contra o réu numa execução movida por outro filho. Se ele fosse à audiência iriam cumprir o mandado.
Como nessa hipótese o réu pode fazer-se representar (§10, 334), eu disse não vai e só assina essa procuração para um colega meu te representar. Cheguei no fórum e me parece que toda a família de ambas as mães estava lá para ver o meu cliente ser preso. Sedentos.
Me apresentei para o ato. Cadê o réu? Juntei a procuração em que ele outorga sua participação ao colega que levei. Nos sentamos. O advogado da mãe ficou doido. Ela pegou o celular e ligou pra outra mãe lá fora: “o maldito escapou de novo”.
O adv da mãe era um senhorzinho muito simpático que berrava: MAS NÃO PODE ISSO, NÃO PODE MESMO, VC É UM SAFADO DR, CONCILIADORA TEM QUE PRENDER ESSE RAPAZ AÍ. Daí meu colega me dizia: Porra, como assim? Tá louco. Cara, minha pressão ta caindo. Mano do céu como vc faz isso comigo?
Enquanto isso, eu tentava dizer ao meu colega que nem do Direito era: "mano não vai dá nada, relaxa". Já o advogado da mãe tentava convencer a conciliadora a colocar na ata um pedido de prisão do meu colega.
Depois de muita baixaria e do diálogo entre as mães: “na próxima a gente pega ele, safado”, e a conciliadora dizendo: “Sra, fique na sala, e ei a Sra não é parte nesse processo, fique lá fora, sim a Sra tem processo contra ele, mas não é esse”, a ata foi encerrada sem acordo.
Saí da sala com meu colega, ele praticamente cagado (eu tenho quase ctz), enquanto o outro advogado seguia gritando: “vou te denunciar na OAB, vou sim”. Lá fora as mães me olhando com ódio dizendo aos demais parentes: advogado é tudo bandido, deu um jeito de sumir com o fulano.
Acho que traumatizei esse meu colega. Última vez q o chamei ele disse: "tá louco eu fui lá numa boa e quase fui preso por causa de pensão de filho que nem era meu". Ah, e uma das mães ainda gritava: juliano, pega o carro e vamos seguir esse advogado ele deve ta indo ver o fulano
Dei um tempo lá com meu colega, esperei as partes irem embora e fiz outro caminho de volta pro escritório. Vai que o juliano, que não faço ideia de quem seja, estivesse me seguindo. Enfim, advogar em alguns momentos pode ser bem engraçado. #PAZ
