Lendo sobre a polêmica entre a @letparks e a Djamila Ribeiro q, em plena semana de #BrequedosApps fez propaganda p empresa de aplicativo. Letícia criticou e recebeu como resposta de Djamila a alcunha de "clarinha do turbante" e uma ameaça de processo. Cancelada mas segue o fio.
Em 2018, escrevi um artigo polemizando com o conceito de lugar de fala da Djamila, tomando como base teórica a Análise do Discurso (teoria que estudo para a minha tese).
Chego à conclusão de q o lugar de fala proposto por Djamila, a partir do justo entendimento q na nossa sociedade homens brancos, heterossexuais e ricos têm direito a falar sobre tudo até mesmo sobre o q não lhes diz respeito, se preocupa muito com QUEM fala e n com O QUE se fala.
N se preocupa c os processos históricos e ideológicos q formam os sujeitos antes mesmo de eles falarem. Pensei em Fernando Holliday: vereador negro e gay cujas propostas eram "acabar c o vitimismo, c as cotas raciais para concursos públicos e revogar o Dia da Consciência Negra".
Fernando tem todos os pré-requisitos para ocupar um lugar de fala sobre racismo (negro, gay, periférico), mas sua PRÁTICA POLÍTICA é totalmente contrária. Ele atua muito mais em favor da reprodução dos saberes e práticas do racismo do que o contrário. E são muitos os exemplos:
Obama foi o 1° presidente negro nos EUA, mas durante seu mandato morreram mais jovens negros pela violência policial. Dilma foi a 1a presidenta do Brasil e se aliou com a bancada fundamentlista, além de cortar muita verba da pasta de combae à violência contra a mulher.
Hoje, a própria Djamila faz propaganda p empresa de aplicativo bem na semana em q os entregadores (maioria negros) se rebelam contra a lógica de exploração a que estão submetidos.
E ainda por cima silencia uma mulher negra, ameaçando processá-la e diminuindo sua legitimidade de falar a chamando de "clarinha do turbante". Onde quero chegar com tudo isso?
É preciso lutar sim p q as minorias tenham espaço. Mas o que precisamos estar atentos é q só reivindicar o espaço para falar sem travar o justo combate contra as instituições do capitalismo, contra a ideologia dominante, não vai fazer com que as coisas se transformem.
Vamos no máximo ter Obamas, Hollidays, Saras Winter ocupando espaço e reproduzindo os discursos e as práticas dos homens brancos, heterossexuais e ricos.
