hoje existe uma grande preocupação com a "relativização" da Bíblia.
a preocupação é justificada pois dentro da religião muitos entendem que Deus é absoluto, que sua Palavra é absoluta, e que a Palavra absoluta é invalidada e enfraquecida através de relativizações humanas.
a preocupação é justificada pois dentro da religião muitos entendem que Deus é absoluto, que sua Palavra é absoluta, e que a Palavra absoluta é invalidada e enfraquecida através de relativizações humanas.
nesse fio quero sugerir que interpretação inevitavelmente envolve relativização, pois por mais que Deus seja absoluto e que a verdade seja absoluta, nós não somos... e a prática da sabedoria e do discernimento na Bíblia se encontra também em nossa capacidade de relativização.
mas o que quero dizer com relativização?
respondo: relativizar é conferir valores, importâncias, e hierarquias entre coisas, e no caso da interpretação bíblica, entre textos e idéias.
Eva relativizou no jardim, Paulo foi um grande relativizador, mas começarei com outro exemplo
respondo: relativizar é conferir valores, importâncias, e hierarquias entre coisas, e no caso da interpretação bíblica, entre textos e idéias.
Eva relativizou no jardim, Paulo foi um grande relativizador, mas começarei com outro exemplo
o exemplo:
nas tentações do deserto Jesus colocou deuteronômio 6 acima de salmo 91 (citado pelo diabo).
a seletividade de Jesus revelou as prioridades de Jesus, a ordem de valores que Jesus enxergava entre os textos dentro do contexto em que estava... e isso, é relativizar.
nas tentações do deserto Jesus colocou deuteronômio 6 acima de salmo 91 (citado pelo diabo).
a seletividade de Jesus revelou as prioridades de Jesus, a ordem de valores que Jesus enxergava entre os textos dentro do contexto em que estava... e isso, é relativizar.
vou repetir, pois uma coisa precisa ficar bem clara: interpretação envolve relativização pois ao interpretarmos exercitamos seletividade, e seletividade revela a natureza de nossas prioridades, nossa ordem de valores entre textos. revela como um texto é relativo a outro.
outro exemplo:
"e todas as nações serão reunidas diante dEle, e apartará uns dos outros."
Mateus 25.32
agora leia:
"assim descreveu Cristo aos discípulos, no Monte das Oliveiras, as cenas do grande dia do Juízo. E apresentou sua decisão como girando em torno de UM PONTO...
"e todas as nações serão reunidas diante dEle, e apartará uns dos outros."
Mateus 25.32
agora leia:
"assim descreveu Cristo aos discípulos, no Monte das Oliveiras, as cenas do grande dia do Juízo. E apresentou sua decisão como girando em torno de UM PONTO...
...quando as nações se reunirem diante dEle, não haverá senão DUAS CLASSES, e seu destino eterno será determinado pelo que houverem FEITO ou NEGLIGENCIADO FAZER por Ele na pessoa dos POBRES e SOFREDORES."
egw, DTN, 451.
egw, DTN, 451.
de acordo com egw, o juízo final se resume a UM ponto: como tratamos pobres e os que sofrem.
com base nisso, dizer que iniciativas sociais que atendem pobres são importantes não significa que são as únicas iniciativas importantes, mas sim que são mais importantes que outras.
com base nisso, dizer que iniciativas sociais que atendem pobres são importantes não significa que são as únicas iniciativas importantes, mas sim que são mais importantes que outras.
esse texto de ellen white poderia ser interpretado como "progressista" ou como um texto que reduz o Evangelho a "questões sociais"... mas repito, interpretação envolve relativização e seletividade. e seletividade revela prioridades, a ordem de valores entre textos.
e aqui chegamos no centro da discussão:
sabendo que relativização é inevitável, aquilo que de fato entendemos como "absoluto" irá articular a relação entre textos e idéias em nossas relativizações.
o "absoluto" pode ser tradição, egw, teólogos/jornalistas, Moisés, ou... Jesus!
sabendo que relativização é inevitável, aquilo que de fato entendemos como "absoluto" irá articular a relação entre textos e idéias em nossas relativizações.
o "absoluto" pode ser tradição, egw, teólogos/jornalistas, Moisés, ou... Jesus!
relativização na interpretação Bíblica não significa necessariamente que absolutos não existem (por mais que existam aqueles que negam absolutos). mas a dicotomia entre absoluto/relativo é descartável aqui.
a pergunta é: qual "absoluto" determina a relação entre textos e idéias?
a pergunta é: qual "absoluto" determina a relação entre textos e idéias?
pra ajudar nas respostas poderia incluir:
estamos atentos aos elementos/pessoas/narrativas que influenciam nossos pressupostos e moldam nossas prioridades assim como nossa ordem de valores entre textos e idéas, isto é, estamos atentos ao que de fato consideramos "absoluto"?
estamos atentos aos elementos/pessoas/narrativas que influenciam nossos pressupostos e moldam nossas prioridades assim como nossa ordem de valores entre textos e idéas, isto é, estamos atentos ao que de fato consideramos "absoluto"?
falar que relativização é do diabo está certo. mas Jesus também relativizou, e todos nós relativizamos no momento que interpretamos.
pois interpretação envolve relativização, isto é, interpretação envolve enxergar valores, importâncias, e hierarquias entre textos e idéias.
pois interpretação envolve relativização, isto é, interpretação envolve enxergar valores, importâncias, e hierarquias entre textos e idéias.
paro por aqui.
interpretação envolve discernimento.
então cabe a nós interpretarmos com responsabilidade, alinhando nossa seletividade, prioridades, e ordem de valores com o que foi revelado na pessoa de Jesus, a verdade absoluta, e não nas alternativas... ou no "eu acho que."
interpretação envolve discernimento.
então cabe a nós interpretarmos com responsabilidade, alinhando nossa seletividade, prioridades, e ordem de valores com o que foi revelado na pessoa de Jesus, a verdade absoluta, e não nas alternativas... ou no "eu acho que."
