Eu faço planos: “Quando eu comprar a minha cadeira painho, vou ter que fazer uma casa nova pra ornar com ela, e vou fazer uma foto linda, e essa foto vai ter que ser a capa de um disco, então vou ter que compor um repertório pra um disco que combine com a minha cadeira painho...”
“... então eu precisarei comprar quadros modernistas pra colocar atrás dela pois isso será o puro suco de Brasil. Eu preciso de uma janela que ilumine a minha cadeira painho...”
... eu preciso fazer um evento pra apresentar minha cadeira painho para os meus amigos, mas só vou chamar os amigos sensíveis, são poucos, então eu preciso de novos amigos que entendam a minha cadeira painho e tudo que ela representa...
“... eu preciso de um piso digno para minha cadeira painho e talvez uma tapeçaria elegante, um Kennedy Bahia, talvez, um artista que vivo seria digno de sentar a minha cadeira painho...”
“...então, quando tudo se realizar, eu me sentarei no chão pra olhar a minha cadeira painho, contemplando o fato de ela ser mais que uma cadeira, ser uma idéia...”
Entendeu? É por isso que fica caro.
Na*
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encontrei uma querida brasileira que veio pra Itália tirar o visto de italiana
ela me disse para não vir a florença pois era uma cidade odiável
quando perguntei o motivo, me surpreendi com a sinceridade:
“muita cultura” - disse ela com boca de nojo
eu entendi tanta coisa
eu me esforcei tanto pra saber o q sei, trabalhei tanto pra pagar o monte de cursos que eu fiz (um deles de história da arte focado apenas no renascimento em Florença)… em algum lugar em mim, é quase uma ofensa pessoal uma pessoa tão privilegiada se sentir à vontade p dizer isso
me incomoda demais o culto à burrice, a não vergonha da ignorância, o empoderamento da imbecilidade vindo exatamente de quem dificultou os nossos acessos
é como se a pessoa estivesse jogando fora aquilo (do) que eu sempre tive fome, um desperdício de comida metafórico