Igor destaca três aspectos relacionados ao consumo de fake news. O primeiro deles é a autoridade de figuras religiosas, uma resposta recorrente entre os entrevistados.
O credo representa uma “âncora de segurança e de proteção diante de tantas informações, verdades e mentiras".
Intimidade também é um valor que colabora para mais confiança com as fontes de informação. Na falta dela, pode-se performatizá-la.
Sacramento menciona áudios de Whatsapp que simulam revelações de sofrimento, sobre como a vacina supostamente afetaria o cotidiano de famílias.
A lógica da autenticidade atravessa o íntimo. Igor sustenta que está relacionado ao valor conferido à verdade, não mais como evidência, mas experiência e testemunho.
Vale menos a comprovação, e mais o “eu vi”, “eu estive lá” – mesmo que totalmente encenados.
São lógicas que também atravessam a produção jornalística, especialmente no telejornalismo. "É um desafio muito grande sucumbir ao pacto compassivo de referência subjetiva", destaca Sacramento. A questão é como utilizar essa retórica a favor da saúde pública.
O pesquisador considera que o jornalismo cumpriu seu papel de alerta e mobilização ético-afetiva no começo da pandemia, mas precisa ir além.
Apenas checar informações não é mais suficiente. Igor defende que veículos se posicionem sobre fontes negacionistas, por exemplo.
"O jornalismo quer validar, quase num sistema cartorial, o que é verdadeiro ou falso - mas não se posiciona. Fica nessa pretensa dimensão de ouvir os dois lados quando convém, o que é uma constituição ideológica. Quando não ouve, impõe uma verdade única".
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh