Eu passo o dia inteiro rebatendo antipetistas na internet. Ontem, falando sobre as reservas internacionais que o PT deixou, um cara alegou:
- De que adianta se roubou vinte vezes esse valor?
- Oi?
- PT roubou 20 vezes o valor das reservas!
Não aguentei, fui calcular.
380 bilhões de dólares foi a reserva deixada pelo PT.
20 vezes esse valor daria 7 TRILHÕES de dólares.
Covertendo: 38 TRILHÕES de reais.
O Nosso produto interno bruto, que é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos NO PAÍS no ANO, em 2019, foi de 7,3 TRILHÕES
É isso mesmo. Na cabeça de alguns trabalhadores brasileiros, realmente está incutida a ideia que o PT pegou um montante de dinheiro que equivale cinco vezes o nosso PIB e colocou no bolso. E não tem ninguém pra elucidar nossa sociedade. Falhamos.
O antipetismo não é só um problema de desconhecimento histórico, político e social.
Estamos falando de pessoas que não possuem dimensão de Brasil, dimensão monetária. Não tem noção de Brasil.
O trabalhador brasileiro é um alvo fácil para manipuladores desgraçados da direita.
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Agora, aproveitando a presença do presidente do BNDES no nosso humilde bar, não pude me furtar sobre um assunto fundamental que impede o desenvolvimento econômico de regiões como a nossa, principalmente as mais carentes. Conversei com o Aluízio sobre a dificuldade de encontrar
credito no mercado com juros baixo sem exigência de garantia. Aqui não temos nada, como ofereceremos garantia? Não obstante, falei também com a Tereza Campello sobre o potencial da economia colaborativa, sobre como pequenos negócios em ascensão em determinadas regiões
são verdadeiras locomotivas para o desenvolvimento de demais negócios, pequenos inicialmente, mas com grande potencial de crescimento a depender do acesso ao crédito. Falei também sobre os sonhos perdidos da pandemia, histórias de pessoas próximas e não tão próximas assim
Aqui no morro tinha um cara que mesmo aos quase 40 anos de idade ainda se referia às crianças e amigos da rua como "recruta", "soldado", "guerreiro". Foi no quartel o que chamam de "vibrador" no período militar obrigatório. Aquela pessoa que sofre uma verdadeira lavagem cerebral
e tem em poucas estimas da sua vida a efêmera "carreira" militar no período militar obrigatório, que te deu uma farda, um fuzil e um nome de guerra. Uma doutrinação que capta há décadas jovens de regiões pobres de todo canto do país, filhos do lumpemproletariado.
O episódio que vimos ontem pode se repetir diversas vezes na história enquanto não houver uma profunda reforma nas forças armadas, forças essas que formam ano após ano - embaixo do nariz das instituições democráticas - indivíduos com uma ideia de nacionalismo torpe,
Para o dia de hoje, deixo a recordação de uma das conversas mais importantes que tive sobre a questão racial com um grande amigo meu, militar de carreira do exército e doutor sobre a história do racismo no futebol:
“Omar, a sociedade racista brasileira depende do nosso embranquecimento a todo custo. Nunca seremos pretos suficiente dependendo da nossa posição social. Se você se apresenta como um médico preto, dirão que sua pele não é tão escura, se você se apresenta como um empresário preto
dirão que seu nariz não é tão largo. Se você se apresenta como uma advogada preta, dirão que seu cabelo não é tão cresço. Se você se apresenta como uma doutora preta, dirão que seus traços são europeus. Eu me apresento como um doutor preto, e dizem que meu cabelo é liso.”
O Bar do Omar começou há 22 anos na Rua João Cardoso, aqui do lado, pois a gente não aguentava mais sentir medo de perder nosso pai no trabalho sendo vigilante de banco. Aos trancos e barrancos trabalhamos apenas eu, meu pai, minha mãe e minha irmã até quatro anos atrás. +
Que foi quando começamos a ter uma pessoa aqui pra nos ajudar. Minha infância, minha juventude e parte da minha vida adulta foi trabalhando com minha família pra continuar subsistindo. Vejo muita gente aqui desdenhando do esforço, do mérito, sem saber quais são +
as reais condições do povo e o que a gente precisa fazer pra sobreviver nesse mundo cão. Alternando entre trabalho no mundo corporativo e no balcão, construí uma carreira profissional que tive que abandonar em 2019, quando meu pai sofreu um infarto. +
Ontem um camarada aqui no bar me deu uma baita aula de história da formação cultural do Espírito Santo e mudei minha opinião sobre a verdadeira moqueca.
Espero que a Bahia me perdoe.
Bem, na hora da aula eu já estava num leve grau de embriaguez mas prestei o máximo de atenção possível pra dividir depois.
O que mais tinha no litoral brasileiro naquela época? Peixe, logo, a moqueca estava presente em todo litoral.
A medida que a colonização avançava na Bahia, no rio e em minas, o mesmo não acontecia no Espírito Santo. Um lado da história diz que é porque os portugueses queriam fazer do ES uma espécie de barreira natural de proteção às Minas Gerais.
Fazer um fio aqui pra você que sonha em conhecer Fernando de Noronha.
Essa ilha paradisíaca que se tornou um dos principais destinos de férias do país tem um contraste social que precisa ser apontado para reflexão.
Muito se fala sobre os elevados preços praticados na ilha, mas pouco se fala dos motivos. Apesar de estar a três dias de barco da costa, não é a distância que encarece Noronha, e sim a forma como o transporte de mercadorias é feito.
Uma espécie de monopólio desse trajeto adiciona um valor alto por quilo de todos os produtos que entram na ilha, seja um kg de arroz, uma cartela de ovos ou água mineral, a resultante disso é o encarecimento de todos os custos, impactando diretamente na vida dos moradores.