Já escutou a história de que a pandemia no Brasil não é tão grave pois a mortalidade por milhão de habitantes é semelhante a de países europeus? Não caia nessa… segue o fio..
É de conhecimento geral que COVID19 é em geral uma doença leve em jovens mas pode ser fatal em idosos. De cada 10 mil adolescentes infectados, apenas um morre. No entanto, entre pessoas com mais de 80 anos, o vírus mata 1 em cada 10 infectados, apesar dos melhores cuidados.
Portanto a mortalidade por COVID19 em determinado país será resultado de dois principais fatores:
➡️ porcentagem da população infectada
➡️ estrutura demográfica do país
A população brasileira em 2020 é de cerca de 212 milhões de pessoas. Isso é 2,5X maior que a Alemanha e 3,5X maior que a Itália…
Mas ao analisarmos apenas a população de maior risco, vemos que a Alemanha possui 5,9 MILHÕES de pessoas com mais de 80 anos de idade. Isso representa 1,7 milhão A MAIS que o Brasil. A Itália, 3,5X menor em população, possui 10% mais octagenários que o Brasil.
Caso 5% da população total desses países seja infectada, e essas infecções estejam distribuídas proporcionalmente em cada faixa etária, teríamos “apenas” 51 mil mortes no Brasil, mas 47 mil mortes na Alemanha, 37 mil na Itália e 35 mil na França.
Nesse cenário de 5% de infecção, a mortalidade por milhão de habitantes da Itália seria quase 3 vezes maior que a Brasileira, apesar de que o Brasil teria 7,6 milhões a mais de infectados.
Até agora o Brasil reportou cerca de 170 mil mortes por COVID19, enquanto o pior país europeu (Reino Unido) reportou menos de 55 mil mortes. A Alemanha reportou apenas 14 mil mortes.
Fazendo a conta reversa, as 170 mil mortes de hoje são equivalentes a 16,5% da população de cada faixa etária infectada. Caso países europeus fossem infectados na mesma proporção, a mortalidade seria gigantesca: a Alemanha teria 10 vezes mais mortes do que teve até o momento.
Mas nas estatísticas de mortalidade por milhão de habitantes o Brasil apareceria com índices muito menores, apesar de tecnicamente ter o mesmo grau de controle (descontrole) da epidemia.
Resumindo: comparativos simples de mortalidade por COVID19 por milhão de habitantes entre países com estruturas demográficas diferentes são extremamente enganosos. Que fique claro: a epidemia no Brasil não está, e nunca esteve, controlada.
Nota 1: Na realidade as infecções não são distribuídas igualmente entre faixas etárias. Pessoas mais jovens se protegem menos e se infectam mais, enquanto mais velhos se protegem mais e se infectam menos.
Nota 2: As estimativas de letalidade por idade possuem intervalos de confiança que eu omiti para facilitar a apresentação dos gráficos e comparações.
E depois da comoção toda da morte da fã no show da Taylor Swift... tá com jeito de que a causa não tenha sido de fato o calor e/ou desidratação.
Independente disso, é óbvio que grandes eventos precisam ter sistemas que permitam que sigamos nosso instinto básico de sobrevivência.
Para alguém *jovem* morrer *de calor* (heatstroke), espera-se uma progressão de sintomas e de aumento de temperatura corporal. Não é algo súbito. O relato de quem estava com ela vai contra o que seria o HABITUAL para um diagnóstico de heatstroke.
"Ela comeu, e a Ana e as amigas receberam água, beberam antes e durante o show. Estavam bem na frente", conta Gabriela. "Foi uma surpresa pra quem tava com ela, ela não parecia se sentir mal." f5.folha.uol.com.br/musica/2023/11…
O youtuber americano Mr Beast fez um novo vídeo em que pagou a cirurgia de catarata de 1000 pessoas ao redor do mundo. No twitter tá trending, com várias críticas. Assistam o vídeo aqui e dêem mais dinheiro ainda pra ele.
Se tem uma coisa que deixa mto irritado é essa posição de que se algo bom não é feito por motivos bons/nobres, então deve ser criticado ou -- pior -- nem feito. Foda-se o motivo, o que importa é o efeito final (net effect).
Alguns momentos do vídeo eu pensei "ahhhh slightly insensitive", mas diante do resultado final isso é irrelevante. Duvido que qualquer um dos agraciados reclamaria disso.
Boa matéria sobre auto-medicação. Sim, auto-medicação é algo que deve ser estimulado, e por isso estou compartilhando. Eu escreveria essa matéria de forma ligeiramente diferente, mas no geral está adequada. uol.com.br/vivabem/notici…
"Como eu trato":
Maioria das dores de garganta eu não uso nada, gosto de evitar analgésicos o máximo possível. Faço uso de chás, sorvetes, pastilhas, etc. Se sintomas bem intensos, uso:
Normalmente eu acho que a seção de comentários em portais de notícias não deveria existir, mas está bem claro que os sites notaram que comentários são benéfico$. O Times mudou a política e agora só assinantes podem comentar e devem usar seus nomes verdadeiros.
Mas em uma grande ironia, eu resolvi ler os comentários a essa matéria do Times. E.... vários me fizeram questionar meu próprio ponto de vista sobre o tema.
Alguns comentários em matérias do Financial Times são as vezes melhores que a própria matéria, com informações interessantíssimas de gente experiente no tema. Idem no Times. Mas também tem o habitual lixo virtual, embora o sistema de moderação exclua a maior parte da escória.
Que imagem legal para educação científica. “Você observa isso. Quais são suas hipóteses? Quais perguntas devem ser feitas ? Como suas hipóteses poderiam ser testadas? “
“Se eu te desse R$10.000 e 12 meses para tentar descobrir a causa desse fenômeno, o que você faria para chegar o mais próximo possível da resposta ? “
Essa imagem daria uma aula interativa muito legal, tanto em escolas quanto em universidades (obviamente variando o grau dos questionamentos). Fica a dica, professores.
A pandemia me fez perder grande parte do respeito que eu tinha por acadêmicos. Tenured professors de universidades top20 falando publicamente as coisas mais controversas com absoluta certeza. Será que o que leio sobre outras áreas do conhecimento vem de fontes como essas ?
Uma das características que espero de acadêmicos é o reconhecimento do que são fatos/dados e do que são hipóteses. Ler gente grande divulgando hipótese como fato me faz arrancar os cabelos.Ou é ignorância (inaceitável p/ acadêmico) ou é estratégia (ativismo disfarçado de ciência)
Pessoal está compartilhando esse fio e falando de médicos brasileiros ou estrangeiros defendendo Ivermectina ou cloroquina. Não é desses que estou falando. nenhum desses era acadêmico de prestígio. Falo de gente grande dos 🇺🇸 🇨🇦 🇬🇧 dizendo “COVID é AIDS transmitida pelo ar”.