Quando falamos de agentes anti-infecciosos esperamos que eles tenham uma característica que chamamos de TOXICIDADE SELETIVA: o fármaco deve ser tóxico para o microrganismo, mas deve causar o mínimo de dados ao hospedeiro (no caso, a gente mesmo!).
Para isso, temos que buscar medicamentos que atinjam alvos importantes dos microrganismos que sejam diferentes dos presentes no hospedeiro. É aí que está o pulo do gato – e que explica não só a dificuldade em desenvolver novos fármacos, mas também os efeitos colaterais.
São esses alvos que também fazem com que os agentes antimicrobianos tenham um espectro ação amplo ou curto, de acordo com a diversidade de organismos que atingem.
Quando falamos em células bacterianas, achar esses alvos muito mais simples, sabe por quê? Olha a estrutura geral de uma célula bacteriana (procariótica) e de uma célula humana (eucarótica). Elas são muito diferentes (tanto no tamanho quanto nas estruturas)!
A diversidade de alvos é bem extensa. Podemos dividi-los em grandes grupos de acordo com o alvo: 1. Parede celular bacteriana 2. Membrana plasmática 3. Vias metabólicas específicas 4. Replicação de DNA 5. Síntese de RNA 6. Produção de proteínas
Apesar de vários desses processos acontecerem nas células humanas e nas bacterianas, existem diferenças significativas entre eles. Essas diferenças que serão usadas como alvo para os antibióticos. E a diversidade deles é bem grande!!!
Alguns desses medicamentos tem alta toxidade e causam danos no fígado ou nos rins… além disso, devido ao fato de as mitocôndrias terem estruturas muito parecidas com as bactérias, elas podem acabar sendo alvos indiretos desses medicamentos.
A resistência a antibacterianos vem se agravando e as estimativas indicam de 700 mil pessoas morrem por ano por complicações causadas por bactérias resistentes. Para 2050, esse número deve subir para 10 milhões!
O uso indiscriminado de antimicrobianos ou seu uso incorreto tem contribuído muito pra isso… ainda vamos ver os efeitos do uso de antibióticos no tratamento da COVID.
Ah, mas eu compro antibiótico na farmácia perto de casa.
Não compre, não é de bom tom… é perigoso e é ilegal!
Referências
Madigan et al. (2016). Microbiologia de Brock – 14 ed.
Murray et al. (2021). Medical Microbiology – 9 ed.
Riedel et al. (2019). Jawetz’s Medical Microbiology - 28 ed.
Tortora et al. (2017). Microbiologia – 12 ed.
Trabulsi; Alterthum. (2015). Microbiologia – 6ed.
A gente confere, confere, e mesmo assim saiu errado no primeiro Tweet do fio:
Onde está: São eles: os ANTIBIÓTICOS ou ANTIMICROBIANOS
Leia-se: São eles: os ANTIBIÓTICOS ou ANTIBACTERIANOS
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Chegou a vez de falarmos dos ANTIFÚNGICOS. Quando comparamos a diversidade entre esses medicamentos e antibióticos (p/ bactérias), vemos que há uma diversidade muito menor de fármacos para o tratamento de infecções fúngicas.
Isso acontece porque a célula fúngica é eucariótica, assim como a nossa. Por isso, nossas células e as dos fungos compartilham muitas semelhanças genéticas, estruturais (em proteínas, por exemplo) e em processos celulares e moleculares.
Então é muito mais difícil achar um fármaco que tenha ação sobre um fungo, mas que não afete as nossas células. Por isso, muitos antifúngicos têm limitações, como efeitos colaterais, espectro reduzido, baixa penetração em alguns tecidos.