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May 8, 2021 23 tweets 7 min read Read on X
Você conhece as fazendas de cadáveres humanos? Estas são instituições de pesquisa que buscam compreendem todo o processo de decomposição humana e elucidar casos de crimes.
P.S. pode ler sem medo q não tem imagens chocantes
Vamos começar por entender a origem das fazendas de corpos:
Primeiro de tudo, seu nome correto é Centro de Antropologia Forense, e é criação de William M. Bass, um famoso osteologista (especialista em ossos), que se juntou à equipe da Universidade do Tennessee em 1971.
Tudo começou quando Bass foi chamado p/ investigar um túmulo da época da Guerra Civil Americana. Essa tumba foi violada e encontraram um cadáver em decomposição lá, Bass foi até lá e disse q o cadáver teria uma idade de 1 ano, o q implicaria q alguém cometeu um homicídio
E teria escondido o cadáver na velha tumba. Ao levar o cadáver p/ laboratório e o analisar Bass descobriu q o cadáver era na verdade da Guerra Civil e teria mais de 100 anos de idade. Isso o levou a ideia de criar um centro de pesquisa q permitisse estudar os processos +
de decomposição humana em um ambiente mais úmido. Bass e seus alunos se instalaram num galpão para criação de porcos, onde estudavam cadáveres não reclamados fornecidos por legistas.
De início, tudo o que queriam era responder a perguntas básicas, como, por exemplo, quanto tempo levava para o crânio se tornar visível. Aos poucos, a pesquisa passou a incluir a chegada das moscas, os estágios de desenvolvimento das larvas e outras variáveis.
Alguns corpos permaneciam nus, outros vestidos, poucos eram enterrados ou cobertos por plástico, enquanto outros ainda eram deixados ao ar livre. Vários eram deixados em porta-malas de carros ou na água, para simular cenas de crimes.
O tempo decorrido entre a hora da morte e o encontro de um cadáver, também chamado de intervalo post mortem, é um aspecto importante da investigação forense, e um dos focos da pesquisa da fazenda de corpos.
Quando uma vítima não é identificada, o intervalo post mortem pode ajudar os investigadores a descobrir de quem se trata, partindo dos registros de pessoas desaparecidas.
Na primeiras horas e dias após a morte, legistas podem confiar em três medidas características: algor mortis(temperatura do corpo), rigor mortis (rigidez do cadáver) e livor mortis (as mudanças na cor da pele, provocadas pela ação da gravidade sobre o sangue).
Mas todos esses sinais desaparecem rapidamente.
À medida que o corpo se decompõe, os antropólogos forenses assinalam cinco estágios: fresco, em que a pessoa ainda parece relativamente normal; inchado, quando o corpo se enche de gases;
decomposição ativa, quando os tecidos moles do cadáver se decompõem; decomposição avançada, quando boa parte dos órgãos internos foi devorada por insetos e os ossos começam a aparecer; e seca, quando só restam pele, cartilagens e ossos.
Os corpos são de doadores ou de corpos não reclamados, pessoas que morreram e não foram identificadas por ninguém, fornecidos por legistas.
Qualquer pessoa pode doar o corpo a instituição, basta seguir os protocolos de cada instituição e comunicar sua vontade a família
Quando chega à unidade, o cadáver é levado a uma garagem, onde é medido e pesado e suas cicatrizes, ferimentos e tatuagens são fotografados e amostras de cabelos, sangue e unhas são coletados.
Os corpos ou são armazenados em refrigeradores, por 12 ou 24 horas, ou são imediatamente levados para a área arborizada, onde ficam até que só reste o esqueleto.
“Podemos ver diariamente, hora a hora, as mudanças em centenas de doadores ao longo dos anos, em diferentes estações do ano, em diferentes cenários e em diferentes microambientes dentro da unidade”, explica o pesquisador Steadman.
a fazenda de corpos é um recurso sem igual para treinar policiais para lidar com os cadáveres que encontram, desde a marcação cuidadosa do perímetro do local onde o corpo é encontrado até a retirada meticulosa das várias camadas de terra para expor o esqueleto e evidências,
incluindo cartuchos, balas e pequenos fragmentos de osso. As fazendas podem ser usadas tbm para o treinamento de cães farejadores de cadáveres.
A partir das fazendas tbm foi possível obter informações inusitadas. Um câmera instalada na Estação de Pesquisa de Investigação Forense da Universidade de Colorado Mesa, revelou dois gatos selvagens, nascidos e criados na natureza, comendo carne de corpos humanos.
Um gato se alimentou de uma mulher de 79 anos e o outro de um homem de 70 anos. Este tipo de evento é raro, pois os felinos geralmente preferem caçar que comer animais mortos.
Outro animal tbm flagrado foi Um Veado-de-cauda-branca, fotografado comendo as costelas de um dos cadáveres. Antes se pensava que apenas os carnívoros mastigassem ossos humanos, e saber q herbívoros tbm o fazem pode ajudar a esclarecer casos criminais antigos
Quer entender melhor o papel das fazendas de corpos, os programas de doação de corpos e de treinamento policial? Vem conferir tudo neste vídeo:
E se vc quiser conhecer mais da área de perícia, não deixe de acompanhar a @LupaForense para ficar por dentro de tudo! ☺️☺️

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Jun 30
Para vc, o sexo é somente para reprodução? Muita gente acredita que sim, o sexo no reino animal seria somente com essa função. Porém não é bem assim. Vem conhecer nessa thread o sexo sócio sexual, e como o sexo pode ser usado como troca, reforço de vínculo, domínio, prazer e muito mais
Evidências de atividade sexual não-conceptiva são generalizadas no reino animal. Em particular, o sexo durante a gravidez, encontros do mesmo sexo, sexo oral e masturbação são observados em quase todos os animais não humanos
O comportamento sexual não-concepcional (NCSB), ou comportamento sócio-sexual, tem forma sexual, mas não facilita a reprodução direta e foi relatado em mais de 300 espécies animais, de insetos a primatas, mas esse número ainda é tão baixo pq é um campo relativamente novo de pesquisa.
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Jun 24
Vem entender nesta thread como a própria ciência contribuiu para a invisibilização do comportamento homossexual e tbm na manutenção de estigmas e preconceitos.
Ao nos referirmos aqui em comportamento homossexual estamos nos referindo a TODO comportamento de cunho sexual ou sócio-sexual exibido por indivíduos do mesmo sexo. Seja a monta, a penetração, o namoro, o cortejo, a formação de pares ou vínculo de casal. E isso independe de qual o contexto em q esses comportamentos são expressos.
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Apr 6
Sobre o tema de raças de cães consideradas agressivas, em particular o pitbull gostaria de deixar algumas considerações, a partir do ponto de vista de etólogo e da minha experiência de 3 anos como Diretor de Vigilância em Saúde e coordenação do setor de zoonoses:
Primeiro de tudo, em Minas Gerais existe a LEI ORDINÁRIA Nº 16301, DE 7 DE AGOSTO DE 2006 que regulamente a criação de A criação de cães das raças pit bull, dobermann, rottweiler e outros de porte físico e força semelhantes. Essa lei traz alguns trechos muito importantes:
Art. 2º O proprietário de cão de qualquer das raças a que se refere o art. 1º desta Lei é obrigado a registrar o animal com mais de cento e vinte dias de idade, mediante apresentação da seguinte documentação:

I - comprovante de vacinação do animal;

II - qualificação do vendedor e do proprietário do animal;

III - declaração da finalidade da criação do animal.
Art. 5º O proprietário de cão das raças a que se refere o art. 1º desta Lei fica obrigado a adotar as seguintes medidas de segurança:

I - colocar, no animal, coleira com o número do seu registro;

II - manter o animal em área delimitada, com dimensões suficientes para o seu manejo seguro, guarnecida com cercas, muros ou grades que impeçam a fuga do animal e resguardem a circulação de transeuntes nas proximidades;

III - afixar, de forma visível, à entrada do imóvel onde é mantido o cão, placa de advertência que informe a raça, a periculosidade e o número do registro do animal;

IV - impedir o acesso do cão a caixas de correio, hidrômetros, caixas de leitura de consumo de energia elétrica e equipamentos congêneres.

Art. 6º Na condução em via pública e no transporte de cão das raças a que se refere o art. 1º desta Lei, é obrigatória a utilização de equipamentos de contenção do animal.

Art. 7º O cão das raças a que se refere o art. 1º desta Lei que agredir alguém será recolhido e examinado por médico veterinário, que emitirá parecer sobre a possibilidade de sua permanência no convívio social.

Parágrafo único - Se o parecer de que trata o caput deste artigo concluir pela impossibilidade de permanência do cão no convívio social, o animal será eliminado por médico veterinário, após sedação.

Art. 8º Na hipótese de cão das raças de que trata o art. 1º desta Lei ferir alguém, fica o proprietário sujeito ao pagamento de multa de 1.000 (mil) Ufemgs.

§ 1º - No caso de a vítima comprovar, por meio de laudo médico acompanhado de boletim de ocorrência ou representação, que houve lesão decorrente do ataque do cão, a multa a que se refere o caput deste artigo será cobrada em dobro.

§ 2º - Na ocorrência de lesão corporal grave, o proprietário do cão será multado em 3.000 (três mil) Ufemgs.
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Sabe quando vc fica com raiva de uma porta q não se abre e vc começa a xingá-la ou quando a impressora emperra quando vc mais precisa dela e vc fala q ela faz de propósito? Vem entender um pouco mais sobre essa característica de atribuir sentimentos humanos a seres não humanos
O cenário q descrevemos anteriormente podermos dar um nome a ele, antropomorfismo. O antropomorfismo basicamente é atribuição de sentimentos, intencionalidade, emoções q são exclusivamente humanas a seres, coisas e entidades não humanas.
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Primeiro vale destacar que vamos apresentar aqui somente uma hipótese, dentre as mais diversas do tema que existem! Tendo isso em mente, vale relembrar que sobre o tema de pensar sobre o futuro e tbm sobre o passado, já temos thread aqui no perfil:
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Feb 14
A esporotricose é uma doença fúngica em expansão em todo território brasileiro, ela afeta principalmente os gatos e a nós humanos. Nos gatos ela é uma doença grave q pode levar a morte. Em humanos ela causa lesões que podem ser extensas e dolorosas. Vem conhecer um pouco mais dos sintomas da esporotricose:Image
Antes de iniciar gostaria de destacar que este é i primeiro conteúdo de uma série sobre a esporotricose, ainda iremos falar sobre a epidemiologia e historia da doença, das formas de interação fungo/hospedeiro e do tratamento. Agora iremos nos focar nos sinais clínicos em humanos e gatos. E tentei selecionar as imagens menos chocantes possíveis e estão todas marcadas com a tag de sensível.
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