"Não existe amor em SP
Os bares estão cheios de almas tão vazias
A ganância vibra, a vaidade excita
Devolva minha vida e morra
Afogada em seu próprio mar de fel
Aqui ninguém vai pro céu"
Sempre que eu escuto este verso eu estanco os segundos...
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Desde que a pandemia começou e tenho visto amigos, conhecidos e parentes frequentando espaços públicos aglomerados, as palavras me atravessam com uma voracidade incrível... Consome, entristece, varre cada pedacinho em ares despedaçadamente.
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A ideia de que fomos vencidos pela individualidade, algoz e vaidosa reside no pensamento, enquanto tento afastar de tudo o que possibilita que eu continue...
Há dias de continuar apenas viva para além do óbvio pulsar. Há dias que é preciso mais.
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Mais o quê? Continuar acreditando o suficiente, que é possível, para trabalhar com a comunicação científica e no combate à COVID-19 em um país que se abraçou ao vírus com ganas e fervor.
Temos visto a vacinação avançando e, mesmo assim, hoje, os números, que são vidas...
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Hoje alcançamos quase 100 mil casos novos e estarmos beirando os 500 mil casos de mortes confirmadas - vidas partidas, famílias despedaçadas - enquanto bares lotam e pessoas riem por pura falta de pudor, dilacera a condição de, hoje, sorrir.
Os bares estão cheios, de almas tão vazias, a ganância vibra, a vaidade excita.
Aqui, ninguém vai pro céu. Entretanto, infelizmente 500 mil estão abaixo da terra.
Pode ser que não exista amor em SP. Mas, se tu vives no Brasil, é a esperança que esqueceu de nascer.
Faz DÉCADAS que cientistas questionam não só a noção de gênero, como a própria definição de sexo biológico como binário.
Se biologues até hoje veem o mundo pelo viés do binarismo, estudando qualquer outra forma dentro do espaço clínico, estamos absolutamente mal na história.
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Mal especialmente por negar a EXISTÊNCIA de diversidade na formação dos corpos de seres humanos, e tudo o que sai fora desse enquadramento binário, vira capítulo da patologia - e estudo da medicina por consequência.
E qual a relevância desse debate?
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A exclusão da diversidade de corpos, formas, estruturas anatômicas e fisiológicas, historicamente marginaliza pessoas - muitas vezes as colocando como “menos humanas”
(oi, eugenia, ainda por aí??? /ironia, porém depende)
✨Qual caminho devo tomar?
A pergunta é de Alice para o Gato Cheshire, que responde que sem saber qual o destino, qualquer caminho serve
Essa ideia serve para a divulgação científica também?
Hoje eu resolvi falar um pouco sobre a importância do planejamento e estudo na DC!
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Ao contrário do que pode parecer, Gato Cheshire não está falando de chegar em algum lugar, mas sobre caminhar sem destino. Pode ser legal no início, se teu interesse é apreciar o caminho.
Mas numa trajetória profissional, em algum momento precisamos de algo + específico.
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Sempre sou surpreendida por esta pergunta de estudantes (de graduação e pós) da unicamp ou de outros espaços (gente que falo aqui no tt, p.ex.).
Isso sempre vem com falas de depreciação sobre si mesmo!
E resolvi escrever sobre isso
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Uma das grandes questões nas falas é:
em que momento da vida normalizamos o fato de alguém em início de carreira acadêmica sentir-se um fracasso por não ter a mesma compreensão (e experiência) de alguém que tem uma longa trajetória no campo de atuação?
Tem sentido isso?
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Tava escrevendo um texto sobre aprendizado e carreira acadêmica, fui atrás da referência do Iván Izquierdo.
Achei um texto dele e colo aqui a conclusão final.
E eu to chorando pq, sinceramente... Que privilégio ter tido aula com um neurocientista que nas palavras, tinha poesia.
sorry, to sensível pela clássica noção de que a pandemia nos roubou Izquierdo e to lendo artigos dele e me sentindo absolutamente um ser privilegiado de ter conhecido esse professor.
Ele tem vários livros MUITO legais sobre aprendizado, memória, esquecimento, acessíveis
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