Um dos "pontos de inflexão" do sistema climático pode ter sido atingido (ou próximo disso): a circulação de revolvimento meridional do Atlântico (AMOC). Bora explicar rapidinho em mais um fio... 1/9 theguardian.com/environment/20…
A AMOC é parte da "circulação termohalina", conjunto de correntes oceânicas de grande escala induzidas por gradientes de temperatura e salinidade. 2/9
A água quente dos trópicos se desloca para o norte pela AMOC e transporta calor por largas extensões do oceano. Ela condiciona o clima nas regiões vizinhas e é fundamental para redistribuição de energia e umidade entre equador e polos. 3/9
A corrente oceânica quente segue esfriando até sua densidade se tornar grande o suficiente para ela afundar. A partir daí a água fria passa a viajar rumo à região tropical por baixo. 4/9
Mas o que tem acontecido é que a perda de gelo marinho no Ártico e o derretimento do manto de gelo da Groenlândia têm colocado enormes quantidades de água doce no oceano. E água doce é bem menos densa do que a água salgada! 5/9
Daí, como a água de baixa salinidade fica em cima, a corrente quente que chegava a latitudes bem altas é obrigada a "afundar" bem antes. É por isso que os mapas de anomalia de temperatura sempre tem aquela mancha "teimosa" de resfriamento ao sul da Groenlândia! 6/9
O problema é que uma vez entrando em colapso, a AMOC pode precisar de um empurrão muito grande para voltar. É um processo de "histerese" como explicado neste artigo do @CarbonBrief 7/9
A consequência? Pode até não ser como em "O Dia depois de Amanhã", mas produziria uma desestabilização profunda do clima no Hemisfério Norte, com extremos de frio, na Europa e América do Norte e elevação regional do nível do mar. 8/9
E não fica restrito àquela região. Haveria mudança no padrão de chuvas, incluindo no norte e nordeste do Brasil por conta da perturbação que isso produziria na Zona de Convergência Intertropical, mudanças nos padrões de ocorrência de furacões no Atlântico Norte, etc. 9/9
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Em pouco mais de duas semanas saimos de "E o PT? E o Lula?" para "E o jatinho?". Pois bem, para não dizer que não falamos de jatinho, segue um fio... 🧶👇
A aviação não pode ser ignorada como fonte de emissões, fato. Ela responde por algo mais do que 1 bilhão de toneladas de CO2 anualmente. Isso representa 1,9% das emissões totais de gases de efeito estufa e 2,5% das emissões de CO2 (considerando-o isoladamente, sem CH4, N2O etc).
Cerca de 1% dos usuários respondem por 50% das emissões da aviação e nesse contexto os muito ricos, com seus jatos privados, respondem de maneira desproporcional. As emissões por passageiro nesses veículos são de 5 a 14 vezes maior do que em voos comerciais.
Discurso do presidente eleito, @LulaOficial na COP27 sinaliza avanços extremamente importantes. Estamos diante da possibilidade de um "tipping point" do bem? Segue o 🧶👇
Lula afirma que "precisamos de liderança para deter a escalada do aquecimento [global]. Os acordos já finalizados têm de sair do papel." Depois, menciona a necessidade de recursos para o Sul Global e como eles têm menor responsabilidade e sofrem mais, no que está corretíssimo!
Falou da importância das eleições brasileiras para deter "a extrema direita autoritária e o negacionismo climático no mundo". Presidente eleito denunciando o papel nefasto do negacionismo climático!
Uma das maiores mentiras que já te contaram é que Ciência pressupõe "neutralidade", "distanciamento" e "não envolvimento com política".
Esta é uma narrativa que sempre favoreceu apenas o uso do conhecimento científico para valoração do capital ou, pior, deu sustentação a farsas a serviço da perpetuação do racismo, do colonialismo etc.
Cientistas e as instituições da ciência devem sim, se pautar pelo pensamento crítico, pela honestidade intelectual e pela incessante busca de evidências para construir seus posicionamentos. Isso jamais pode ser confundido com omissão.
Hoje é o Dia dos Povos Indígenas. A data ganhou esse novo nome graças a deputada @JoeniaWapichana com o PL 5466/19. O PL destacou que a importância desses povos se dá em sua coletividade e não por indivíduos. Quais as relações desses povos com a questão climática? Segue o fio
O relatório “Territórios da vida” do ICCA Consortium de 2021 trouxe dados recentes sobre povos indígenas e comunidades tradicionais e conservação da Natureza. O trabalho usou dados locais de 17 comunidades nos 5 continentes e análise de dados espaciais report.territoriesoflife.org
O trabalho estimou que 21% de toda a terra no planeta é protegida por esses povos, mais do que todas as unidades de conservação governamentais. Muitas vezes as unidades de conservação estão sobrepostas a territórios desses povos
Olha o que vai rolar no nosso canal na rede ao lado amanhã! Mais informações e o link para já deixar o lembrete ativado nos próximos tuítes!
Pra não perder, segue o link. Aproveita, ativa o lembrete, deixa o like e, se quiser, já deixa alguma pergunta para nossa mesa de debate!
A Marina Tomás (@sciartmari) e a Alyne Costa (@alyne_costa) têm investigado o fenômeno do negacionismo climático em nosso país sob diferentes perspectivas.
A #CriseClimática e o tênue equilíbrio entre o pânico e a esperança: um fio(zão) sobre as últimas contribuições para o debate de mitigação, para além da 3ª parte do 6º relatório (AR6) do IPCC (@IPCC_CH). Vem conosco! 🧶👇
1. Não é mais possível esconder a gravidade da crise climática. Como bem demonstrou a 3ª parte do AR6/IPCC, o aquecimento global para 2100, calculado pelas trajetórias modeladas compatíveis com os esforços de mitigação até 2020 estava na rota de 3,2°C.
2. Na comunidade de Ciência do Clima sabemos bem o que representa um aquecimento de 3,2°C: significa perder o Ártico e todos os corais tropicais; alterar os El Niños; quebrar a correia da circulação meridional do Atlântico...