Thread by @jojo_fraga

O Estranho Mundo da "Restauração" de Arte - A Thread

Existe uma diferença entre RESTAURAR uma arte e CONSERVAR uma arte. E por incrível que pareça são campos relativamente subjetivos, com diversas filosofias no que significa restaurar ou conservar uma peça. De modo geral, podemos dizer que +

RESTAURAR significa utilizar-se de técnicas de forma que a arte recupere a sua FORMA e INTENÇÃO originais. CONSERVAR significa proteger a arte, não importa o seu estado atual, de levar mais danos. Essas áreas podem se misturar, mas também podem entrar em conflito.

Os conflitos muitas vezes surgem a partir de uma diferença filosófica pontual: seria o processo histórico pela qual a arte passou tão essencial quanto a sua imagem? Seriam as queimaduras, craquelados, estragos e vandalismos sofridos também parte do que faz aquela obra importante?

Não existe um consenso real quanto a isso, e hoje aceita-se que essa questão é muitas vezes tratada no caso por caso, com a balança pendendo para um lado ou outro de acordo com o valor e importância histórica da peça, quem é o dono dela, o quão danificada está, dentre outros.

Mas essa discussão sempre retorna quando o assunto são...RESTAURAÇÕES RUINS. Que é porque todos estamos reunidos aqui. Vamos ver aqui alguns exemplos de tentativas de restauração que desafiam os limites da ética e da noção e refletir: seriam essas cagadas.....válidas?

A pintura de Ecce Homo, do século 19, que foi presenteada a igreja Santuário de Misericórdia em Borja (Espanha), talvez seja um dos exemplos mais famosos de restaurações falhas. Ela foi feita por uma senhora de 80 anos, fiel da igreja, que estava preocupada +

+ com a rápida deterioração da pintura, e resolveu ajudar tentando restaurá-la. O resultado...bom, todo mundo conhece. Essa pintura causou uma imensa polêmica entre especialistas, que eticamente condenaram a desfiguração da obra original. Ao mesmo tempo, a pintura virou objeto +

+ de fascínio entre locais, turistas e, claro, a internet. Ironicamente, o novo afresco reviveu a economia local por conta da quantidade de turistas que foram visitar. Muitos artistas também defendem que esse tipo de intervenção faz parte do processo histórico. O que acham?

Próximo, o meu favorito: a estátua de Santo Antônio (século 17) em Soledad, Colômbia. A estátua foi enviada para ser restaurada por 328 dólares (sinceramente, redflag né??), e retornou MAQUIADA. É isso

A restauração causou ultraje nos locais, mas não consegui encontrar informações sobre quem realizou o trabalho e nem se ele foi corrigido. Muitos na internet chamam a estátua de "Santo Transexual" (??), mas enfim. O bebê também tá maquiado kkkk

Um colecionador privado desembolsou em torno de 1200 euros para um restaurador de MÓVEIS recuperar essa pintura da Virgem Maria do século 17....DUAS VEZES

E ele não apenas tentou uma vez, mas ele enviou NOVAMENTE pra uma restauração suspeita o que desfigurou ainda mais o quadro. A Espanha não tem uma legislação muito apertada quando o assunto é restauração de arte, o que resulta em casos como esses de tempos em tempos.

Essa escultura do século 16 também teve o mesmo destino, em vez de contratar especialistas, uma igreja em Navarro (na Espanha) contratou um professor de artes da vizinhança para restaurar essa escultura em madeira do SÉCULO 16. O prefeito da cidade lamentou o ocorrido, +

+ e criticou o poder que as igrejam tem sobre obras históricas religiosas, que poderiam ser melhor protegidas se fossem propriedades públicas. Não se sabe se a obra pode ser recuperada.

Esse caso é de quebrar o coração: esses afrescos chineses são extremamente antigos (século 12 se não me engano), e foram completamente destruídos em um trabalho encomendado pela administração da cidade, Liaoning. O trabalho custou 100 MIL LIBRAS.

Eu não sei exatamente o que aconteceu, mas aparentemente a empresa contratada não tinha qualificação para restaurar o afresco, e resolveram simplesmente pintar por cima. Os oficiais responsáveis foram demitidos e a empresa responsabilizada. Não foi possível recuperar os originais

E aí, o que você acha? Seriam essas restaurações produtos da nossa época, ou apenas um vandalismo? Será que a aceitação de um trabalho desses vem mais de um acordo social do que do resultado em si? Discorram!
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