O escritor @kierongillen , que atualmente escreve a HQ dos Eternos, deu um depoimento tão bom sobre como ele enxerga os personagens e qual a sua proposta com a revista, que vou ser obrigado a trazer a fala dele na íntegra aqui.
Segue o fio ⬇️⬇️⬇️
"Eu disse no início que queria que a HQ fosse sobre 'O que são os Eternos?' porque eles realmente não têm um nicho próprio. O nicho dos deuses está ocupado e a ideia de ser confundido com deuses é menos interessante em um mundo onde existe um Thor."
"Então eu decidi que eles são anjos. Os deuses são os Celestiais, os Deviantes são claramente demônios e os Eternos são figuras imutáveis que estão aqui para nos proteger dos demônios."
"Também estou interessado neles como sociedade. Eles não são os X-Men. X-Men é sobre uma nação, mas é também sobre grupos de amigos e família. Os Vingadores são basicamente um escritório, é um procedimento, eles são um grupo de pessoas reunidas para fazer um trabalho."
"O Homem-Aranha é apenas um cara. [ Risos ] Eternos é uma sociedade. Existem 100 deles. Isso sempre foi direto. Eles são uma estrutura. Esse é o apelo."
"O que eu acho que realmente falta nos Eternos é a tragédia. Eles não tinham tio Ben. Não há nada de ruim em ser um Eterno. Essa tristeza é onde estão os personagens da Marvel."
"O Homem-Aranha é o personagem mais icônico da Marvel porque ele conseguiu seus poderes e então aprendeu que, com um grande poder, vem uma grande responsabilidade porque ele fez seu tio ser morto. Se você passar por todos os personagens da Marvel, sempre haverá isso."
"Então eu dei a eles uma tristeza. Sempre que um Eterno morre, eles voltam à vida, mas isso lhes custa a vida de um humano aleatório. É um peso horrível e eu adoro isso como uma ideia. Alguns dos Eternos simplesmente não se importam e eles são os bandidos."
"Mas imagine se o Homem-Aranha passasse por esse dilema. Quanto a uma meta, as pessoas estão menos interessadas na morte quando se trata de super-heróis agora. O que Jonathan Hickman fez com os X-Men foi apenas tirar a morte da mesa."
"Minha ideia com os Eternos está mudando um pouco. São personagens que têm medo de morrer porque são heróis. Eles não querem que isso fique em suas consciências. No caso de Ikaris, agora ele sabe porque Toby morreu, mas quantos outros humanos morreram por ele?"
"Agora eles têm a própria culpa, vergonha e arrependimento. Isso é o que eu queria dar a eles e é onde estamos. Ikaris tem uma fala que diz: “Como posso lutar se não me importo se vou viver ou morrer?”. Ele não se importou em levar um soco no rosto por centenas de anos."
"O segundo arco será sobre os Deviantes, como os Eternos se relacionam com os Deviantes. Kro é um dos Deviantes mais proeminentes que teve um caso com Thena por milhares de anos. Qual é o objetivo dos Deviantes? Por que os Celestiais os fizeram?"
"Nos livros de Kirby, muitos Deviantes pensavam que eram como pipoca, “Os Celestiais gostam do nosso gosto”, e isso é deprimente. Quem quer pensar isso sobre si mesmo? O segundo arco é sobre como os Deviantes veem seu relacionamento com o mundo."
Esclarecendo para quem não entendeu, os Eternos historicamente são imortais, mas isso não significa que não podem morrer. Eles morrem, mas sempre voltam.
E Gillen introduziu agora nas HQs a dinâmica deles descobrindo que sempre que voltam, uma pessoa aleatória do mundo morre.
A nova revista é ótima, Gillen é um grande escritor. A arte do Esad Ribic é um espetáculo a parte.
Além de conceitos novos, tem MUITA ação. O grupo enfrentando o Thanos, que se torna uma parte muito grande da revista. Afinal, ele tbm é um Eterno.
Essa HQ dos Eternos é ainda inédita no Brasil, mas ela chega mês que vem por aqui.
Se ficou interessado, ela já está em pré-venda na Amazon
Postei mais cedo que era um alívio consumir coisas do universo bruxo, citando Agatha Desde Sempre, estando com a consciência tranquila de que não estou financiando uma mulher transfóbica.
E um certo fandom surtou.
Então segue o fio 🧶
Para fins de contexto:
Tem uma cena do 6° episódio de Agatha Desde Sempre em que é possível ver uma bandeira com a frase "Vidas Trans Importam" no quarto do personagem do ator Joe Locke.
Foi o próprio ator quem sugeriu a bandeira. E eu exaltei isso.
E comparei:
Enquanto nesse universo bruxo o ator Joe Locke é um jovem gay que usa sua voz de formas positivas para a comunidade LGBTQIA+...
Tem outro universo bruxo, criado por uma mulher transfóbica, que usa sua fortuna para financiar políticas contra a comunidade trans.
Segunda coisa: a teoria que vou citar nesse fio é realmente um negócio BOMBÁSTICO.
No sentido de que pode mudar sua compreensão sobre toda a série até aqui. Já estou avisando pra ninguém reclamar de spoiler, caso a teoria se confirme.
Muita gente não sabe, mas a Feiticeira Escarlate não é filha biológica do Magneto. E sim, isso é bastante confuso.
Já tivemos muitas idas e vindas nos quadrinhos. Nesse fio vou te resumir toda a relação da Wanda e do Erik.
Segue o fio 🧶
A ideia desse fio é apresentar, de forma completa, as origens da Feiticeira Escarlate.
1 - A primeira origem
Os gêmeos Wanda e Pietro Maximoff, a Feiticeira Escarlate e o Mercúrio, foram criados por Stan Lee e Jack Kirby em 1964 na revista X-Men #4. Eram lacaios do Magneto.
Na revista, Magneto conta que resgatou a Wanda quando estava sendo perseguida por ser mutante, chamada de bruxa e “Feiticeira Escarlate” pelos aldeões preconceituosos e supersticiosos.
Ela e o irmão então se juntam a causa da supremacia mutante por uma "dívida" com o Magneto.
Se tem um conceito que leitor de quadrinhos adora é o tal do mutante de nível ômega. E curiosamente, a própria Marvel ODEIA essa ideia.
Mas o que é um mutante de nível ômega? E quem são eles?
Saiba tudo (e mais um pouco) nesse fio 🧶
Historicamente os mutantes de nível Ômega eram os mutantes extremamente poderosos. Simples assim.
Mas era um conceito tão simples que com o tempo virou bagunça. Um escritor chegava, dizia que o mutante era ômega e foda-se.
Não tinha padrão e muitos eram os considerados ômegas.
Na prática sua única serventia é ficar gerando debate de "quem é mais forte". Só que gera uma série de furos de roteiro que depois precisam ser remendados.
É por isso que a Marvel odeia o conceito.
Psylocke, Emma Frost e Xavier, por exemplo, já foram considerados ômegas.