Você sabia que já existiram elefantes no Brasil?
Esses animais enigmáticos foram uma das maiores espécies de mamíferos que já viveram nas Américas, desaparecendo há apenas 8 mil anos!
Descubra quem foram esses animais que moldaram alguns dos biomas brasileiros! @JuliotheArtist
Elefante é o nome tradicionalmente utilizado para designar animais da família Elephantidae, que inclui os elefantes atuais.
Entretanto, outros proboscídeos extremamente similares aos elefantes modernos viviam no passado, dentre eles, o "elefante brasileiro" e o famoso mastodonte
Originários da África, os Proboscídeos se espalharam rapidamente pelo mundo. Uma estranha família chamada também surgiu na África milhões de anos depois e colonizou a Eurásia há 19 m.a. e, posteriormente, a América do Norte a 16 m.a., onde se diversificou em inúmeras espécies.
Denominada Gomphotheriidae, essa família dominou os mais diversos ambientes, do Alasca até o Panamá. Muitas espécie possuíam quatro presas ao invés de duas, o que conferia um aspecto único a esses animais.
Arte por @BranArtworks
Até 3 milhões de anos, a América do Sul era uma ilha, completamente isolada da América do Norte até que eventos tectônicos uniram os dois continentes. Esse evento criou o maior intercâmbio faunístico da história, com troca de espécies e a chegada de milhões de novos animais na AS
Recentemente, novos dados geológicos apontam que esse evento pode ter acontecido muito antes do que se pensava, até 16 milhões de anos atrás.
Embora esse dado seja contestado por muitos, um herbívoro do acre (Surameryx) e nosso elefante já estavam na AS há 10 milhões de anos!
Independentemente da data em que esse evento aconteceu, esses proboscídeos chegaram na América do Sul e, rapidamente, diversificaram-se em duas espécies reconhecidas atualmente
Arte por @BranArtworks
Cuvieronius hyodon foi uma espécie peculiar que vivia em grandes altitudes ao longo da Cordilheira dos Andes. Suas presas eram espiraladas e segundo algumas pesquisas, podem ter sido extintos há apenas 1400 anos (Watson, 1994) embora extremamente improvável
Arte por @BranArtworks
Nas terras mais baixas da América do Sul, vivia a outra espécie, encontrada pela primeira vez em cavernas de Lagoa Santa (MG) por Peter Lund. Era um proboscídeo mais robusto, com até 6,5 toneladas e 2,85 metros na altura dos ombros nos maiores indivíduos.
Arte por @BranArtworks
Batizado de Notiomastodon platensis, esse animal vivia em uma enorme variedade de ambientes, de semi-desertos até florestas tropicais úmidas, tendo uma maior afinidade com florestas secas e savanas. No Brasil, seus fósseis foram encontrados em todos os estados, menos o Tocantins
O Notiomastodon passou por inúmeras revisões taxonômicas e diversas espécies de elefantes foram descritas no passado para o Brasil. Um dos principais motivos é sua enorme variedade morfológica, que surgiu devido à sua enorme área de ocorrência no passado.
Arte: @CentralCenozoic
Um trabalho de Mothé et al. (2017) apontou variações morfológicas na espécie. Aqueles que viviam em áreas tropicais tendiam a ter presas curvadas e mais curtas, enquanto os animais do sul tinham presas maiores e mais longas
Agradecimento especial a @adi_fatalis pela ajuda
Assim como elefantes atuais, aqueles que viviam em florestas derrubavam árvores (o que permitia a sucessão ecológica), abriam grandes trilhas e, sobretudo, dispersavam sementes, juntamente com grandes preguiças.
Eremotherium por @JuliotheArtist
Ainda hoje, a América do Sul é o continente que mais possui sementes que necessitam de megaherbívoros para sua dispersão, não sendo transportadas por nenhum animal atual. Isso pode indicar que a densidade de megaherbívoros no continente era ainda maior que a encontrada na África!
Sua extinção pode ter colaborado para o desaparecimento de diversas espécies de parasitas, além de ter contribuído para florestas muito densas (que reduziram a diversidade no solo) e, até mesmo, para a extinção de besouros rola-bosta que dependiam de suas fezes
Arte por Pablo L.
Era frequentemente consumido por carnívoros no Brasil, embora, em muitos casos, esse consumo pode ter ocorrido após a morte natural do animal.
Notiomastodon sendo predado por onça-pintada (Panthera onca) e por jacarés-do-papo-amarelo (Caiman latirostris)
Artes: @JuliotheArtist
Pesquisas indicam que era uma presa frequente do tigre-dentes-de-sabre Smilodon populator. Embora o felídeo pudesse consumir carcaças, alguns cientistas apontam que eles caçavam Notiomastodons jovens baseado no comportamento conhecidode outros dentes-de-sabre.
Arte: @AlorLeonel
A Serra do Espinhaço foi um dos últimos refúgios dessa espécie enigmática. Um dia comum em quase toda América do Sul, foi nessa cadeia de montanhas brasileira que o animal encontrou um refúgio no final de sua história, ao lado de diversas espécies endêmicas
Arte: @HodariNundu
Sua extinção está atrelada a uma extinção em massa que ocorreu do final do Pleistoceno até hoje, com extinções frequentes de grandes mamíferos.
A América do Sul perdeu 86% de seus grandes animais.
Animais em preto e branco na imagem se encontram extintos.
Arte: @MAntonPaleoart
Embora evidências apontem para a ação humana (pelo menos em parte) como responsável por essas extinções, evidências são raras na América do Sul. Entretanto, humanos frequentemente caçavam grandes proboscídeos no mundo e, em pelo menos um caso, caçaram um filhote no Brasil.
Os primeiros povos indígenas do Brasil conviveram com essa espécie por milhares de anos!
Esses animais são um lembrete de como a América do Sul possuía ecossistemas muito mais complexos no Pleistoceno e que, pouco a pouco, essa biodiversidade continua desaparecendo.
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Tradicionalmente chamados de "paleoíndios" ou "paleoameríndios", optaremos pelo termo "paleoamericanos", uma vez que a palavra "índio" foi definida por colonizadores, que acreditavam ter chegado às Índias, sendo, portanto, uma denominação simplista e, muitas vezes, pejorativa
O luto é uma prática quase tão antiga quanto a humanidade. Diversas espécies humanas tentavam homenagear ou proteger corpos de entes queridos, com práticas que incluíam atirá-los em abismos/ no oceano, pendurá-los em árvores, cremá-los ou, até mesmo, a antropofagia ritualística
Todo mundo está acostumado com preguiças no topo das árvores ou já ouviu falar das preguiças gigantes extintas.
Mas você sabia que já existiram preguiças aquáticas, inclusive nos rios do Brasil?
Siga esse fio para conhecer as preguiças que viviam em rios, lagos e até no mar!
Começando pela mais antiga (e menos conhecida), Eionaletherium tanycnemius foi uma preguiça da família Mylodontidae que viveu entre 15 e 5 milhões de anos atrás, descrita por @ascaniodr em 2015 na Venezuela, na chamada formação #Urumaco.
Era um animal que vivia associado à água, mas que não era capaz de nadar rapidamente ou de mergulhar, o que sabemos por sua fraca musculatura nos membros e pela ausência de ossos densos, que facilitariam seus mergulhos.
Você sabia que peixes podem viver no lençol freático?
Como? Ninguém sabe!
Venha conhecer o Stygichthys typhlops, o peixe que vive em baixo da terra e o primeiro organismo vivo apresentado no PaleoEspinhaço!
Foto de @DanteFenolio
Em 1960, a escavação de um poço na cidade de Jaíba- MG trouxe à superfície um peixe pequeno, branco e sem olhos. O animal foi coletado e nomeado Stygichthys typhlops em 1965, no trabalho de Brittan & Bohlke.
Fotos de @DanteFenolio (Astyanax mexicanus no topo)
Após mais de 40 anos sem nenhum outro exemplar ser encontrado, uma expedição em 2004 conseguiu encontrar 34 exemplares em poços artificiais e redescritos. Os resultados foram publicados no trabalho de Moreira et al. (2010).