Eu vi um vídeo de uma comparação sobre o diagnóstico tardio de #TDAH que eu penso bastante até hoje. A moça explica mais ou menos assim: "imagina que você dirige um carro muito ruim e todo dia que você entra nele é garantido que, pelo menos, duas coisas vão quebrar." +
"Podem ser simples, tipo o vidro emperrar ou a porta não fechar. Mas, às vezes, é um pneu furado ou motor quebrado. Depois de alguns anos disso, você começa a carregar uma coleção enorme de ferramentas, toda vez que sai de casa." +
"E no trabalho você ganha a reputação de ser irresponsável e atrasado. Depois de 30 anos, você tá expert, tu pode reconstruir o carro do zero. Isso significa que quando a ferramenta quebrar você não vai chegar atrasado pro trabalho? Não, tu ainda vai chegar atrasado." +
"Mas, aos poucos, menos coisas vão quebrando e talvez você não chegue tão atrasado todo dia. Mas, até onde tu sabe, todo mundo dirige esse mesmo carro ruim porque quando você chega atrasado e pede desculpas, diz que teve problema com o carro," +
"...as pessoas te dizem que todo mundo tem problema com o carro. Mas que todo mundo ainda assim consegue chegar na hora. A culpa é sua. Um dia você chama seu colega e pergunta como ele nunca chega tarde e nem perde deadlines e ele responde que não sabe, ele só faz dessa forma." +
"E você questiona se o carro dele não quebra sempre e ele diz que sim, que todo mundo tem problema com o carro, mas que ele conserta e segue em frente. Você não tem ferramentas? Sim, você responde que tem. Muitas. Ele diz que talvez suas ferramentas não sejam tão boas." +
"Então você continua buscando comprar novas e melhores ferramentas, mesmo tendo certeza que tentou todas elas e que já tem tudo o que consegue. Dai um dia, você ouve falar sobre o carro Tesla. E você decide fazer um teste drive e funciona PERFEITAMENTE." +
"O carro é automático, é bom, dirige sozinho e, se algo der errado, eles te trazem outro Tesla até o seu estar arrumado! E você descobre que todas as pessoas que disseram que todo mundo tem problemas com os carros tem dirigido Teslas a vida toda!!" +
"Você poderia ter tido um Tesla por 30 anos, enquanto estava tentando arrumar o carro ruim que quebra sempre. Se alguém ao menos tivesse te dito isso. Se tivessem te perguntando porque você dirige um carro ruim se poderia dirigir um Tesla!" +
"Então, sim, você funciona ok. Você consegue realizar as coisas. Mas olha o trabalho que teve pra chegar até aqui. O quanto de sucesso você não teria se você pudesse ter dirigido um Tesla a vida toda também." +
"E você talvez ainda tenha conseguido mecânico pra arrumar seu carro ruim às vezes, imagina quem nunca teve como ter ajuda?"
O texto é enorme e da pra relacionar com muitas questões, mas eu não consigo parar de pensar em como seria ter tido um cérebro "Tesla" a vida toda.
Faz sentido pra vocês? Hahaha eu não entendo tanto de carros, mas não paro de pensar nisso.
A moça ainda termina falando algo mais ou menos assim, que eu concordo demais: "se depender de mim, TODO MUNDO vai ficar sabendo que existe o Tesla!" porque é importante que ninguém precise passar pelo que a gente passou pra ter um diagnóstico e tentar viver bem.
ps: Tesla é um carro absurdo que até se dirige sozinho, sei lá huahua
é uma comparação de um cérebro neurotípico/medicado/com diagnóstico (Tesla) pra alguém que acha que tá igual a todo mundo e não tá / neuroatípico (carro ruim que quebra).
Eu costumo dar exemplos das minhas experiências quando as pessoas estão falando as delas, pq é como se eu dissesse que entendo o que ela tá passando, que ela não tá sozinha, mas às vezes eu me sinto muito culpada por parecer que eu tô falando sobre mim quando não é sobre mim?
Eu normalmente não sei consolar, não sei dar conselhos pessoais, não sei reagir às coisas que me falam. Quase 90% das minhas reações são premeditadas na minha cabeça quando eu SEI que preciso mostrar reação haha
então um dos meus únicos jeitos de me comunicar é falando da minha experiência, mostrando que a pessoa não tá sozinha ou que pode desabafar com alguém que já passou pelo mesmo. Ou eu falando de como eu vejo a situação como se fosse comigo, sei lá. É confuso.