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A BALBÚRDIA NO MEC │Desde o início do governo de Jair Bolsonaro, o Ministério da Educação atravessa uma sucessão de crises e escândalos. Em pouco mais de três anos, quatro ministros já comandaram a pasta. Siga o 🧵e relembre

VÉLEZ, O ALUNO │O primeiro escolhido para ministro da Educação de Bolsonaro foi Ricardo Vélez Rodríguez, indicação de Olavo de Carvalho, sem experiência em gestão no setor público. Em sua posse, exaltou o combate ao “marxismo cultural” nas escolas.
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Vélez nomeou para secretarias do MEC ex-alunos de seus cursos de filosofia, também sem experiência. Olavo de Carvalho influenciou na escolha de vários nomes da pasta. Antes mesmo da posse, já vieram as primeiras baixas.
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A primeira grande crise no MEC foi a mudança em edital para livros didáticos, que deixava de exigir referências bibliográficas nos materiais. Em março de 2019, a Folha fez um fio explicando o imbróglio.👇

https://twitter.com/folha/status/1083130898588094470?t=__0XLnNd3yNaUnm7Qn6SAg&s=19

Sob sua gestão, o MEC anunciou a criação de uma comissão para fazer uma análise ideológica do banco de questões do Enem. O principal alvo: itens que abordam uma suposta "ideologia de gênero", termo nunca usado por educadores ou acadêmicos.
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Mais adiante, por email, o MEC pediu às escolas que alunos, professores e funcionários cantassem o hino em frente à bandeira do Brasil e que o momento fosse filmado e enviado ao governo. A mensagem ainda continha o slogan de Bolsonaro.📝 Leia em mla.bs/cddcc5ad

O episódio do hino foi seguido pelo anúncio de que o governo Bolsonaro iria suspender por dois anos a avaliação de alfabetização, o que resultou no pedido de demissão da secretária de Educação Básica do MEC, Tania Leme de Almeida
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O episódio derrubou também o presidente do INEP, Marcus Vinícius Rodrigues, que não foi consultado sobre a suspensão da avaliação. No total, o expurgo do MEC teve 15 exonerações. Segundo Vélez, elas foram motivadas "por critérios técnicos".
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📽️O fim da gestão de Vélez👇

https://twitter.com/folha/status/1506654024115830789?s=20&t=WsEmF-R0pIkPqIcWuA_7-A

WEINTRAUB, O PROFESSOR│Nomeado em abril de 2019, a passagem de Abraham Weintraub pelo MEC foi marcada por ataques, paralisia de projetos, ausência de diálogo com redes de ensino e falta de liderança nos rumos da área —inclusive durante a pandemia.
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Professor universitário de carreira curta, sem experiência em educação, Weintraub chegou ao MEC por indicação da “ala ideológica” do governo. No MEC, apostou nas redes sociais para moldar sua persona agressiva.
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O ministro ganhou notoriedade ao publicar, em 3 de maio de 2019, vídeo em que exibia o ombro para mostrar uma cicatriz. Foi a forma de justificar notas baixas no boletim da faculdade. Ele virou meme.

A Folha analisou 807 mensagens publicadas em sua conta no Twitter durante os 12 primeiros meses no cargo. Metade de suas postagens não falava de educação. Em 42% das mensagens há algum tipo de ataque. Os alvos preferidos são a imprensa, o PT e a esquerda.
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A série de declarações estapafúrdias lhe valeu apurações no Conselho de Ética da Presidência, processos judiciais e idas ao Congresso para se explicar. Congressistas chegaram a ingressar com pedido de impeachment contra ele, mas o STF não aceitou.
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Enquanto mergulhava em polêmicas, Weintraub foi ausente no debate legislativo mais importante para a área, sobre a renovação do Fundeb e viu patinar a maioria dos projetos importantes anunciados por ele.
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Três MPs de interesse do MEC não vingaram. A carteirinha estudantil, criada para esvaziar a UNE, perdeu a validade porque o governo não conseguiu a aprovação no Congresso. O MEC gastou R$ 2,5 milhões só em publicidade com o projeto em 2019.
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Weintraub abriu guerra com as universidades federais. Além de cortar 8% das bolsas de pesquisa em 2019, interveio na Capes (agência de financiamento de projetos de pós-graduandos) para alterar regras de concessão de bolsas.
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Por ideologia, exigiu redução no fomento às ciências humanas. As bolsas para a área caíram 17%. Sempre atacando as universidades, por Weintraub associadas a um suposto domínio da esquerda, desperdício de dinheiro, ineficiência e até uso de drogas
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Os cortes na verba para educação geraram uma onda de protestos por todo o país. Leia em mla.bs/9ed207a7
📸Bruno Santos/Folhapress

Weintraub ainda perdeu R$ 1 bilhão recuperados pela Lava Jato porque não tinha um projeto para educação infantil, conforme revelado pela Folha. Com a pandemia, o dinheiro foi definitivamente para a Saúde.
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Seu discurso de que o Enem 2019 fora o melhor da história caiu por terra após o governo admitir, em janeiro, que milhares de estudantes receberam suas notas erradas.
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A Folha revelou em 2020 que cerca de 60% dos gastos realizados pelo MEC até abril não foram executados. O quadro revela ineficiência de gestão de Weintraub: boa parte do dinheiro federal previsto não chegou de fato às escolas ou a políticas públicas.
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DECOTELLI, O BREVE│Após Weintraub, Carlos Decotelli foi nomeado para comandar a pasta. Sua gestão durou apenas cinco dias, marcados pela contestação do currículo do novo ministro.
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Na época, a Folha fez um fio narrando a curta passagem de Decotelli pelo MEC. Relembre 👇

https://twitter.com/folha/status/1278059499325141006

RIBEIRO, O PASTOR│Milton Ribeiro foi vice-reitor da Universidade Mackenzie, em São Paulo, no início dos anos 2000 e é pastor da Igreja Presbiteriana Jardim de Oração de Santos, litoral de São Paulo. Tornou-se ministro do MEC em junho de 2020. ​
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Com esta indicação, Bolsonaro tentou dar um caráter técnico para a escolha e ao mesmo tempo acenar a grupos de apoio do governo, como os evangélicos e a chamada ala ideológica.
📸Pedro Ladeira/Folhapress

Mas sua gestão é marcada por declarações preconceituosas e em especial por ataques à comunidade LGBTQIA+ e, agora, pela existência de um suposto esquema de propina no MEC.
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Nos últimos dias, a Folha e o @Estadao revelaram a atuação de pastores sem vínculo com a administração pública.
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Em áudio publicado pela Folha, o ministro afirma que o governo prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.

No áudio, ele diz ainda que isso atende a solicitação do presidente Jair Bolsonaro (PL) e menciona pedidos de apoio que seriam supostamente direcionados para construção de igrejas.
www1.folha.uol.com.br/poder/2022/03/…

O desdobramento mais recente: o prefeito Gilberto Braga (PSDB), afirmou que um dos pastores que negociam transferências de recursos federais para prefeituras pediu 1 kg de ouro para liberar verbas de obras de educação.
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Este fio foi produzido por @nanadeluca com base nas reportagens de @paulosaldana, @mattoso_camila, Paulo Gomes, @naticancian, @AngelaBoldrini, Thiago Resende, Gustavo Uribe e @RDellaColetta.

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