A senhorita Francesca Bridgerton era a pessoa que Kate precisava naquele momento. Era a única pessoa que Kate pensava ter a capacidade de acalmá-la. Anthony, como sempre, estava fazendo o oposto disso. Era Kate que teria que empurrar uma pessoa pra fora de si, mas era ele quem+
estava branco como uma nuvem, prestes a desmaiar. Ela queria bater nele.
Anthony estava tentando, claro. Fazia o possível pra tentar esconder o nervosismo, estava segurando sua mão enquanto ela o xingava. Anthony era o mais velho de oito irmãos. Podia não se lembrar de todos+
os partos, mas porcaria, devia lembrar de algum. Sabia como aquilo funcionava. Mais do que Kate, pelo menos. Deveria pelo menos saber que os gritos eram normais. Não estremecer cada vez que ela o xingasse em sua língua natal. Kate estava feliz de não ter lhe ensinado. Era bom+
poder xingar o marido sem que ele soubesse. Mesmo que ele provavelmente imaginasse por causa do tom que ela usava.
E ainda assim, segurando a mão do marido, com a mãe e a sogra no quarto, duas parteiras e um médico, Kate só conseguia pensar em Francesca.
“Anthony, traga ela já!”+
O visconde olhava para a mãe, como se não passasse de uma criança assustada. Kate sabia perfeitamente o absurdo que estava dizendo. Mulheres não casadas não presenciavam partos. Mas céus, ela não se importava com regras de etiqueta. Ninguém ali estava conseguindo acalmá-la. Kate+
precisava de alguém que conseguisse.
“Anthony, se você não mandar alguém buscar Francesca agora, você nunca mais encosta um dedo em mim!”
Era uma ameaça falsa e ambos sabiam. Ainda assim, o fato de ela ter dito em voz alta fez ele perceber que talvez ela realmente precisava+
da cunhada. E precisava.
Em dois minutos ele saiu do quarto, mandou que buscassem Francesca, e voltou para o lado da esposa, segurando sua mão. Kate suava. Não fazia uma hora que estava em trabalho de parto, e já estava exausta. Não fazia ideia de como Violet tinha feito aquilo+
oito vezes.
“Depois que essa criança sair de mim, você nunca mais ouse colocar outra aqui dentro.”
Anthony assentiu, fazendo carinho na bochecha da esposa. Os dois sabiam que ela não estava falando sério. Eles teriam mais filhos depois disso. Mas Kate sonhava em tê-los nos+
braços e não em empurra-los pra fora.
Quinze minutos depois, Francesca chegou a casa. Com Michael Stirling do seu lado. Aparentemente, o primo dele, John, tinha sido urgentemente chamado a sua residência em Londres e Michael caminhou com Francesca até a casa da família+
Bridgerton. Francesca estava noiva de John, conde de Kilmartin. Logo seria Lady Kilmartin. Mas naquela hora, Kate não precisava que ela fosse ninguém além de Frannie Bridgerton, a pessoa mais calma do planeta.
Francesca correu até o quarto da viscondessa. Não fazia ideia do que+
esperar, se fosse sincera, mas Kate precisava dela, e Francesca enfrentaria o diabo em pessoa caso a família precisasse disso. Porque era isso que Kate era, afinal. Família.
Frannie demorou alguns segundos para entender o que estava acontecendo. Ninguém lhe deu nenhum detalhe.+
Só lhe disseram que Kate precisava dela. Agora entendia porquê. Anthony era incapaz de acalmar uma mosca, imagine só uma mulher parindo. Mary estremecia toda vez que Kate gritava. E Violet... Violet estava tentando evitar que Mary desmaiasse. Nenhum deles parecia capaz de+
tranquilizar a viscondessa. Francesca sabia que era por isso que estava ali. Em um segundo, ela estava ao lado de Kate, segurando a mão dela, e a cunhada a encarava com pânico nos olhos. Estava assustada. Claro que estava. Quem não estaria?
“Eu não faço a menor ideia da dor que+
está sentindo Kate.” Francesca sabia que mentir não adiantaria em nada. “Mas o que eu sei, é que assim que a dor passar, você estará dez vezes mais feliz do que estava há um dia.” Kate estava agarrada a mão de Francesca, em busca de algum tipo de apoio. Frannie sorriu. Parte+
dela sabia que estava ajudando. A outra não tinha tanta certeza.
“Não sei se consigo fazer isso, Frannie.”
Francesca sorriu, tirando uma mecha de cabelo escuro do rosto de Kate.
“É claro que consegue. Você é a mulher mais forte da Inglaterra. Além do mais, você não vai ser+
derrotada pelo filho...” Francesca olhou para o irmão mais velho, tão aterrorizado quanto a esposa e deu um sorriso. “Pelo filho dele, vai?”
E então, contra todas as chances, Kate deu um sorriso. Francesca a conhecia bem o suficiente para saber que naquele momento, ela só+
precisava acender o lado competitivo da viscondessa.
E assim, Edmund Bridgerton II veio ao mundo. E Francesca o achava a criança mais linda de todas. Foi a primeira pessoa a segurá-lo depois de Kate e Anthony. As avós, Mary e Violet, se corroeram de ciúmes, mas perdoaram o+
favoritismo quando viram o rosto da jovem se iluminar com o sobrinho no colo. Kate sorriu enquanto descansava a cabeça no peito de Anthony.
“Retiro o que disse. Eu vou adorar derrotar filhos seus mais vezes.”
Anthony se virou para olhar para a esposa, com uma felicidade pura no+
"Um dia, Lady Danbury, trarei um pouco do chá indiano pra cá e você vai entender por que desprezo tanto o chá inglês."
A viscondessa apoiou a xícara no pires com um barulho um pouco mais alto do que o aceitável. Não que alguém se importasse. Ela estava em casa e estava grávida.
Sempre tivera medo de que isso fosse tirar sua liberdade, mas gostou de perceber que só a permitia fazer ainda mais coisas. Anthony não parecia gostar da ideia de discutir com a esposa quando ela carregava seu filho no ventre.
"Bem, quando isso acontecer, Lady Bridgerton,
estarei mais do que disposta a testar sua teoria."
Um sorriso irônico - que Lady Danbury adorava - cruzou o rosto da viscondessa antes que elas fossem interrompidas por um barulho... Estranho. Kate virou o rosto em direção ao som e viu seu marido apoiado em uma enorme caixa de