eu sei que virou meme e que biólogo explicando é sinônimo de ranço no tt, mas deixa eu fazer meu trabalho, por favorzinho?! 🥺
lagostas são sencientes, ou seja, possuem a capacidade de ter sentimentos, como dor, fome, sede, etc.
⚠️gente, eu não estou aqui para cagar regra, beleza?! O que eu vou dissertar é sobre alguns estudos e eu tenho plena noção da importância dos catadores de caranguejo e dos pescadores artesanais. Eu estou aqui só pela Ciência, ok?! ⚠️
no vídeo vemos uma lagosta Procambarus clarkii (id pelo @craylipe) que é um crustáceo decápode (crustas que tem 10 pernas) nativa do nordeste do México e sul dos EUA, introduzida em todos os continentes, exceto Antártica e Oceania, sendo a lagosta mais menina solta do mundo 🧚♀️
vamos falar sobre um artigo escrito por Birch e co-autores que saiu na London School of Economics and Political Science ano passado, chamada Review of the Evidence of Sentience in Cephalopod Molluscs and Decapod Crustaceans. link abaixo ↴ lse.ac.uk/News/News-Asse…
tem outros estudos, mas esse em especial pegou mais de 300 estudos sobre o tema e avaliou evidências de senciência nos crustáceos decápodes (guejo, lagosta, camarão e siri ) e moluscos cefalópodes (polvos, lulas e sépias). então, iremos nos basear, principalmente, nele :D
na id eu coloquei lagosta, mas é um lagostim!!!! digitei errado, discurpa 🥺
dando continuidade, para concluir se o bichin é senciente: não é preciso que ele reflita sobre esses estados, mas que seja capaz de vivenciá-los, dessa forma, tornando-o um animal consciente no sentido mais básico do termo: ter consciência de si e do mundo ao seu redor.
Para determinar se o bichin é senciente pensa-se que é suficiente ele reagir a estímulos nocivos, contudo, essa habilidade, chamada de nocicepção, pode ocorrer sem senciência, ou seja, sem haver dor no rolê.
vale mencionar que a senciência nem sempre depende da nocicepção, já que experiências afetivas positivas e muito negativas são independentes da nocicepção.
sendo assim, a nocicepção e a senciência estão relacionadas na medida em que todos os seres sencientes têm capacidade nociceptiva, mas nem todos os seres têm a capacidade nociceptiva são sencientes,+
ou seja: todo ser que se encaixa na capacidade nociceptiva sabe que está sentindo dor, mas nem todo ser que sente, sabe o porquê. negócio maluco, né menina?!
só p/ deixar claro, na imagem abaixo as regiões rosa indicam uma região cerebral integrativa associada ao aprendizado e à memória em várias espécies de crustáceos (Leptostraca e Stomatopoda não são decápodes). figura: Strausfeld et al. 2020
em 1991 Smith e Boyd, fizeram um trabalho no Institute of Medical Ethics que desenvolveu uma lista de 7 critérios de senciência que foram usados em questões de política de bem-estar animal.
Em 2005 foi aplicado esses critérios para um relatório científico que foi o centro da diretiva europeia de 2010 sobre o uso de animais para fins científicos. sim, tudo está interligado 🤪
de 1991 para 2021 muita coisa mudou, né?! então, o Birch e co-autores (do artigo que estamos nos embasando) atualizaram, revisaram e expandiram os antigos critérios de Smith e Boyd para uma lista de 8 critérios embasados nas evidências neurobiológicas e cognitivo-comportamentais.
destaca-se que nenhum critério por si só tem a possibilidade de fornecer evidências suficientes para concluir se um animal é senciente ou não, mas na Ciência quanto mais critérios o bichin atender, maior a probabilidade de ser senciente. categorização dos critérios:
Já que eu escrevi tudo isso aí em cima sobre esses bichinhos serem sencientes, é fundamental legislar para que não sejam excluídos das leis de bem-estar animal. dito isso, os resultados de Birch et al. podem ser essenciais para o futuro ético-político dos invertebrados.
a evidência de senciência em decápodes foi relatada em diversas revisões entre 2001 e 2019, todas referenciadas no final da thread para quem se interessar. então Birch e seus migos leram todas elas e outras escritas depois de 2019 sobre o assunto, assim atendendo aos 8 critérios.
-ah, mas por quê ele não fez de todas as espécies?
jura, anjo? mais de QUINZE MIL espécies de decápodes, more. quem tem esse tempo e dinheiro?! mas eles estudaram os mais importantes:
Brachyura (guejos verdadeiros), Anomura (guejjos falsos, como ermitões), Astacidea (lagostas e lagostins), Achelata (lagostas espinhosas), Caridea (camarões carídeos) e Penaidae (camarões peneídeos).
basicamente todos de importância comercial.
cada critério foi avaliado, então quem quiser ler todos está no link acima, contudo esse na imagem relata sobre senciência:
Birch et al. fizeram algumas recomendações sobre práticas que têm os crustáceos como produto, por exp.: a amputação de suas pinças ou corte do tendão das pinças causam sofrimento e os colocam em risco de saúde. por isso, propõem a proibição ou outras alternativas p/ tais práticas
- ah, mas cresce de novo
sim, meu anjo, mas pode crescer ou não, devido a fatores bióticos e abióticos. não vai crescer em apenas uma muda, vai demorar umas 3-5 mudas, SE ele tiver as condições favoráveis. não é magia, é processo fisiológico ✨
sobre cozinhar crustáceos vivos existe um mito sobre uma bactéria chamada Vibrio parahaemolyticus. ela pode sim existir em crustáceos, mas não é grave se a carne for preparada corretamente e tiver procedência.

é importante prestar atenção ao controle da temperatura durante a colheita e no manejo pós-colheita. também é necessário evitar a contaminação cruzada durante o manuseio e preparo dos crustáceos, e o cozimento adequado antes do consumo.
como consumir os bichinhos sem dor?
o modo mais eficaz é choque elétrico, pois se tem certa confiança que esse método produz um estado de convulsão, o tornando inconsciente ou métodos mecânicos, como a dupla punção sucessiva em guejos ou partir verticalmente o corpo da lagostas.
isso porque os crustáceos não tem o sistema centralizado; os guejos têm dois gânglios (aglomerado de nervos) no cérebro e na região torácica.
as lagostas possuem 13 gânglios nervosos interconectados ao longo do cordão nervoso central. mesmo que não seja possível perfurar com rapidez e precisão todos os gânglios, recomenda-se fazer um corte ao longo da linha média longitudinal.
por fim, não acredito que no Brasil terá alguma lei sobre o que falamos agora, principalmente porque existe uma indústria da pesca podre de rica.
não tenho a intenção de criar briga com veganos, suas derivações e pessoas que n são, tampouco quero gerar conflito com catadores de guejo e pescadores artesanais, pois eles ajudam na preservação de manguezais, rios e mares que são degradados pela pesca industrial e pelo homem
acredito, sim, que vai da consciência de cada um aqui fazer o certo de acordo com sua ética.
tudo pode ser refutável se há estudo de qualidade.
Birch, J. ‘Animal sentience and the precautionary principle’. Animal Sentience, 017017, 1-16, 2017.
Birch, J. et al. ‘Review of the Evidence of Sentience in Cephalopod Molluscs and Decapod Crustaceans’. London School of Economics and Political Science, 2021.
Broom, D. M. Sentience and animal welfare. Wallingford: CABI. 2014.
Burn, C. C. ‘Bestial boredom: a biological perspective on animal boredom and suggestions for its scientific investigation’. Animal Behaviour, 130, 141-151, 2017.
Burrell, B. D. ‘Comparative biology of pain: what invertebrates can tell us about how nociception works’. Journal of Neurophysiology, 117, 1461-1473, 2017.
De Grave, S. et al. ‘A classification of living and fossil genera of decapod crustaceans’. Raffles Bulletin of Zoology, 2009
Department for Environment, Food & Rutal Affairs [DEFRA] ‘Lobsters, octopus and crabs recognized as sentient beings’. gov uk., 2021.
Elwood, R. W. et al. ‘Pain and stress in crustaceans?’ Applied Animal Behaviour Science, 118(3-4), 128-136, 2009.
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Antropologia de la vida animal. Revisión de la Evidencia de Sintiencia en Moluscos Cefalopodos y Crustáceos Decapodos. GrupAVA. 2021
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quando digo que crustáceos são incríveis eu não estou brincando!
bolsistas da CAPES do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Mecatrônicos da Universidade de Brasília (UnB) fizeram uma máscara com fibra de crustáceos que inativa o vírus da COVID-19.
a máscara foi feita a partir de um nanofilme da fibra da casca dos crustáceos, chamada de quitosana, muito utilizado na farmacologia para emagrecimento, cicatrização e auxilia no colesterol.
por isso, a máscara consegue ter ação antimicrobiana e é mais capaz de filtrar o vírus!
a máscara recebeu o nome de Vesta, a qual tem 3 camadas para auxiliar contra partículas sólidas, aerossóis, oleosas e líquidas, atuando até 95% contra o COVID-19.
vamos falar do bichinho mais importante da Antártica: o krill!
uma #BioThreadBr utilizando cenas do filme Happy Feet 2
o krill pertence a ordem Euphausiacea é só são chamados de krill quando estão em coletivos, eles sozinhos são chamados de eufausiáceos (mas vamos chamar de krill para ficar mais fácil, tá?!)
o corpinho do krill é bem parecido com o de camarão, porém a carapaça não envolve as brânquias, portanto, são expostas e eles podem apresentar fotóforos, órgão que pode emitir luz, ou seja, algumas espécies são bioluminescentes - uma provável adaptação para reprodução.
Hoje é dia de transformação, bb!
Os crustáceos fazem parte do Filo Arthropoda, e bem como todo artrópode, eles realizam ecdise ou muda, como você preferir falar.
Você já se perguntou como ele consegue crescer? Vem comigo que eu vou explicar tudinho nessa #BioThreadBr
Esse processo apresenta algumas etapas e é controlado por 2 hormônios: a ecdisona, ela vai promover a muda/ecdise, e o hormônio inibidor da muda, também conhecido como HIM.
Esse processo de muda também pode ocorrer por influência de fatores exógenos, como temperatura.
Pra começo de conversa temos que ter em mente um crustacinho com seu exoesqueleto desmineralizado, todo molinho e frágil, sem comer, ficando escondido para evitar riscos e expandindo seu tamanho por meio de água e ar, crescendo de tamanho.
Vocês já entenderam que aqui temos 2 crustáceos, certo?! Então, sem mais delongas, o nº3 é um crustáceo chamado Epimeria quasimodo. Tem outro crustáceo que vou falar em outra thread, calma coração!
vem com a mamãe guejo descobrir mais sobre esse nenê 👇
O E. quasimodo é um anfípode com aproximadamente 50mm de comprimento.
Quasimodo é familiar para as crianças dos anos 90 que assistiam Disney o dia todo ou para quem é cult. Lembrou?
Quasimodo é o nome que chamam o Corcunda de Notre Dame! A espécie recebeu esse nome por conta do arqueamento de seu dorso.