O que está acontecendo no Equador? Segue um fio em que tento organizar os principais eventos que ocorreram no país neste mês de junho insurgente.
No dia 8 de junho, a Assembleia Nacional do Equador discute e aprova uma lei de uso legítimo da força que em seus artigos 23, 24 e 25 regulamentam o uso da força em caso de protestos sociais. Esses pontos da lei haviam sido rechaçados pelos movimentos sociais e indígenas.
No dia 9 de junho os estudantes equatorianos marcham em defesa da educação. Protestam contra a redução em 113 milhões de dólares dos investimentos nas universidades e escolas politécnicas.
Enquanto os estudantes equatorianos marcham, os produtores de banana convocam uma paralização para o dia 13 de junho. Denunciam que o setor perdeu 19 milhões de dólares e mais de 60 mil postos de trabalho no último período na pior crise do setor.
Ao mesmo tempo, um #ParoNacional é convocado pela @CONAIE_Ecuador também para o dia 13 de junho com a seguinte agenda de 10 temas de reivindicação:
1. Redução e fim da subida dos preços dos combustíveis. Congelamento do diesel a $ 1,50 e a gasolina extra e ecopaís a $ 2,10. Revogação dos decretos 1158, 1183, 1054 e atenção aos setores que precisam de subsídio: agricultores, camponeses, transportadores, pescadores e outros.
2. Alívio econômico para mais de quatro milhões de famílias com a moratória de no mínimo um ano e renegociação das dívidas com a redução dos juros do sistema financeiro (bancos públicos, privados e cooperativas). Não ao confisco de bens como casas e veículos por dívidas ñ pagas
3. Preços justos para os produtos do campo: leite, arroz, banana, cebolas, batatas, milho, tomate e mais; fim das cobranças de taxas pelas flores. Para que milhões de pequenos camponeses e produtores médios possam ter garantia de sustento e continuem produzindo.
4. Emprego e direitos laborais. Políticas de investimento público para frear a precarização laboral e assegurar a sustentabilidade da economia popular. Exigir o pagamento das dívidas do Instituto de Seguridade Social (IESS).
5. Moratória para a ampliação da fronteira extrativa mineira/petroleira, auditoria e reparação integral pelos impactos socioambientais. Para a proteção dos territórios, fontes da água e ecossistemas frágeis. Revogação dos decretos 95 e 151.
6. Respeito aos 21 direitos coletivos: educação integral bilíngue, justiça indígena, consulta prévia, livre e informada, organização e autodeterminação de povos indígenas.
7. Fim da privatização dos setores estratégicos, patrimônio dos equatorianos: Banco do Pacífico, hidroelétricas, IESS, Corporação Nacional de Telecomunicações, estradas, saúde, entre outras.
8. Políticas de controle de preços e da especulação no mercado de produtos de primeira necessidade que fazem os intermediários e abuso dos preços nos produtos industrializados nas cadeias de supermercados.
9. Saúde e educação. Investimento urgente frente ao desabastecimento dos hospitais por falta de medicamentos e pessoal. Garantia do acesso da juventude à educação superior e melhora da infraestrutura das escolas, colégios e universidades.
10. Seguridade, proteção e geração de políticas públicas efetivas para frear a onda de violência, milícias, delinquência, narcotráfico, sequestro e crime organizado que mantém o Equador desestabilizado.
O dia 13 amanhece com estradas fechadas em pelo menos 6 províncias do país.
No dia 14 de junho, o presidente da CONAIE @LeonidasIzaSal1 é preso de forma ilegal por grupos de elite da Polícia e das Forças Armadas do país. Sua prisão faz com que as manifestações fiquem ainda mais radicalizadas e se transformem também em uma luta por sua liberdade.
No dia 14 Lasso faz um pronunciamento justificando as prisões e o uso da violência contra manifestantes.
No dia 15 de junho, já no #Dia3 da paralisação, Leonidas é solto e recebido pelos manifestantes.
#Dia4 - 16 jun - As manifestações se intensificam e chegam a Quito. A repressão também vai aumentando progressivamente.
#Dia5 - 17 jun - os atos se intensificam principalmente na área central de Quito. Fechamento de estradas prossegue. O chamado de Lasso para o diálogo do dia anterior é recebido pela CONAIE com desconfiança. ONU se pronuncia pelo diálogo.
#Dia6 - 18 jun - governo Lasso decreta estado de exceção nas províncias de Imbabura, Pichincha e Cotopaxi.
#Dia7 - 19 jun - após uma semana de mobilizações, movimentos sociais, populares, artistas e diversas organizações convocam uma vigília na Sede Nacional da Casa das Culturas para resistir às investidas violentas do governo contra manifestantes e as instalações das organizações.
#Dia8 - 20 jun - neste dia, uma marcha gigantesca de indígenas vindos de todo o país chega a Quito. Estudantes derrubam as grades da Universidade Central do Equador para que as e os integrantes da marcha pudessem se abrigar.
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#Dia9 - 21 jun - os protestos em Quito se intensificam e surgem as primeiras vítimas. Guido Guatatoca, da comunidade de Kichwa de Puyo, é assassinado com disparos a queima roupa.
A esta altura dos protestos, segue a ocupação policial na Casa das Culturas e as ruas ocupadas.
#Dia10 - 22 jun - dez dias após o início dos protestos, enquanto a oposição a Lasso no parlamento tenta derrubar o decreto 455 que impôs estado de exceção a 3 regiões, o governo publica o decreto 459 incluindo mais três: Chimborazo, Tugurahua e Pastaza +