Tem muito texto sobre mãe de autista e sobre autista leve, mas esse é o primeiro que eu mesma vejo sobre mãe autista nível moderado. Tudo começou quando tive o diagnóstico de depressão perinatal no oitavo mês da gravidez. (1/8)
Mas após o parto as coisas foram ficando cada vez mais estranhas e a psiquiatra começou a desconfiar que tinha mais coisa ali. Infelizmente ela exigia um ano de acompanhamento e mais um mês de avaliações neuropsicológicas para dar um diagnóstico. Sem saber o (2/8)
que eu tinha e qual a gravidade, o primeiro ano da vida do meu filho foi com certeza o pior ano das nossas vidas. Meu marido assumiu sozinho todos os cuidados com o bebê, inclusive de madrugada, e eu cuidava “só” da amamentação. Foi assim que a amamentação virou (3/8)
um momento tão especial para nós: era o único momento que eu conseguia me conectar com o bebê. Quando o diagnóstico veio, o bebê já tinha quase um ano e foi um momento de grande alívio, que explicou muita coisa. Logo comecei a me tratar: achei uma psiquiatra (4/8)
especialista em autismo adulto e comecei a terapia ocupacional. Mas o melhor do diagnóstico mesmo foi poder entender e respeitar minhas limitações, muitas vezes com ajuda da minha psicóloga. Além disso, foi muito importante valorizar as minhas qualidades e parar (5/8)
de focar apenas nas limitações! Foi assim que comecei a escrever textos sobre meu maternar para me lembrar que eu sou muito boa em ler com o bebê, ensinar línguas, fazer bolinhos, brincar com a mangueira no quintal, levar passear e brincar de massinha. Talvez (6/8)
isso tudo seja muito simples para as pessoas comuns, mas para mim exige um grande esforço, que eu faço diariamente. Os livros e passeios na praça viraram nosso grande momento de conexão. Depois de um ano inteiro sem saber o que eu tinha, sentindo uma grande dificuldade (7/8)
em interagir com o bebê (quando ele ainda tinha apenas o choro como forma de comunicação) e sem conseguir sequer tolerar o som de seu choro, hoje tenho certeza de que sou a melhor mãe que ele poderia ter, mesmo sendo autista grau 2. #autismoadulto#maternidadeatipica (8/8)
Estava olhando meu bebê brincando num parquinho domingo e tive certeza que ele era o mais lindo de todos. Tinha todo tipo de criança. Tinha loira, morena, careca, cabeluda. Menino, menina. (1/10)
Tinha também deficiente, torrada do sol, ruiva, suja de barro… enfim. Muitas crianças mas eu tinha certeza que a minha era a mais linda de todas. E sabe o mais louco? (2/10)
Que com certeza a mãe de todas as outras crianças tinha a mesma certeza: seus filhos eram para elas os mais lindos do mundo.
Passamos a manhã de hoje numa psiquiatra infantil que categorizou nosso bebê como autista. (3/10)
Estava no mercado segurando meu filho de dois anos para ele parar de correr entre os produtos e as pessoas, quando me deparei com uma grávida. Ela parecia exausta e com certeza estava no terceiro trimestre. (1/8)
Nada mais esperado que estar exausta mesmo! Nos olhamos por alguns segundos. Ela ali, com certeza na maior expectativa de sua vida para conhecer logo seu bebê. E eu ali, dois anos depois do momento em que ela estava, tentando controlar meu pequeno furacão em público. (2/8)
Fiquei pensando em quanta coisa queria dizer para ela e também para mim no final da gravidez. Confesso que durante toda gravidez eu só pensava em parto. Ficava o dia todo estudando e lendo relatos de parto normal. Nem me preocupava com o que viria depois. (3/8)
Ainda me lembro da vez que pus uma fantasia nele, que ele odiou. Assim que pus ele começou a chorar e falar aiai. Está fazendo manha, alguém me disse. Ignore que ele para, alguém me disse. Ignorei e fiz ele usar a roupa o dia inteiro, mesmo odiando. (1/9)
Só no fim da tarde fui perceber que ele estava com o pescoço vermelho e cheio de marcas porque o zíper da roupa estava machucando. Não era “manha”, era um pedido de ajuda. Ele estava com dor e eu o ignorei :(
Certo dia, toda vez que botava o tênis, ele dizia (2/9)
aiai e tentava tirar. Está fazendo manha pra por o tênis, alguém me disse, só ignorar e pôr o tênis. Lembrei do dia da fantasia e não consegui ignorar. Nesse dia deixei ele descalço mesmo. Qualquer menção ao tênis ele falava aiai e apontava o pequeno pé. Só fui (3/9)
Estava vendo fotos da minha casa antes de ter criança e…caramba! Não tinha uma pilha de fraldas no canto do sofá, ou uma montanha de brinquedos no chão da sala. Nem tinha um quarto (1/9)
de bebê e muito menos tanta roupinha no varal. Não tinha uma mini vassoura do lado da vassoura, nem um termômetro de testa e um pato de borracha na cômoda ao lado da minha cama.
O bebê vem como um pequeno furacão e junto com ele chegam muitos objetos. Já parou (2/9)
pra pensar? Às vezes fico olhando e pensando que é muita coisa. Três tipos de sugador de nariz até achar o ideal. Disso não me arrependo, o redondo faz o trabalho lindamente (já fiz até um post ensinando). E os diversos pacotes de fralda de todas as marcas e tamanhos (3/9)
Existe o chulé e existe o mini chulé. E não falo de mini chulé me referindo ao mini pé. Falo do cheiro desse mini pé mesmo. Uiuiui, ninguém me avisou que bebês podem ter chulé. A (1/7)
verdade é que descobri que assim que passam a usar meias e tênis, bebês por ter sim um mini chulé. E que chulé! Misericórdia! Sai de perto!
Meu bebê andou com 11 meses e usa tênis quase todo dia desde então. E é por isso que eu virei especialista em mini chulé. (2/7)
As meias do nico têm realmente um cheirinho azedo. Socorro! Acaba que eu troco de meia nele pelo menos uma ou duas vezes por dia, porque vivem suadas. Mas também, para o tanto que esse menino brinca o dia todo lá fora…