PRIMEIRA MÃO: Suposto projeto de doação de marmitas para moradores de rua em Blumenau gera suspeitas de golpe nas redes sociais. #MarmitaGate
Reportagem conversou com o padrasto de Duda Poleza.
Segue o fio! 🧶👇
Diversas pessoas que fizeram doações e outras que seguiram o “Alimentando Necessidades” começaram a desconfiar após um grupo de pesquisa autônomo publicar uma espécie de “dossiê” sobre o caso.
A desconfiança começou pela quantidade de threads que engajaram nos perfis das duas coordenadoras do projeto, que se apresentam como Duda Poleza e Taynara Motta.
Ambas publicaram prints de conversas que tiveram milhares de reações e divulgaram ainda mais o projeto.
Em um dos casos um rapaz pede fotos nuas em troca de doação, já em outro uma pessoa oferece carne vencida para que seja utilizada nas marmitas.
Num caso mais antigo e grave, Taynara conta sobre uma experiência de estupro que teria sofrido. Em todas as publicações o perfil do projeto é divulgado, juntamente com uma chave pix para doações.
Outra incongruência é que Taynara não é encontrada em nenhuma outra rede social. Aliás, uma pesquisa de dados de sistemas do governo do estado não conseguiu encontrar nenhuma Taynara Motta morando em Blumenau.
Pela pressão sofrida nas redes sociais pela desconfiança, as duas coordenadoras resolveram fazer vídeos para provar que existem.
O de Duda permanece no perfil, informando ainda que uma live será feita nesta segunda-feira, 26, às 21h.
Entretanto, o vídeo de Taynara foi publicado e logo deletado. Ele possuía muitos efeitos de imagem e áudio, o que trouxe ainda mais desconfiança. Muitos acreditaram que se tratava da própria Duda.
Seguindo as pesquisas, o grupo partiu para o projeto em si. Descobriram que antes do Alimentando Necessidades, Duda já havia tinha um outro perfil de auxílio, o Absorvendo Necessidades.
O projeto arrecadava dinheiro para comprar e distribuir absorventes para mulheres em situação de pobreza menstrual. O projeto não existe mais.
O “dôssie” também mostrou que as fotos publicadas pelo Alimentando Necessidades são as mesmas desde o ano passado.
Elas aparecem, sem muita diversidade, em todas as publicações de divulgação – seja nos fios engajados, ou em pedidos de doações. As únicas imagens “diferentes”, são de Duda fazendo as marmitas.
Nossa reportagem entrou em contato com Mika, que nos atendeu e confirmou a ligação de Duda com o projeto.
Ele afirmou “auxiliar” em algumas compras, mas disse não ter mais informações sobre o projeto, porque é a enteada que cuida de tudo.
“É difícil encontrar alguém que, com 18 anos, faz o que ela faz nesses projetos. Ela vive nisso, o tempo todo”, afirmou Mika, o padrasto de Duda por telefone.
Ele ainda confirmou que moram em Blumenau, mas explicou que Duda estava viajando para “São Paulo ou Rio de Janeiro”.
E ela que tinha mudado de número de telefone, por isso, não saberia repassar.
A equipe do jornal O Município Blumenau tinha um número de contato de Duda, por tentar entrevistá-la há algumas semanas sobre o projeto, antes de toda a suspeita.
A ideia era fazer uma matéria divulgando o Alimentando Necessidades. Entretanto, ela respondeu as primeiras mensagens e depois desapareceu, não atendendo mais as perguntas e ligações.
Ao falar com Mika, nossa equipe deixou o contato para que Duda pudesse retornar.
Até a publicação da matéria, não conseguimos contato com nenhuma das representantes do projeto.
Repercussão nas redes sociais
Nas últimas horas, a suspeita de golpe se tornou um dos assuntos mais comentados no Twitter. Diversos perfis conhecidos comentaram sobre a questão, denominando o caso como “Marmitagate”.
Até o perfil do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (@mtst), atua fortemente na doação de alimentos nas periferias do Brasil citou a polêmica.
Aliás, foi possível observar que uma das únicas duas fotos mostrando a entrega das marmitas, aconteceu em Pomerode, em frente ao restaurante do padrasto de Duda, proprietário do restaurante Temperos do Mika.
Durante toda a repercussão, muitas pessoas que fizeram doações comentaram sobre a revolta de terem possivelmente sido vítimas de um golpe.
A reportagem do jornal O Município Blumenau conversou com uma delas, que contou sobre como foi o contato com o projeto.
“Primeiro vi o projeto do absorvente, apareceu na minha timeline, e fiz a doação, em janeiro/22. Em abril apareceu de novo na timeline e dessa vez, sobre a distribuição das marmitas, e doei também. E sempre divulgava aqui”, relatou Isabel.
“Na época não achei estranho. Só agora parei pra refletir, depois que você dia elas, se são duas de verdade, ignoram você por completo. Sinalizei as doações e nunca responderam. Eu já doei em outros projetos e na mesma hora a pessoa te responde e etc”, conta Isabel.
Duda Poleza, do suposto projeto Alimentando Necessidades, fala sobre suspeitas e acusações.
⭐ Em entrevista exclusiva, ela comenta sobre Taynara, caso da carne estragada, falhas na prestação de contas e foto antigas. #MarmitaGate
Duda relata que, atualmente, são três os participantes do projeto. Porém, antigamente ela comenta que eram sete participantes.
“Temos um voluntário na entrega, porém, quando ele fura por algum motivo, a gente dá um jeito ou contrata um serviço de motoboy, mas isso é raro”, diz.
🍝 Porque criou o projeto?
“Quis fazer pois isso foi algo que sempre me chateou, ver pessoas passando fome. Não é só as marmitas, sempre têm doação de roupa na minha casa. Sempre tentamos fazer alguma coisa por fora também. Fomos criados assim”, conta Duda.