#Eleicoes2022
Concern Trolling: O papel da direita "moderada", a tentativa de lavar a desinformação, legitimar o discurso golpista. Ou porque "junk news" é melhor que "fake news".
Segue o fio.
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Cresce o fenômeno do concern trolling sobre a eleição brasileira nas redes. O comportamento de fingir uma preocupação genuína com o bem do sistema eleitoral e do TSE, expondo "dúvidas" e "somente perguntas legítimas" sobre as urnas que devem ser respondidas. 2/
Essas posts tentam dar legitimidade ao discurso golpista, que desde a derrota buscou atacar as eleições. Os protestos começaram após o anúncio do resultado, muito antes dessa "denúncia crível". @realpfigueiredo, @Rconstantino, etc tentam mudar a roupagem do movimento golpista 3/
O uso das mensagens de @MarcosCintra tem a mesma finalidade: usar uma suposta "neutralidade" para lavar as denúncias e exigir que as teorias conspiratórias absurdas sejam debatidas na esfera pública. @marcofeliciano fez uso da mesma retórica: 4/
Esse recurso é caracterizado por um pedantismo pseudo-intelectual próprio das redes: ignora-se o contexto e a mensagem mais ampla de ataque às urnas e ao sistema eleitoral para se apegar em um detalhe que supostamente "tem mérito". 5/
Esses atores propositadamente ignoram que essas denúncias são somente mais uma desinformação entre outras tantas que já foram desmentidas. O mesmo recurso é usado de forma recorrente pela alt-right/alt-lite americana, @jordanbpeterson, @BretWeinstein e outros ex-acadêmicos.. 6/
O resultado que essas mensagens sobre "detalhes", contudo, é a legitimação do discurso amplo sobre a fraude nas eleições. É porque nas redes sociais e em um contexto de milhares de denúncias e junk news por dia, se cria uma noção ambiental de que houve fraude. 7/
É impossível fazer fact check de toda a desinformação, portanto basta um volume imenso de denúncias e a seleção de ao menos uma que pareça ter credibilidade para consolidar esse sentimento maior de dúvida ou de injustiça. 8/
É por isso que prefiro o uso do termo junk news (como o fast food) e não de fake news. O importante e relevante não é que a informação sendo disseminada é falsa, mas sim que ela é produzida desde o início com o fim de desinformar. Ela gera um contexto de desconfiança. 9/
Assim como o fast food ou o alimento ultra-processado, a junk news foi criada para estimular o consumo de mais porcaria. Não se trata de um erro na receita ou descuido, o intuito nunca foi ser nutritivo e saudável (informativo). 10/
A expansão para além das fronteiras nacionais faz também parte dessa tentativa de criar esse contexto de desconfiança. Ela reafirma a mensagem de que "o mundo já sabe que houve fraude". O @majorityfm mostrou como @TuckerCarlson nos EUA ajudou nisso 11/
O vídeo original de Tucker na Fox News tem circulado em grupos Bolsonaristas. Não importa que Tucker tenha cometido erros básicos sobre a eleição brasileira, o que importa é consolidar a mensagem ampla: as eleições foram fraudadas. 12/
É esse também o impacto das contas automatizadas (bots) online, dar corpo e aparência de amplitude ao movimento. É o que explica o que observei aqui: 13/
Essa estratégia de produzir conteúdos em inglês também ajuda a ampliar a mensagem da extrema direita de que há uma conspiração da imprensa contra Bolsonaro e de que a liberdade está em risco no Brasil. "Lá fora estão falando, aqui não pode". 14/
Funciona também para pressionar e desafiar a imprensa local brasileira a abordar e debater tais teorias conspiratórias, o que ajudaria ainda mais em consolidar a desconfiança.
A solução? Não tenho nenhuma por enquanto, além de não cair na desingenuidade do concern trolling 15/15
#Eleicoes2022
Aconteceu algo muito estranho hoje no Twitter e, apesar de ser pesquisador da área, ainda não entendi exatamente o que e nem porquê isso ocorreu. Tenho mais perguntas que respostas. Segue o fio:
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Quando surgiram as primeiras noticias de que o aeroporto GRU estava fechado e voos estavam sendo cancelados, dei quote tweet comentando em inglês uma mensagem da @carlavilhenaa sobre voo sendo desviado de Chicago O'hare. O texto foi semelhante a esse: 2/
Segundos depois da minha mensagem, antes de eu terminar a thread, meu tweet recebeu mais de 500 retweets. Alguns poucos em português, a maioria em inglês e pró-golpe. Além de apoiar um golpe no Brasil, os tweets e perfis incluíam imagens e estética da alt-right americana 3/
#Brazilelections #Eleicoes2022
Lula has the challenge of rebuilding and redemocratising the country after the continuing economic crisis, Bolsonaro and the Pandemic.
He was elected in a broader coalition with previous rivals, but with a slim margin.
Bolsonaro used State power 1/
And all the resources he could get his hands on to try to win. He has yet to concede (maybe he won't?).
Lula likely won't abandon his party's focus on reducing inequality, but the broader context and his coalition point to an even more moderate govt than 2003.
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This is a different "moderate" than most centre-left western leaders, however. Lula is less focused on diversity signaling and more on substantive economic policies that benefit working people as well as minorities. 3/4