Estava olhando meu bebê brincando num parquinho domingo e tive certeza que ele era o mais lindo de todos. Tinha todo tipo de criança. Tinha loira, morena, careca, cabeluda. Menino, menina. (1/10)
Tinha também deficiente, torrada do sol, ruiva, suja de barro… enfim. Muitas crianças mas eu tinha certeza que a minha era a mais linda de todas. E sabe o mais louco? (2/10)
Que com certeza a mãe de todas as outras crianças tinha a mesma certeza: seus filhos eram para elas os mais lindos do mundo.
Passamos a manhã de hoje numa psiquiatra infantil que categorizou nosso bebê como autista. (3/10)
Ele ainda não tem o diagnóstico definitivo porque ainda é muito bebê, mas por enquanto, está nessa categoria. Me incomoda que ela não viu o bebê maravilhoso que ele é. Faz parte do trabalho dela investigar que Nicolas não olha nos olhos, não olha quando é chamado, (4/10)
não interage muito, tem uma fala atrasada para a idade e tem seletividade alimentar muito grave. (5/10)
Quantas mães naquele parquinho no domingo precisaram mostrar a intimidade de suas famílias e seus filhos (mais lindos do mundo) para uma estranha analisar se tinha algo errado com eles?
Minha vontade era dizer: você não vê como ele brinca do jeitinho dele? (6/10)
Como ele enfileira os animais e diz a cor de cada um do jeitinho dele? Te é verde, om é marrom, arru é amarelo. Você não vê como ele se comunica bem apesar de falar tão pouco? E como ele é carinhoso mesmo não olhando nos olhos? Às vezes quando ele me vê, vem correndo, (7/10)
abraça minhas pernas e fala: achou! Tudo do jeitinho dele. Pode ser um grande sinal de alerta para uma psiquiatra infantil, mas pra mim é o jeitinho mais lindo do mundo. (8/10)
A médica foi ótima e de uma sensibilidade incrível e mesmo assim me senti o tempo todo culpada sendo que nem é minha tarefa fazer ele olhar nos olhos ou comer de tudo. A culpa me bateu forte porque autismo é genético, e como sabem eu mesma sou autista. Como já disse, (9/10)
ela foi ótima e muito sensível, mas mesmo assim me senti expondo meu bebê para uma estranha analisar quão esquisito ele era. Para mim ele pode ser autista, mudo, manco, verde, tanto faz. Ele sempre será o bebê mais lindo, carinhoso e perfeito do mundo. (10/10)
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Estava no mercado segurando meu filho de dois anos para ele parar de correr entre os produtos e as pessoas, quando me deparei com uma grávida. Ela parecia exausta e com certeza estava no terceiro trimestre. (1/8)
Nada mais esperado que estar exausta mesmo! Nos olhamos por alguns segundos. Ela ali, com certeza na maior expectativa de sua vida para conhecer logo seu bebê. E eu ali, dois anos depois do momento em que ela estava, tentando controlar meu pequeno furacão em público. (2/8)
Fiquei pensando em quanta coisa queria dizer para ela e também para mim no final da gravidez. Confesso que durante toda gravidez eu só pensava em parto. Ficava o dia todo estudando e lendo relatos de parto normal. Nem me preocupava com o que viria depois. (3/8)
Ainda me lembro da vez que pus uma fantasia nele, que ele odiou. Assim que pus ele começou a chorar e falar aiai. Está fazendo manha, alguém me disse. Ignore que ele para, alguém me disse. Ignorei e fiz ele usar a roupa o dia inteiro, mesmo odiando. (1/9)
Só no fim da tarde fui perceber que ele estava com o pescoço vermelho e cheio de marcas porque o zíper da roupa estava machucando. Não era “manha”, era um pedido de ajuda. Ele estava com dor e eu o ignorei :(
Certo dia, toda vez que botava o tênis, ele dizia (2/9)
aiai e tentava tirar. Está fazendo manha pra por o tênis, alguém me disse, só ignorar e pôr o tênis. Lembrei do dia da fantasia e não consegui ignorar. Nesse dia deixei ele descalço mesmo. Qualquer menção ao tênis ele falava aiai e apontava o pequeno pé. Só fui (3/9)
Estava vendo fotos da minha casa antes de ter criança e…caramba! Não tinha uma pilha de fraldas no canto do sofá, ou uma montanha de brinquedos no chão da sala. Nem tinha um quarto (1/9)
de bebê e muito menos tanta roupinha no varal. Não tinha uma mini vassoura do lado da vassoura, nem um termômetro de testa e um pato de borracha na cômoda ao lado da minha cama.
O bebê vem como um pequeno furacão e junto com ele chegam muitos objetos. Já parou (2/9)
pra pensar? Às vezes fico olhando e pensando que é muita coisa. Três tipos de sugador de nariz até achar o ideal. Disso não me arrependo, o redondo faz o trabalho lindamente (já fiz até um post ensinando). E os diversos pacotes de fralda de todas as marcas e tamanhos (3/9)
Existe o chulé e existe o mini chulé. E não falo de mini chulé me referindo ao mini pé. Falo do cheiro desse mini pé mesmo. Uiuiui, ninguém me avisou que bebês podem ter chulé. A (1/7)
verdade é que descobri que assim que passam a usar meias e tênis, bebês por ter sim um mini chulé. E que chulé! Misericórdia! Sai de perto!
Meu bebê andou com 11 meses e usa tênis quase todo dia desde então. E é por isso que eu virei especialista em mini chulé. (2/7)
As meias do nico têm realmente um cheirinho azedo. Socorro! Acaba que eu troco de meia nele pelo menos uma ou duas vezes por dia, porque vivem suadas. Mas também, para o tanto que esse menino brinca o dia todo lá fora…
Tem muito texto sobre mãe de autista e sobre autista leve, mas esse é o primeiro que eu mesma vejo sobre mãe autista nível moderado. Tudo começou quando tive o diagnóstico de depressão perinatal no oitavo mês da gravidez. (1/8)
Mas após o parto as coisas foram ficando cada vez mais estranhas e a psiquiatra começou a desconfiar que tinha mais coisa ali. Infelizmente ela exigia um ano de acompanhamento e mais um mês de avaliações neuropsicológicas para dar um diagnóstico. Sem saber o (2/8)
que eu tinha e qual a gravidade, o primeiro ano da vida do meu filho foi com certeza o pior ano das nossas vidas. Meu marido assumiu sozinho todos os cuidados com o bebê, inclusive de madrugada, e eu cuidava “só” da amamentação. Foi assim que a amamentação virou (3/8)