Tá rolando uma imensa treta no campo nacionalista, tendo como pano de fundo a disputa sobre oq fazer após o desastre eleitoral da candidatura de Ciro Gomes, na qual os nacionalistas depositaram suas esperanças no ano passado. Senta, que a thread é longa. 🧵
Não é segredo pra ngm a obsessão de Ciro Ferreira Gomes com a Presidência da República. Rompeu com o PSDB, pelo qual foi Ministro da Fazenda no auge do sucesso do Real, justamente pra construir sua primeira tentativa em 98.
Na 1ª tentativa, Ciro fez um bom papel e fechou em 3º lugar naquele pleito. Quase provocou um 2º turno. E saiu com boa imagem. Oq o tornou o desaguadouro natural para qm não queria Lula ou Serra em 2002.
A Frente de Ciro em 2002 incluía o PDT de Brizola, que havia sido vice de Lula em 98, o PTB de Bob Jeff e setores dissidentes do então PFL, putos com o PSDB após Serra e FHC usarem a PF para sabotar Roseana Sarney, então a líder nas pesquisas.
Na Bahia, Ciro tinha Antônio Carlos Magalhães. Sarney piscou no Maranhão. As pesquisas mostravam a curva de crescimento. Serra era um candidato sem sal, açúcar, pimenta ou qualquer outro tempero. Parecia certo que Ciro iria ao 2º turno contra Lula, c/ grandes chances de vencer.
E então o Brasil conheceu a faceta fio-desencapado do líder cearense. Em entrevista a uma rádio baiana, Ciro chamou uma humilde senhora que ligou fazendo uma pergunta de burra.
A pá de cal viria qndo foi perguntado sobre o papel de sua então esposa, Patrícia Pillar, na campanha Presidencial: “dormir comigo!”, disparou Ciro. Serra explorou os episódios na TV à exaustão e Ciro derreteu. Fechou em 4º lugar, atrás de Garotinho.
No 2º turno, Ciro hipotecou apoio a Lula. Oq lhe garantiu a cadeira de Ministro da Integração Nacional. Emtretanto, a obsessão Presidencial seguiu. Brizola e o PDT, por exemplo, romperam com o PT ainda em 2003. Ciro ficou. Inclusive pós-Mensalão.
O apoio a Lula, Ciro imaginava, seria o atalho para a Presidência. Não rolou. Pq o PT, como todo e qualquer partido político de sucesso, tem vocação hegemônica. Caíram Dirceu e Palocci: Lula inventou Dilma. Ciro foi escanteado.
Em 2009, Ciro foi para o PSB sonhando ser candidato Presidencial. Teve as asas cortadas pelo lulista Eduardo Campos, dono do partido. Nos anos seguintes, ainda perambularia no nanico PROS. E acabaria por encontrar acolhida ao seu projeto Presidencial no PDT.
Dr. Tancredo Neves dizia que Presidência da República não é projeto: é destino. Ele próprio acabou vítima de seu adágio: subiu a rampa do Palácio do Planalto dentro do próprio caixão. Ciro fez da Presidência uma obsessão: não rolou.
Em 2018, Ciro teve a 2ª melhor chance de sua vida (a 1ª foi em 2002) de se tornar Presidente. Lula lhe ofereceu a vice e a cabeça de chapa se fosse retirado da disputa. Ciro chamou o arranjo de “farsa” e o recusou. Lula inventou seu 2º poste, Fernando Haddad e patrolou Ciro.
Msm assim, 2018 foi uma campanha ok para Ciro. Dialogou com qm não era Lula ou Bolsonaro e fez 12,47% dos votos, com quase 13,5 milhões de brasileiros sufragando seu nome.
Os anos seguintes, no entanto, mostraram um Ciro errático e perdido. Não mostrou a capacidade, o talento e a obsessão de Lula para construir seu partido. Em Lupi não conseguiu encontrar seu Zé Dirceu. E o sonho de João Santana ser seu Duda Mendonça foi só isso: um sonho.
E é justamente nesta fase que vai entrar o campo nacionalista. Um campo político que pode ser comparado a um bebê que ainda engatinha. Escanteado desde a Nova República em 1985, o nacionalismo ficou identificado ao período autoritário militar.
Poucas figuras tentaram resgatar o nacionalismo político desde então, a maior parte delas, figuras folclóricas. A maior delas, certamente, é o finado Dr. Enéas Carneiro, um meme ambulante antes da existência das redes sociais.
O bolsonarismo teve a habilidade de combinar o udenismo e o moralismo atávico da classe média, em pleno período áureo da Lava-Jato, com o uso de símbolos nacionais, justamente uma das bases do movimento nacionalista. E esta combinação o levou à vitória contra o petismo.
E eis que o Ciro de 2018 à 2022 tenta obsessivamente tomar estas bandeiras das mãos bolsonaristas. Esteve com o @MBLivre na manifestação pelo impeachment em 12/09 de 2020. E buscou nas redes nacos de dissidentes bolsonaristas que pudessem ser seus Carluxos.
É nisso que surgem figuras como Gustavo Castañon e a famigerada “Turma Boa”, que replicariam nas redes, em favor de Ciro, oq minions e petistas faziam por Bolsonaro e Lula. Na prática só vimos uma caricatura grotesca.
Não critico Ciro por ter ido com qm foi p/ as eleições. Política se faz com aquilo q se tem. Havia pouca coisa de qualidade disponível. Talvez valesse ter aproveitado o 12/09 e investido tempo e paciência na construção de um diálogo c/ o MBL. Não foi feito. O resultado está dado.
Desde a reta final do 1º turno Castañon surtou. Passou a acusar meio mundo no PDT de ter “se vendido” para o PT e Lula. Criticou de modo pesado, ainda que indireto, o trabalho de marketing de João Santana e político de Carlos Lupi.
No 2º turno, Castañon vestiu o seu óculos escuro e passou a fazer arminha. Passado o pleito, passou a disseminar discursos conspiracionistas sobre as urnas eletrônicas. E chegou ao limite defendendo o 8 de janeiro como reação legítima.
Seu movimento é claro: com Ciro fora do jogo, tenta pegar carona no barquinho bolsonarista. Para dar legitimidade ao movimento, ataca outros setores c/ sendo de “vendidos” ao petismo. A entrada no Gov. Lula seria a prova da “traição” a Ciro durante a campanha.
É um raciosímio (a palavra é esta msm) que não para em pé. Então esse msm Ciro, que em 2003 entrou no Governo Lula, teria traído a própria campanha em 2002? É papo de maluco e só cola com qm não entende absolutamente NADA de política. Oq é o grosso do público nas redes sociais.
O PDT elegeu Deputados, Senadores. Tem Prefeitos espalhados pelo Brasil. Precisa sobreviver. O próprio Ciro não fez nenhum reparo ao apoio a Lula no 2º turno do ano passado: pelo contrário. Apoiou oficialmente. Apenas não se engajou na campanha.
Mas Castañon e seu entorno não está mais em qualquer projeto político de Ciro, do PDT ou msm do nacionalismo. Seu projeto PESSOAL é claro: acoplar no bolsonarismo e tentar manter alguma relevância. Um clássico oportunista das redes, sem maior compromisso com o mundo real.
É nesse contexto que se dá o diálogo aberto por Castañon com o marginal @kimpaim, um pilantra fascistóide que comete seus crimes contra o Brasil na segurança da distante Austrália.
Tbm é neste contexto que a agora reduzida maquininha de redes de Castañon realiza a tentativa de destruição de reputação de nacionalistas respeitados como @anitablian e dirigentes trabalhistas históricos como @antonionetopdt.
Oq Castañon quer é se cacifar junto ao bolsonarismo. Mostrar alguma relevância. E purgar seus pecados atacando aliados. Já vimos este filme repetidas vezes com quadros que saem do MBL e fazem do ataque desenfreado aos antigos amigos a senha para serem aceitos pelos bolsonaristas.
O drama do campo nacionalista, um bebê que ainda engatinha, é esta proliferação de oportunistas, malucos e fascistóides, que usam a defesa da causa nacional como mero trampolim para seus projetos pessoais.
Doidos de pedra se juntam e, roubando a bandeira da causa nacional de seus legítimos donos, o povo brasileiro, acabam por confiná-la num gueto.
Se o nacionalismo pretende ter alguma relevância, figuras assim precisam ser combatidas, derrotadas e jogadas ao esgoto da onde nunca deveriam ter saído. É isso ou se conformar com ser um Enéas Carneiro pela eternidade.
Ser o Enéas é um bom negócio para meia-dúzia. Mas mantém o Brasil refém da hegemonia neoliberal de direita e de esquerda. Subdesenvolvido. Desindustrializado.
Castañon, Paim, Fascistóides tarados pelo Putin e malucos de Chapéu de Alumínio não ligam: pra eles, a bandeira do Brasil é só um símbolo para enganar otários e lhes garantir alguma grana, empregos e expressão nas redes.
Da minha parte, a convicção nacionalista e o futuro do Brasil são mais importantes. E enfrentar esta gente, criando um nacionalismo sadio, relevante e de massas é uma tarefa que não encontrará sua recompensa de modo pessoal, mas em um país melhor para meus filhos e netos. FIM.

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