Tenho fixação por figuras públicas decadentes e/ou bizarras (sim, eu sei, informação inútil).
Um exemplo é o Inri Cristo - pesquisei matérias dos anos 80 e descobri muita coisa interessante:
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1. Nasceu em 1948 na cidade de Indaial, SC, com o nome de Álvaro Theiss (mas o cartório errou a grafia e fez constar o sobrenome Thais)
2. Estudou na escola Adolfo Konder, em Blumenau, que teve que abandonar precocemente (no terceiro ano do ensino fundamental).
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3. Aos 13 anos, fuiu de casa, trabalhando como verdureiro, padeiro e entregador em outras cidades, mudando de domicílio constantemente. Ficava até um ano sem visitar os pais.
4. Os pais o consideravam louco e tentaram interná-lo num hospital psiquiátrico.
5. Mudou cedo para Curitiba, casou e teve um filho aos 17 anos e uma filha aos 19, se separando logo depois
6. Passou a viver uma vida nômade como agiota e aplicando golpe de falsas rifas em cidades do sul do Brasil, sendo preso pela primeira vez aos 20 anos.
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7. Aos 21, decidiu mudar de ramo: se tornou astrólogo, com a alcunha de Yuri de Nostradamus, mas continuou aplicando golpes, deixando de pagar contas nas cidades pelas quais passava.
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8. Aos 31 anos, nova mudança de rumo: passou a se identificar como filho de Deus, com o apelido Inri Cristo. Previu o fim do mundo para 1982.
9. Queimou todos seus documentos e passou a dizer que nunca tinha sido registrado e que teria vivido num orfanato até os 12 anos.
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10. Por incrível que pareça, conseguiu novos RG, CPF e certidão de nascimento com o apelido divino.
11. No início de 1982, ele comandou uma trupe de milhares de pessoas e invadiu a Catedral Metropolitana de Belém, o que ele chamou de ato libertário fundador da sua igreja.
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12. Em 1986, foi pego roubando tijolos do zoológico de Curitiba para uma obra no seu templo.
13. Em suas viagens internacionais, trazia dólares escondidos, que ele vendia com grande lucro aqui.
14. Queria mudar o nome do Brasil para "Estados Unidos de Israel".
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15. Quando bêbado, dizia a seus discípulos o quanto admirava Rasputin e Hitler (literalmente guardava o Mein Kampf na cabeceira da cama).
16. Foi preso mais de dez vezes.
17. O RG com no nome inventado acabaria sendo cancelado.
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18. Seu filho, Kissao Thais (sim, a mãe era nissei), para sua sorte, não foi criado pelo pai e desenvolveu uma carreira oposta: estudou direito na UFSC, leva uma vida discreta e é um dos diretores do Clube de Diretores Lojistas de Florianópolis.
FIM
Adendo: considerem-me o CulturalTutor do mundo bizarro.
Adendo 2: há 3 anos, um outro perfil aqui já relatara de forma detalhada e magistral o episódio na Catedral de Belém.
Não bastasse o Prime Video agora ter intervalos comerciais nos filmes, ainda estão me bombardeando com um vídeo do governo federal dizendo que ele tirou "um estádio por dia do Mapa da Fome" (resultando em ~30 milhões)
Isto é desinformação pesada:
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1. O governo se baseia nisto aqui - que tem um problema gritante: os dados não foram coletados seguindo a mesma metodologia (nem pelo mesmo instituto).
Não esqueçam deste mantra:
NÃO SE COLOCA DADOS COLETADOS DE FORMA DISTINTA NUMA SÉRIE HISTÓRICA.
JAMAIS!
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2. Lembrando que a PNAD, PNAD contínua e Pesquisa de Orçamento Familiar foram executadas pelo IBGE. Já a Vigisan foi encomendada pela Rede Penssan e executada pelo Vox Populi.
Em jan/25, RFK Jr. disse que, no início dos anos 60, 2% das crianças sofriam de doenças crônicas - e hoje em dia seriam 66%.
Agora ele disse que eram 3% da população de então e 60% hoje.
Isto é real?
Vem comigo num exercício sobre premissas básicas de análise de dados:
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1. Ele não disse de onde saíram os números, mas o que se sabe é que, entre 62 e 63, o NHS conduziu uma pesquisa para ver como os americanos julgavam a sua própria saúde - e lá consta que 44% das crianças tinham doenças crônicas. Algo distante de 2%, não? ⬇️
2. E quanto ao número atual em adultos? Parece que ele tirou o número de uma publicação de 2017 da Rand Corporation: nela, consta que 60% dos americanos adultos têm alguma condição crônica.
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Sobre a investigação do esquema de desvio de dinheiro de aposentados, decidi focar na maior entidade investigada: o Sindicato Nacional de Aposentados e Pensionistas. Tem várias camadas MUITO estranhas.
Vem comigo:🧵
1. Comecemos pelo registro da pessoa jurídica: a matriz do Sindinapi fica em São Paulo, na Rua do Carmo, 171 (o número é apenas coincidência, OK?) e está registrado como uma Entidade Sindical.
OK até aqui.
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2. Ao consultar o CNAE correspondente, há várias subclasses - mas elas se referem a empregadores e assalariados apenas. Nenhuma menção a aposentados.
Os antivaxxers estão numa cruzada para comprovar a ligação de vacinas com autismo - claro, sob influência do seu líder supremo, RFK Jr.
Para tanto, estão circulando o impactante gráfico abaixo.
Mas, para variar, seu fervor os deixou cegos.
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1. O próprio gráfico dá a dica: notem que o período pós-2000 está sombreado em cinza - são os dados colhidos pelo CDC. Mas e os dados de 1970, 1985 e 1990?
São dados colhidos de estudos (o de 70 é do Wisconsin, os outros não sei) - ou seja, não têm a mesma metodologia. ⬇️
2. Repitam comigo:
Não se plotam dados coletados de maneira distinta como sendo de uma série histórica apenas. NUNCA.
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Em 2024, o governo divulgou que a alfabetização retornara ao nível pré-pandemia.
No entanto, nesta semana saiu o resultado do SAEB com a avaliação da alfabetização no 2o. ano do EF, com um desempenho pior.
Afinal, o que aconteceu? Quem está certo?
Vem comigo que é pavoroso:
1.Os dados apresentados em 2024 (ref. ano-base de 2023) eram do programa Criança Alfabetizada - que usa outra metodologia do SAEB (que ainda não tinha saído), usa a população total de alunos, não uma amostra. Foi definido como novo índice oficial.
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2. O SAEB vinha sendo coletado para alunos do segundo ano do ensino fundamental desde 2019, com frequência bienal. Os dados de 2021 já estavam disponíveis, os de 2023 ainda não.
E o que o Ministério da Educação fez? Preparem-se...
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Você certamente já ouviu falar que 70% dos alimentos na mesa do brasileiro vem da agricultura familiar, certo?
Um percentual impactante - mas está correto?
E de onde veio?
Vem comigo que descobri algo interessante:
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1. Para começar, algo que chama a atenção é o uso dos mesmos termos (principalmente o "mesa dos brasileiros") em quase todos os artigos que fazem menção a isto - o que, para mim, deixa claro que está assim na fonte original.
Mas qual seria a fonte citada?
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2. Frequentemente cita-se o IBGE, ou, quando mais específico, o Censo Agropecuário de 2006 (o primeiro volume, referente especificamente à agricultura familiar) - que seria publicado apenas em 2009.
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