É meu sonho um dia terminar o meu dia, abrir uma cerveja e ir jogar videogame.
Creio que não faço isso desde 2015, se duvidar antes.
Quer saber porque? 👇
Nos meus 3 primeiros empregos eu tomei a postura que todo mundo toma. Vou fazer as 8hs diária valer a pena, vou fazer o meu máximo e depois vou descansar em casa.
Resultado? Não deu certo. Minha carreira estava indo por água abaixo.
Em 2015 a empresa que eu estava quebra e eu entro em "crise de meia idade". Minha carreira não tinha andado da forma como eu desejava. Fiquei o ano me reavaliando, eu tinha aceitado um salário R$ 200 abaixo do que recebia na empresa que faliu.
Eu passei o ano olhando para os outros, conversei muito e vi que muitos cresciam porque abraçavam as oportunidades que surgiam.
Aí eu olhei pra mim. A PORRA DA OPORTUNIDADE NUNCA SURGIA!!!!
Cara, isso me soou um alarme na cabeça. Porque não tinha projeto bom aparecendo pra mim? Porque eu só entrava em projeto cagado, arrumava a casa e depois ia pra outro projeto cagado? Porque depois que a casa tava arrumando, o cara que assumia meu lugar ganhava prêmio da empresa?
Eu não entendia!!!!
Será que era alguma coisa que eu fazia errado? Ou será que era por ser quem eu sou?
Naquele ano estava em uma empresa que me oferecia bons feedbacks semestrais e todo feedback dizia a mesma coisa "o time não gosta da maneira como me comunico".
OK! Você já deve estar pensando que tem algo errado na maneira como eu me comunico, não? ERRADO!
Antes de tudo você precisa saber que eu sou nordestino. E naquele ano eu soube que tinha que abandonar o jeito que eu falava.
No dia em que eu percebi isso eu me vi como nordestino. Minha mãe era paulista, eu tenho uma família italiana gigantesca (e vai ter festa de reunião da família em julho 🍷🍻🍝), logo eu não me via como nordestino.
E qual é a implicação disso?
Eu tinha que ser foda!
Não bastava eu ter feito Engenharia de Computação na Unicamp. Eu tinha que estar preparado para absolutamente tudo.
Mas eu tinha outro problema: TODOS OS PROJETOS QUE EU TINHA TRABALHADO ERAM MEDÍOCRES.
Isso não era culpa minha, ninguém me colocava nos projetos legais.
Solução: mudar de empresas! DEU ERRADO! Empresa de merda, assédio moral. Fui Tech Lead por 1 mês, o outro Tech Lead falou que não gostava de mim e começou a me boicotar.
Nessa hora eu vi o pior que a xenofobia pode fazer.
Solução: largar o emprego e procurar outro.
Passei em uma vaga na Samsung! Fui o primeiro brasileiro a ser aprovado no teste deles de primeira. Fizeram proposta e nunca me chamaram pra assinar a carteira.
Porque? Me disseram depois que um cara de lá não gostava de mim.
O que eu fiz pra ele não gostar de mim? Absolutamente nada! Xenofobia.
Interior de SP é foda. Desisti. Emprego só na capital.
Nessa época eu já tinha acompanhado todas as palestras do QCon, todas as conferências. Eu estava tentando ser o melhor cara de #Java possível. Comecei a ler tudo de Microsserviços (tava na hype). Estava estudando absurdo sobre Arquitetura, li toda série SEI do Len Bass.
E depois de 6 meses de procura arrumei uma vaga de Arquiteto Java.
Mas mesmo assim o time de dev, que ficava no estado mais xenofóbico do nosso pais, entrava em atrito o tempo inteiro.
Eu desenvolvi uma paciência de monge na época. Pessoal do time de SP até brincava com isso.
Desde essa época minha carreira entrou em ascendência, mas eu não meu dou ao luxo de tomar uma cerveja no fim do dia.
Escrevo, fiz especialização em IA, MBA e agora mestrado.
Ah... Sabe porque eu fui contratado como arquiteto?
Porque o meu chefe era filho de nordestinos.
Todo esse tempo eu me pergunto "como teria sido a minha carreira se eu fosse paulista?".
Creio que teria sido completamente diferente. Me lembro de alguns que estavam ao meu lado, e eram bem medíocres que foram para projetos legais.
No meu primeiro emprego nós ganhamos uma concorrência de um projeto na Motorola. Eu e o "cara negro do time". Quando foi para o projeto começar o time passou 1 mês em São Francisco. Advinha quem foi? Exatamente! Ficamos nós dois com a missão de entregar o que precisar.
A história de "eu me ver como nordestino" está bem simplificada. Teve muito idas e vindas porque se "ver como nordestino" é saber que os outros vão usar todo o preconceito possível contra você.
Isso me lembra uma entrevista de emprego em 2017 que o cara NA CARA DURA perguntou "como um piauiense entra na Unicamp".
Na hora eu travei. Não soube responder. Depois quando fiz meu MBA pediram o "histórico escolar" e um cara falou que nunca tinha pedido o dele.
Sempre pedem o meu. Não importa o que aconteça. Já até perguntaram "mas você fez mesmo Unicamp?!?!".
E se você leu até aqui. Não sinta pena de mim não. O passado é o passado, agora minha carreira está em uma boa fase. Estou fazendo o que gosto, aprendendo muito e crescendo.
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Recebi muitas mensagens por DM e várias respostas. Muito obrigado a todos. Eu não imaginei que ia repercutir tanto.
Vi que muitos estão hoje na situação que eu estava em 2012-17.
O que tenho a dizer?
Não desanimem, continuem se preparando. Aquele relato é o resumo de uns 15 anos da minha vida. Nos últimos 4 anos eu tenho colhido o fruto do tempo investido.
Recebi também muitas criticas. Muitos dizendo que eu tava de mimimi, outro disse que era a receita do burnout.
Eu já tive um burnout pra chamar de meu, foi em novembro de 2016. Desde então sei o momento de desligar. Isso é muito importante! Saiba o momento de desligar.
O meu é fim de semana. Sexta é dia de ver um filme e tomar um vinho.
@marcelojscosta A diferença é que eu tinha um curso de 3hs para preparar e não tive tempo de preparo suficiente e quando foi apresentar estava moído. 😅
O que acontece é que .all() retorna um objeto que será usado dentro de um contexto especifico. Ele não será um objeto de vida longa, não é um Pojo e deve ser fechado.
E qual uma solução boa?
Eu pensei em algumas. Porque não usar um padrão funcional? Dá pra implementar isso em Java 4, só não usar Lambdas.
Eles faziam perguntas simples como o número de pessoas que morava na residência, o número de TVs e o número de banheiro.
No nosso caso eram 17 pessoas, uns 5 banheiros e umas 3 TVs.
Resultado? Todos os 17 eram considerados classe A.
A verdade? Todos eram classe C.
Porque isso?
Porque éramos erros estatísticos! Quantos jovens de classe C existem morando em uma casa que cabe 17 pessoas? Provavelmente muitos, mas é um número insignificante para se definir políticas publicas.