Precedida pela Lei Eusébio de Queirós, que proibiu a entrada de africanos escravizados no Brasil, Lei do Ventre Livre, que libertou todas as crianças nascidas de mães escravizadas e Lei dos Sexagenários, que tornou livre todos os escravizados com sessenta anos de idade ou mais, +
a Lei Áurea, ou “Lei de Ouro”, que juridicamente fez encerrar um regime de durou aproximadamente 358 anos, conta agora 135 anos. +
Entretanto, o que a história branca não conta, mas nós negros fazemos questão de gritar aos quatro ventos, é que, antes desse documento que contem nem 10 linhas ser assinado, movimentos abolicionistas, revoltas, levantes, lideradas por homens e mulheres negras, +
serviram de combustível efetivamente para a abolição da escravatura tão reinvidicada. Nomes como o de André Rebouças, Luísa Mahin, Zumbi dos Palmares, Luís Gama, José do Patrocínio, Tereza de Benguela e Joaquim Nabuco desempenharam funções importantes no ativismo pela abolição, +
bem como outros que a história apagou. Por falar em apagar, é válido ressaltar que o ministro Ruy Barbosa mandou queimar todos os documentos sobre a escravidão. Não por vergonha, mas por achar que o que aconteceu “manchava” a nação. +
Trazer à luz acontecimentos históricos protagonizados por figuras negras, bem como narrar sobre suas biografias, pensamentos e ideias é mais do que ir contra uma história única e brancocêntrica, é transgredir, promover uma ruptura profunda e +
necessária para fins de descolonizar pensamentos (libertar mentes de uma ideologia racista e dominante que nos separa de quem nós somos). +
Nós, descendentes de povos plurais africanos, além de termos sido separados de nossas raízes, línguas e culturas, fomos vítimas de políticas de n cidadania, n obtendo direito à terras, trabalho remunerado, tampouco a sociedade foi pensada p/ q fôssemos verdadeiramente parte dela+
Promoveram políticas de embranquecimento, desumanizam-nos ainda mais a partir do racismo científico, ideias eugenistas… com um único objetivo: exterminar nossa existência. Abdias Nascimento chamou de genocídio. +
E concordo plenamente com ele. Democracia racial? Nunca houve. Nem a redemocratização do Brasil, pós-ditadura, chegou até nós. +
Por isso, não existe branco salvador nem nunca existiu. Quem lutou, resistiu e segue se aquilombando para fazer o racismo dar errado, todos os dias, somos nós, povo preto. Estamos tomando a política, o parlamento e demais espaços de poder, porque só assim +
vamos alcançar a redemocratização que tanto aguardamos neste país. A reparação precisa ser material sim, mas também precisa ser histórica. Nunca mais vão contar nossa história sem nós. Como diz Conceição Evaristo, "Eles combinaram de nos matar, nós combinamos de não morrer".
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
O caso do Miguel deveria ter feito esse país pegar fogo. O menino, que tinha 5 anos, caiu do 9º andar de um prédio de luxo no Recife, em 2020. Desde então, sua mãe, Mirtes, reinvidica à Justiça a responsabilização de Sarí Gaspar Corte Real, uma mulher branca. #JusticaporMiguel
Durante todos esses três anos, muita coisa aconteceu. Inclusive, ações absurdas, como um juiz solicitar que Mirtes e Marta Santana, mãe e avó de Miguel Otávio, fossem investigadas por indícios de maus-tratos, humilhação, racismo e cárcere privado contra a criança.
Além disso, a justiça negou pedido de prisão pra Sarí Corte Real, que foi condenada a 8 anos e 6 meses pela morte de Miguel. Essa dor que Mirtes sente nós, mães de vítimas, também sentimos indiretamente. E por isso não podemos descansar enquanto essa mulher não for presa.
É impossível negar os impactos do racismo na construção das subjetividades da população negra. Afinal, você entender o que é ser uma mulher negra é um processo muitas vezes doloroso e de perda +
Quando me percebi dessa forma, consegui ver o que o racismo é capaz de fazer em nossas vidas. Meu filho, Rafael da Silva Cunha, não tinha um nome para o Estado. Ele era um número. Eu vi o que eles fazem com a gente: ELES TIRAM NOSSA IDENTIDADE +
Nessa quinta, 11, pela manhã, estive na Uerj para falar sobre os impactos da violência armada na saúde mental de crianças e jovens faveladas, pelo fórum ampliado sobre a saúde mental da população negra +
26 de julho: Há 30 anos acontecia um dos crimes mais chocantes da década de 1990 no Brasil: a chacina de Acari. As mães das vítimas se organizaram num movimento que é referência para familiares de vítimas do Estado: as mães de Acari. Segue o fio 👇🏿
As vítimas da chacina foram Antônio Carlos da Silva, Cristiane Leite, Edson Costa, Hédio do Nascimento, Hudson de Oliveira, Luiz Henrique da Silva, Rosana Souza Santos, Viviane da Silva, Wallace do Nascimento, Luiz Carlos V. de Deus e Moisés Cruz.
Os jovens dormiam num sítio em Suruí, onde passariam o final de semana, quando homens armados invadiram o imóvel alegando serem policiais e pedindo joias e dinheiro. Os criminosos sequestraram 11 das 13 pessoas que estavam no imóvel. Todas as vítimas moravam na favela de Acari.
Você sabia que na data em que se comemora o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha também é celebrado o Dia Nacional de Tereza de Benguela? Segue o fio👇🏿
No Brasil, a Lei n° 12.987 de 2 de junho de 2014 instituiu 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza foi uma importante liderança quilombola.
Ninguém sabe ao certo quando e onde Tereza nasceu, sabe-se que ela viveu durante o século XVIII e após a morte de seu companheiro, José Piolho, passou a chefiar o Quilombo do Piolho – também conhecido como Quilombo do Quariterê.